Artigo Padre Cicero
Por: MARCELIARED • 6/5/2016 • Artigo • 2.862 Palavras (12 Páginas) • 291 Visualizações
Padre Cícero, sua vida religiosa e política.
Marcelia Marini[1]
Adelar Heinsfeld[2]
Resumo
Este artigo irá tratar a vida e obstáculos que Cícero Romão Baptista passou, da criação popular de um povo com o seu mais novo mito de Juazeiro, sua infância no qual tem a sua primeira visão que o faz correr atrás de seus ideais até atingir suas metas, o misticismo vai marcar muito a sua vida, pois na segunda visão que o levará ao outro patamar e o introduzirá totalmente à vida religiosa. Começa então as reformas na Capela, o auxílio com a comunidade local de Juazeiro, até que um milagre acontece, de sua mão uma hóstia que é entregue na boca da beata Maria que era uma de suas ajudantes se transforma em sangue, assim inicia uma investigação, mas ele lutara por suas conquista e de seu povo até se aliar com a elite que todos temiam os Coronéis, sendo eles do Cariri cidade do Ceará, esses ajudaram em seus interesses, agora ele esquecerá um pouco de sua batina e se armará com capangas para com isso continuar sua luta. Através de pesquisa em biografias, artigos e de relatos do jornal O Estado,na época notamos a longa caminhada que o mesmo teve para ajudar seu povo, teremos várias fazes de um mesmo homem, o Padre Cícero religioso a político.
Palavra-chave: Padre Cícero Romão Baptista. Religião. Conflitos. Política.
Introdução
Padre Cícero Romão Baptista, esse era seu nome, uma figura que revolucionara sua época. Desde a sua adolescência já sabia o caminho que iria percorrer para atingir seu objetivo maior, o caminho da batina. Mas como irei demostrar neste artigo, muitos empecilhos surgirão.
Aclamado como o Padre do povo de sua região, que auxiliava a comunidade com o crescimento e trabalho, o mesmo intervinha com problemas locais de Juazeiro, demostrou ser polêmico, com seu milagre o faria desafiar a Igreja. Assim seus superiores abririam comissões para investiga-lo, um chamado do Papa o fez ir a Roma e logo acontece a sua suspensão e exílio de sua cidade querida.
Mas este obstáculo não o faz desistir de seus planos e com isso incorporou em sua vida o Padre Cícero político, que conquistaria o seu poder, através disto lutaria para o seu povo, e seria até mesmo um meio de reverter a suspensão.
Dividido entre a batina e a política, não desiste, cria sua própria Igreja agora situada na Serra do Horto, ali seria seu novo lar, que fica entre a cidade de Juazeiro e Crato e assim começa os conflitos da sua dupla vida.
Sua história antes da batina.
Em março de 1844, no sul do interior do Ceará, mais conhecida como cidade de Crato, nasce Cícero Romão Baptista, filho de Joaquim Romão Baptista e Joaquina Vicência Romana. Seu pai Joaquim, dono de comércio que vendia vários tipos de artigos do qual trazia o sustendo à sua família, sendo essa muito fervorosa no catolicismo.
Ao fazer uma análise em biografias e artigos, notamos que o povo que lá reside ou residiu criou uma história mítica sobre seu nascimento, chamando-o de o novo Jesus Cristo em alusão a história bíblica. Mas que desde pequeno, já existia a vocação em seu ser, adolescente teve um sonho ou visão reveladora, nesta época “órfão de pai, ouve em sonhos a voz deste, assegurando-lhe que Deus proveria os recursos necessários ao prosseguimento dos estudos”[3](MONTEIRO p. 53).
O autor Tarso Araújo, no artigo da Revista Super Interessante, nos fala mais da criação do mito e o mesmo cita um trecho que Rafael Rodrigues que é teólogo diz sobre o assunto, que neste artigo apresenta, no qual o povo o fez e criou desde o nascimento de Cícero:
Na falta de referências, os homens costumam usar como matéria-prima dos mitos o mundo real para responder essas perguntas transcendentais. Por isso, a cosmologia de cada grupo social é um reflexo da cultura e do momento histórico de quem a inventa. “Os mitos colocam o que é mais importante na cultura local com uma importância proporcional nos mitos de criação.”[4](Rafael Rodrigues Teólogo da PUC-SP)
Assim explicando como o povo necessita uma referência, adoração, muitas vezes no irreal para manter sua fé e transpor os acontecimentos ocorridos. Com o relato da sucedida visão, seu padrinho se dispõem em ajudar, onde ele segue para o seminário de Fortaleza para iniciar seus estudos.
Com o auxílio de seu padrinho Cícero começa sua formação, mas planos e o sonho da batina parece ter mudado temporariamente, inicia lecionando em escola local e no próprio seminário dando aulas de latim.
Em 1871 o Professor Jose Joaquim Marrocos convida-o para celebrar uma missa no vilarejo de Juazeiro, assim fazendo praticar seus ensinamentos até então não feitos após sair do seminário. Chegado no local foi alojado em uma sala de aula, um lugar simples, e ali tem sua nova visão-reveladora, onde treze homens entravam no local que ele estava, sendo um Jesus, com seu coração exposto conversa com o mesmo, e lhe deixa um recado, falando para que cuidasse do seu povo, tal fato fez que repensasse e assim muda seus planos e começa sua vida com a batina.
O milagre e seu conflito.
Assumindo a batina na cidade de Juazeiro, introduz um projeto de reformar a capela em homenagem a Nossa Senhora dos Amparos, com auxílio e doações tanto de pessoas importantes como do próprio povo. Desenvolve com a comunidade trabalho que o fará se aproximar de sua gente e com isso ganha admiração dos mesmos, que muitas vezes, por ter o carisma do povo era chamado para resolver os problemas locais.
Após a reforma começam as missas no local, ali as rezas e promessas pela seca se iniciam, pois naquela época como cita o autor MONTEIRO foi um longo período de seca no qual estavam passando, e claro pelas coisas corriqueiras como os enfermos e a comunidade em geral. Até o episódio na celebração do Sagrado Coração de Jesus em 6 de março 1889, onde “da boca de Maria de Araújo- uma de suas beatas- verte sangue no momento em que recebe a hóstia das mãos de Cícero”[5](MONTEIRO p.54). Ocorrendo mais vezes essa mesma cena e tomando proporções maiores, aonde chegou a ter procissões na capela, o reitor do seminário de Crato se desloca para averiguar o fato, no qual afirmou a veracidade do sangue e dizendo ser de Jesus.
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