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O suicídio: representação social do fenômeno no Jornal Folha de São Paulo

Por:   •  5/3/2017  •  Artigo  •  6.125 Palavras (25 Páginas)  •  376 Visualizações

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O suicídio: representação social do fenômeno no Jornal Folha de São Paulo

Ailton Souza Santos Júnior

Emanoela Souza Lima

Kathary Loory Soares Silveira

Raíza Pacífico Coelho

Tairinne Gabriela Rocha dos Santos

Tathiane Castro

Resumo:

Palavras-chave:

[a]

Introdução

O Suicídio

Falar em morte é falar do desconhecido, é falar em medo, é falar em mistério, e de certa forma suscita curiosidade, talvez por se tratar de algo que, é explicado por meio de diversas teorias, mas apresenta lacunas que não dão conta de desmitificar o fenômeno.

A sociedade ocidental, muitas vezes, pautada em uma visão de morte como algo a ser remediado, tenta por meio de diversos mecanismos evitá-la. Muitas são as inquietações em torno da problemática, em especial quando este evento não se apresenta por meio de um processo natural ou involuntário, mas como uma decisão pessoal, na qual existe a possibilidade de escolher preservar a vida ou retirá-la, gerando assim um sentimento de estranheza e não aceitação do ato. 

Considerado mundialmente como um dos maiores problemas de saúde pública, no qual incide diretamente tanto nos aspectos psicológicos quanto sociais, o suicídio é conceituado como o ato de matar a si mesmo (do latim sui, “próprio”, e caedere, “matar”). A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2006), registrou que o suicídio encontra-se entre as dez maiores causas de morte no mundo. As taxas variam, mas nos últimos 50 anos elevaram-se aproximadamente em 60%. De acordo com Botega (2002), citado por Barbosa, Macedo e Silveira (2011, p. 236), “cerca de 15 a 25% das pessoas que tentam suicídio, tentarão se matar no ano seguinte e 10% efetivamente conseguem se matar nos próximos 10 anos”. As causas que levam um determinado indivíduo ao suicídio podem ser as mais variadas possíveis, incluindo aspectos externos, motivações internas e normas sociais.  

O comportamento suicida está frequentemente associado com a impossibilidade do indivíduo de identificar alternativas viáveis para a solução de seus conflitos, optando pela morte como resposta de fuga da situação estressante. Estudos (Meleiro, 2013; Chachamovich, Stefanello, Botega e Turecki, 2009) apontam uma associação entre o suicídio e os transtornos mentais, estes são fatores em potencial que podem levar a pessoa a cometer suicídio. De acordo com Barbosa e col. (2011) a depressão dentre os transtornos mentais relacionados ao suicídio, tem acentuado destaque.

Menninger (1965), citado por Kovacs (1992), aponta que o suicídio evidencia o desejo de matar, na medida em que esse se volta para o próprio corpo, o desejo de morrer e o desejo de ser morto, fazendo-se necessário a presença desses três fatores para que ocorra de fato o suicídio. Dessa forma, o sujeito se configura também como um homicida, já que ele é o autor de determinado feito, caracterizando-se assim como assassino e assassinado.

Outros autores trazem o suicídio como uma forma de solução de problemas, uma retirada de sofrimento psíquico. Dessa forma, o Conselho Federal de Psicologia, lançou um livro Suicídio e os desafios para a Psicologia em 2013, o qual aborda perspectiva de vários estudiosos da área. Estes apontam que quando um sujeito perpassa por determinadas situações, alguns elementos podem agir de modo disparador, capaz de provocar sentimentos assoladores, levando o sujeito cometer o suicídio, deste modo, esse fato é posto como uma possibilidade de atenuar a dor e o sofrimento vivenciado pelo sujeito, fazendo desse, um mecanismo de livrar-se da angústia.

O suicídio pode ser visto como um ato exclusivamente individual sendo esse constituído a partir de características produzidas pela sociedade na qual o sujeito está inserido. O indivíduo pode renunciar de diversas formas a sua existência, o autocídio é uma dessas formas, na qual o sujeito em um ato desesperado põe em prática tal ação, evidenciando a sua renegação à vida. Não há uma definição para esse feito, este se caracteriza como um ato complexo e com contornos vagos (Durkheim, 1971 apud Kovacs, 1992).

Relação da imprensa com o suicído

A imprensa desempenha uma função social que objetiva informar a população em geral acerca de fatos do cotidiano nacional ou internacional, seja de cunho político, econômico, ação social ou simplesmente pode ser usada como ferramenta de entretenimento. Esta se apodera da realidade da informação e tem a tarefa de processar a noticia e adequá-la conforme acredite que deve ser repassada aos telespectadores, modelando desse modo a noticia assim como também selecionando quais, na sua percepção, são de interesse público. De modo geral a mídia seja televisiva ou impressa evita temáticas muito polemicas tais como detalhamento de estupro, sequestro ou suicídio (Santiago, 2002).

No que se refere à temática do suicídio, a imprensa sempre procura não divulgar sobre o assunto ou não entrar em detalhes, reportando apenas o que considera essencial para o conhecimento publico. Geralmente quando o conteúdo é mencionado este vem reportado superficialmente assuntos policiais, políticos ou quando envolve celebridades, não falando sobre o suicídio em si ou sobre seus fatores, pois segundo dados do IPEA (2013, p. 8) acredita-se que “existem grupos de pessoas suscetíveis ao suicídio, em decorrência do efeito da mídia. Isto é, elas são influenciadas por algum tipo de comportamento de grupo”, acreditando-se dessa forma que se formará um circulo vicioso de casos de suicídio, que tendem a imitação, aumentando assim o número de mortes.

Em seus resultados demonstrou-se a evidencia de que a mídia correlaciona-se positivamente com casos de suicídio, transformando-se assim no terceiro motivador do autoextermínio, perdendo apenas para o desemprego e para a violência (IPEA, 2013). Porém, na maioria dos casos, tal resultado é motivado pelo modo sensacionalista e polêmico que alguns noticiários e TVs usam para a abordagem.

Com base nesse contexto a Organização Mundial de Saúde [OMS] criou uma cartilha de orientação para a mídia acerca do suicídio: "Prevenir o suicídio: um guia para os profissionais de mídia", produzido em 2000. Nesta é dada orientação sobre quais as formas corretas de noticiar casos de suicídio, tais quais: "estatísticas devem ser interpretadas cuidadosamente e corretamente; fontes de informação confiáveis e autênticas devem ser usadas; comentários improvisados devem ser feitos cuidadosamente, a despeito das pressões de tempo; generalizações baseadas em fragmentos de situações requerem atenção particular; expressões como “epidemia de suicídio” e “o lugar com a mais alta taxa de suicídio do mundo” devem ser evitadas; deve-se abandonar teses que explicam o comportamento suicida como uma resposta às mudanças culturais ou à degradação da sociedade” (OMS, 2000).

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