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CONCEPÇÕES SOBRE CULTURA

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Por:   •  23/11/2013  •  1.942 Palavras (8 Páginas)  •  739 Visualizações

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LUIS FERREIRA CHAVES JUNIOR

CONCEPÇÕES SOBRE A CULTURA

Trabalho apresentado à disciplina de Antropologia, ministrada pelo Prof. Eduardo Lima como exigência para obtenção parcial da nota do 2º. Semestre do Curso de Direito – Turma II – Sala 18

Olímpia/SP.

2013

CONCEPÇÕES SOBRE A CULTURA.

O Brasil é o país com a população mais miscigenada do planeta e com espaço para as mais diversas religiões, crenças, simbologias, culinária, costumes e diversas outras manifestações culturais. A consequência dessa diversidade é um caldeirão onde tudo se mistura; música caipira, danças europeias, ritos da capoeira e do candomblé, cantos indígenas, batida do maracatu, a malandragem do samba, o barulho das guitarras roqueiras, o artesanato regional, quadros de artistas contemporâneos, pessankas ucranianas, sandálias nordestinas e tantos outros produtos e traços do tão diversificado povo brasileiro. Da mesma forma, obras arquitetônicas de estilos que vão desde o barroco ao pós-moderno se unem a um imenso número de obras literárias, teatrais e cinematográficas ampliando ainda mais as ricas manifestações da cultura nacional.

Certamente já nos perguntamos, ou fomos perguntados, sobre o que seja a cultura. Vivendo num país onde tanto se fala da variedade e da exuberância cultural que permeia de forma emblemática o nosso povo, é, no mínimo, esperado que tenhamos uma ideia concebida sobre o que venha a ser esse fenômeno tão expressivo e característico da nossa gente e de todos os povos do planeta.

O termo “cultura” surgiu em 1871 com a publicação do livro Primitive Culture: Researches into the development of Mythology, Philosophy, Religion, Language, Art and custom e naquele ano, Sir Edward Burnett Tylor, considerado por muitos o “pai da antropologia cultural”, concebeu pela primeira vez uma definição formal de cultura.

Tylor abrangeu num só vocábulo todas as realizações humanas e afastou cada vez mais a ideia de cultura como uma disposição inata, perpetuada biologicamente. O primeiro conceito etnográfico de cultura surgiu com Tylor, que a entendia como;

Cultura ou Civilização, tomada em seu mais amplo sentido etnográfico, é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade. (TYLOR in CASTRO e OLIVEIRA, 2005. p.31).

Deve-se ressaltar, no entanto, algo muitas vezes esquecido nas inúmeras citações desde então feitas dessa frase: Tylor fala de cultura “ou” civilização. Ao tomar as duas palavras como sinônimas a definição de Tylor distingue-se do uso moderno do termo cultura, que só seria popularizado com a obra de Franz Boas, já no início do século XX. Cultura, para Tylor, era palavra usada sempre no singular, e essencialmente hierarquizada em "estágios".

Tylor definiu cultura como a expressão da totalidade da vida social do homem, caracterizada pela sua dimensão coletiva, adquirida em grande parte, inconscientemente e independente de hereditariedade biológica. Privilegiou a palavra “cultura” por entender que, “civilização” remete a constituição de realizações materiais dos homens, perdendo o sentido quando se trata de sociedades primitivas. Para Tylor, a sua nova definição de “cultura”, que era descritiva e não normativa – sem conceitos pré-determinados, tinha a vantagem de ser uma palavra “neutra”, capaz de pensar em toda a humanidade.

Acreditava na ideia de progresso, nos postulados evolucionistas, na unidade psíquica da humanidade – todos temos a mesma capacidade mental, e na concepção universalista da cultura – a cultura enquanto algo de toda a humanidade. A grande contribuição de Tylor foi sua tentativa de conciliar a evolução da cultura e sua universalidade. Foi o primeiro a abordar os fatos culturais sob um prisma sistemático e geral. Quando esteve no México em1856, Tylor elaborou um método de estudos da evolução da cultura pelo exame das sobrevivências culturais – elementos culturais do passado que sobrevivem sem explicações plausíveis. Pensava ser possível, através deste método, reconstituir o conjunto cultural original, chegando à conclusão de que a cultura dos povos primitivos representava a cultura original da humanidade.

Adotou, a partir daí, o método comparativo, pois as culturas singulares estavam ligadas umas as outras em um movimento de progresso cultural, sendo possível dessa maneira, estabelecer uma escala dos estágios da evolução humana. Tylor postulava que entre os primitivos e civilizados não havia uma diferença de natureza, mas de grau de avanço no caminho da cultura.

Considerava também, em certos casos, a hipótese difusionista – que a partir de um povo, determinada invenção se expandia aos outros através do contato cultural – como explicação da similaridade entre traços culturais de duas sociedades, significando que, na possibilidade de difusão, as mesmas não estariam na mesma escala de evolução. Assim, caberia à antropologia a tarefa de estabelecer uma escala civilizatória com dois extremos: um representado pelas sociedades europeias e o outro pelas comunidades periféricas, ficando claro o princípio evolucionista unilinear. Neste sentido, a antropologia daria o maior exemplo de etnocentrismo institucionalizado.

A reação ao evolucionismo unilinear de Tylor veio através de Franz Boas, com a publicação do seu artigo The Limitation of the Comparative Method of Anthropology , [in American Association for the Advancement of Science, New Series, Vol. 4, No. 103 (Dec. 18, 1896), pp. 901-908], no qual atribui à antropologia as tarefas de reconstruir a história dos povos e de comparar a vida social de diferentes nações, ensejando o particularismo histórico ou a chamada Escola Cultural Americana.

Por outro lado, a concepção de cultura de Franz Boas é uma rejeição ao evolucionismo unilateral e difusionista. Em consequência, não adotava explicações de estágios ou fases culturais, assim como o conceito de raça. Procurava leis de evolução das culturas e leis de funcionamento das sociedades através do método indutivo – ver, ouvir, falar, escrever – e intensivo de campo. Priorizou o estudo da relação de parentescos.

Franz Boas acreditava na autonomia das culturas (relativismo cultural) e que cada cultura possui uma singularidade

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