Aedos Gregos
Por: João Victor • 7/7/2018 • Ensaio • 1.399 Palavras (6 Páginas) • 227 Visualizações
João Victor Samora da Silva
Cursando: 1º Período de História
RESUMO
Referência: MORAES, Alexandre Santos de. Seria o canto dos ‘aedos’ um trabalho? In: LESSA, Fabio de Souza (org.). Poder e Trabalho: experiências em História Comparada. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008, p. 105-119
Tema do Texto: Seria o canto dos Aedos um trabalho
Objetivo: através do mito de Hermes e Apolo, buscaremos justificar o surgimento dos aedos gregos do Período Arcaico, e de fato responder se a atividade exercida por esses poetas eram consideradas um trabalho.
O historiador helenista belga, Marcel Detienne, analisa as relações entre as divindades da Grécia Antiga, para a compreensão dos aspectos da vida e da sociedade, pois o mesmo não desconsidera o valor pedagógico que os mitos assumiam perante uma sociedade tradicionalmente oral. Os gregos buscaram a criação de um mundo acima do seu (no caso, dos deuses), seres superiores e dotados de forças, para explicar os problemas e conflitos vividos, para com aquela sociedade. E assim, acontece com Hermes e Apolo, no que diz respeito as récitas dos aedos gregos do Período Arcaico.
A tradução literal de “cantor” da palavra aoidós, é insuficiente para compreendermos de fato, quem foram esses “poetas orais”. Os aedos eram aqueles que, frequentavam os banquetes da aristocracia palaciana, recitando inúmeros mitos, fazendo uso de um instrumento de cordas para dar ritmo a suas epopeias. Acredita-se que, tenham sido os principais responsáveis pela criação, transmissão e construção de boa parte da cultura e da mitologia helênica. Assim, sua prática e atividade acabaram ganhando espaço naquele período, inclusive nas obras de Homero, onde possuíam uma grande importância perante a narrativa.
A atividade exercida pelos aedos se torna um quanto problemática quando comparada a noção de trabalho dos gregos, perante a noção capitalista e marxista que temos hoje de trabalho, até por que cada atividade desenvolvida pelos gregos tinha uma lógica religiosa, possuindo um simbolismo particular.
Durante o período arcaico, existiam alguns locus de trabalhos: agricultores, camponeses, artesãos e escultores, que se dedicavam todo o ano, arando a terra, esculpindo pedras e metais, para garantir o seu sustento, eram aqueles que possuíam a arte de Hefesto, sendo o Deus, um ferreiro, cuja de suas mãos eram produzidas as coisas mais belas, harmônicas e bem arquitetadas, inclusive a armadura do herói Aquiles na guerra de Tróia foi o ferreiro olimpiano quem a criou. Apesar de Hefesto possuir uma beleza exorbitante produzida por suas mãos, o Deus agregava uma estética horrenda, por isso a sua não perfeição perante os outros deuses olímpicos. Possuía sim, sua beleza, porém, baseada na forma e competência, dos mortais que possuíam sua arte. E finalmente as musas, que instruíam seus dons aos mortais que praticavam a perfeita ciência e adorável poesia. Contudo, existe uma diferença entre a atividade exercida pelos aedos e o trabalho exercido por um agricultor por exemplo.
No período clássico ateniense, viu-se a necessidade de um tempo livre-scholé, para que os homens pudessem se dedicar á atividades “importantes para a vida”, como a política e filosofia, seguindo então essa perspectiva, o trabalho é sempre visto como um impeditivo para a realização das tarefas que são consideradas importantes para a vida, trabalho este exercido pelos mortais cujo os deuses, não os consagraram com o dom e muito menos com seus próprios recursos.
Portando, a atividade exercida pelos aedos, era de fato um trabalho? Levando em consideração, a lógica de trabalho grega, sim. Agora, levando em consideração, a lógica marxista e capitalista vivida atualmente por nós, não. Com isso, resta compreender as questões simbólicas, compactuadas com a relação dos deuses na definição dessa atividade.
É neste contexto, que Mnemosýne, as musas, Apolo e Hermes entram em cena, divindades do Período Arcaico, sendo que Mnemosýne e as musas, oferecem referências divinas aos mortais. Já Apolo e Hermes são os legítimos representantes desta atividade exercida pelos poetas orais, chamados de aedos, sendo que ambos se assumem poetas inspirados nos Hinos Homéricos. Em tais hinos, existe um destaque especial para essas duas divindades, pois ambos os deuses, possuem os maiores hinos: o primeiro, com 590 versos; o segundo, 546 versos.
É curioso, pois as duas divindades possui uma relação muito próxima, que a mitologia explica isso. Hermes, através da arte astuciosa que possui, logo no seu primeiro dia de vida, após sair do ventre de sua mãe, Maia, decide furtar 50 vacas do rebanho de seu irmão Febo, e voltando a sua caverna, separa duas vacas e oferece suas carnes em sacrifícios aos deuses, e ao avistar uma tarturuga e observá-la com precisão, percebe o que pode fazer com ela, o astuto bebe, mata a tartaruga, e com o casco do animal e as tripas restantes das vacas sacrificadas, estica a pele das reses em torno do casco, fabrica cordas com as tripas e chaves para esticá-las com canas, acabava de nascer aí, a cítara ou lira, com ela produz sons perfeitamente justos, bem mais harmoniosos do que os da flauta de Pã inclusive.
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