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Arte do Sertão

Por:   •  11/4/2015  •  Projeto de pesquisa  •  12.702 Palavras (51 Páginas)  •  236 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CAMPUS RECIFE

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

                           

ARTE DO SERTÃO: AS MULTIFACETAS DAS EXPRESSÕES ARTÍSTICAS DO NORDESTE.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     

ORIENTADOR: ANTÔNIO ALVES PEREIRA DA SILVA SOBRINHO

ORIENTANDO/BOLSISTA: CLÉSTON FRANCISCO DA SILVA

PERIODO: 3º

Sumário

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 2

ARTE EM BARRO................................................................................................................................. 4

COURO.............................................................................................................................................. 9

MADEIRA......................................................................................................................................... 16

RENDA............................................................................................................................................. 20

XILOGRAVURA................................................................................................................................. 27

CONCLUSÃO................................................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................... 34

ARTIGOS/WEBSITES.......................................................................................................................35

QUESTIONÁRIO APLICADOS NA ENTREVISTA................................................................................36

ENTREVISTADOS......................................................................................................................... 37


Introdução

Imortalizada nas músicas de Luiz Gonzaga e sendo contada por poetas como João Cabral de melo Neto, a região nordestina, mais precisamente a mesorregião do Sertão, possui artesãos que demonstram peculiaridades históricas em suas artes. Maria da Cruz, Luís Benício, Joel Baiano, Sílvio Borges, dentre outros, que esculpem, curtem, bordam, na ânsia de representarem uma arte tolhida, muitas vezes, pelo véu da pouca fartura, pelo cansaço, pelo rústico em sua metamorfose para o rebuscado. Pessoas estas que tratam as suas peças como se elas tivessem vida própria e, embora alguns artífices não se destacando nas ribaltas culturais, ainda assim mantém o sentimentalismo pelo que foi feito por suas mãos. Essas que guardam o enigmático e o misterioso, em um jogo onde a linha tênue entre a realidade e o imaginário se mesclam.

 No entanto, onde se encontram alguns artistas como esses? Como ter conhecimento de suas obras? Por que seus feitos são distanciados? As perguntas são infindáveis e desembocam em uma conjuntura que perpassa o âmbito artístico e acena aos nossos tempos passados. Desde a pulsante colonização pelo litoral, afastando concomitantemente o gado para o semiárido -devido às plantações de cana de açúcar - o povo, o qual lidava com a pecuária, também teve o dissabor de ser movido de suas terras.

Criando características novas e peculiares, principalmente com influências indígena e negra, os sertanejos foram perdendo o contato com as novas formas de cultura, as quais, dialogavam com os litorâneos ao passar do tempo. Pois bem, mesmo sendo guiados ao limbo do ostracismo, os costumes, as crenças, os mitos, as histórias, os “causos” foram estampados, também, nas suas artes. Hoje, esses talentosos viventes sob os espinhos do cardeiro e do mandacaru esforçam-se para alcançar lugares de destaque, onde, na maioria das vezes, são fornecidos aos aspectos culturais mais refinados.

O barro nas mãos de Maria da Cruz, seguindo a tradição de Ana das Carranca; as madeiras sulcadas por Sílvio Borges e Luís Benício, projetando cenas bem típicas do Nordeste; o couro tratado por Joel Baiano e Adriano Cardoso e as rendas trançadas pela experiência de D. Odete. Esses, dentre outros, são descritos nas páginas seguintes como detentores de artes que atravessaram épocas, algumas até imemoriais. Uma amálgama orquestrada pela história artística dessas nuances artísticas. Afinal, como bem pontuava a arquiteta modernista italiana Lina Bo Bardi, há nessas obras uma “afirmação de beleza conseguida com o rigor que somente a presença constante duma realidade pode dar (...)”.

Alguns nordestinos/sertanejos conseguiram expandir suas artes além das terras interioranas, como os artífices descritos acima, isso é inegável. No cenário musical, a exemplo, tem-se Gonzagão, este que levou um pouco do Sertão para o Brasil afora. Ornado com sua sanfona branca e seu gibão, encantou os ouvidos dos que escutavam suas sinestésicas melodias harmoniosas, as quais, ainda hoje, ressoam na sociedade brasileira. Não obstante, em uma análise aprofundada, é perceptível observar que o modelo artístico nordestino ainda é pormenorizado, bem como descreve Maria da Cruz, em entrevista feita pelo autor.

 Alguns dos mais variados artífices desta mesorregião não conseguem, hodiernamente, alavancar suas obras. Afinal, quem irá reconhecer? Quem irá protagonizar a arte que só é lembrada nas práticas regionais? Poucos. Por isso, a suscitação desse movimento artístico encontra entraves e, justamente por essas causas, esse projeto irá explanar algumas formas artísticas dos artesãos da terra do xique-xique e, assim, demonstrar suas múltiplas nuances, uma vez que cada arte possui sua história, seus meios de como se obter a singularidade.

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