Cantinho da Mulher: A visão da mulher cachoeirense no final da década de 1950 pelo jornal “Folha da Cidade”
Por: AXIS • 10/6/2018 • Ensaio • 6.105 Palavras (25 Páginas) • 324 Visualizações
Cantinho da Mulher: a visão da mulher cachoeirense no final da
década de 1950 pelo jornal “Folha da Cidade”
CORDEIRO, Wendes Axis1
SILVA, Adilson Silva2
Resumo: Este estudo consiste em uma analise sobre o jornal Fôlha da Cidade,
utilizando gênero como uma categoria de analise. Focando a analise na coluna
Cantinho da Mulher e nas demais colunas, editoriais e reportagens que retratavam a
mulher, constatando os papeis sociais atribuídos e o cotidiano feminino noticiado no
jornal, a fim de definir como o Fôlha da Cidade retratava a mulher cachoeirense no
final da década de 1950.
Palavras Chaves: mulher; gênero; papéis sociais.
1 Introdução
Este artigo realizará um estudo historiográfico sobre o jornal Fôlha da Cidade,
a fim de contribuir para a construção da memória e História da sociedade
cachoeirense focando o final da década de 1950. Utilizando gênero como uma
abordagem teórica útil a História, o artigo será composto por três partes distintas: a
exposição do conceito de gênero, a contextualização histórica da década de 1950 e
a análise sobre a fonte.
O primeiro passo será expor a utilização de gênero como uma categoria útil
de analise histórica, de acordo com a perspectiva teórica de Joan Scott, definindo
gênero, quais os pontos positivos desta nova categoria de analise para a
historiografia.
A seguir será apresentado o contexto histórico da década de 1950,
destacando o mundo após a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria a nível
internacional. A nível nacional será abordado as políticas econômicas de Getulio
Vargas e Juscelino Kubitschek e a tumultuada disputa política desta década,
focando a carência de infra-estrutura no Espírito Santo e como este usufruiu dos
relativos investimentos federais neste período, e a secular dependência econômica a
monocultura cafeeira.
Por fim, será apresentado e analisado o jornal Fôlha da Cidade. Primeiro,
será analisado sob a perspectiva de leitura exclusivamente feminina a coluna
1 Graduando em História pelo Centro Universitário São Camilo.
2 Profº Orientador, Mestre em História Social das Relações políticas pela UFES
1
Cantinho da Mulher e outras colunas ou editorias que falam sobre a mulher ou sobre
o comportamento feminino e a seguir outras reportagens e notas que abordam a
mulher, noticiando acontecimentos em Cachoeiro na década de 1950, mas não são
direcionadas como leitura feminina.
2
2 Gênero: uma abordagem teórica
O estudo da História permite aguçar as percepções sobre as sociedades do
passado e do presente, ficando mais nítidas suas mudanças e permanências,
semelhanças e diferenças, e a dominação e resistência entre os sujeitos históricos.
As relações de gêneros não são igualitárias e propiciam uma categoria de análise
Histórica, no qual pode ser detectada a dominação de um gênero sobre o outro,
assim como a sua resistência, constituindo uma rica fonte de informação sobre a
sociedade.
A utilização de gênero como um aporte teórico será empregado de acordo
com a proposta de Joan W. Scott que “...é professora da Escola de Ciências Sociais
do Instituto de Altos Estudos de Princeton, Nova Jersey (...) e sem dúvida uma das
mais importantes teóricas sobre o uso da categoria gênero em História.” (SILVA,
2009:2)
Atualmente muitos trabalhos acadêmicos utilizam gênero como categoria
analítica, todavia deve ficar claro a distinção entre História das Mulheres e “estudos
de gênero”, embora a construção histórica de ambos esteja intrinsecamente ligada.
De acordo com Barros (2005) a História das Mulheres situa se no campo
histórico como um domínio da História, definível em relação aos agentes históricos
(neste caso a mulher), enquanto que gênero se enquadra como uma perspectiva
teórica pós-moderna, uma categoria de análise que se fortaleceu a partir da crise
dos paradigmas teóricos iluministas.
Segundo Joan Scott (BURKE, 1992:63-64) a origem da História das Mulheres
como um domínio da História acontece na década de 1960 com o movimento
feminista, que propagou a sua influência conquistando membros na academia que
comungavam com o objetivo de excluir a omissão da mulher na escrita histórica e
“...no início, houve uma conexão direta entre política e intelectualidade...” (BURKE,
1992:64).
A partir da década de 1970 é ampliado o campo da História das Mulheres.
Esse domínio passa a ter força própria, e se distancia da militância
...