Conformismo E Resistência - Aspectos Da Cultura Popular No Brasil.
Trabalho Universitário: Conformismo E Resistência - Aspectos Da Cultura Popular No Brasil.. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: aamaximo • 10/6/2014 • 2.102 Palavras (9 Páginas) • 1.996 Visualizações
RESUMO
CHAUI, Marilena.
Conformismo e Resistência - aspectos da cultura popular no Brasil.
Ed. Brasiliense,1986.
Começa com “uma ideia problemática, A expressão Cultural, como já foi bastante observação, é de difícil definição. Seria a cultura do povo ou a cultura para o povo?”, a autora busca nesse primeiro capítulo, mostrar se a cultura vem do povo ou foi direcionada para o povo, começa mostrando um breve retrospecto da cultura popular, recordando o surgimento da concepção moderna de cultura e seus laços com duas outras, Civilização e História. Que Raymond Williams, o termo Cultura articula-se, ora positiva ora negativamente, com o termo Civilização.
Mostrando que para alguns, como Rousseau, consideram os dois termos antitéticos. Civilização seria o início e término da barbárie. Em contrapartida para outros, como Voltaire e Kant, Cultura e Civilização exprimem o mesmo processo de aperfeiçoamento moral e racional, o desenvolvimento das Luzes na sociedade e na história. Cultura não e´ o “natural” oposto ao “artificial”, mas o específico da natureza humana.
Entendida como exercício livre da razão e da Vontade esclarecida, a Cultura surge como reino humano dos fins e dos valores, separado do reino natural das causas necessárias e mecânicas. Seguindo a trilha aberta por Rousseau, caminharão os Românticos, em combate aos Ilustrados. Observando a divergência entre Romantismo e Ilustração quanto ao conceito de Cultura reaparecendo na definição de “Popular”. Os Românticos iniciando a busca do popular na poesia, considerada divina.
Colocando o Povo como vontade universal e legislador soberano, unidade jurídica dos cidadãos definidos pela lei e o povinho ou populacho, ignorante, supersticioso, irracional e sobre tudo sedicioso. Passando a cultura popular ou o popular na cultura alicerce dos nacionalismos emergentes. Um escritor finlandês dirá: “Nenhuma pátria pode existir sem poesia popular. A poesia é o cristal onde a nacionalidade pode mirar-se; é o manancial de onde jorra o verdadeiro original da alma popular”.
Sendo possível observar que nas discussões brasileiras – seja nos anos 60, seja nos anos 80 – a cultura Popular oscila incessantemente entre um ponto de vista romântico e um outro, ilustrado. A Razão “vai ao povo” para educar sua sensibilidade tosca (eis o papel das vanguardas políticas) e o Sentimento “vai às Elites” para humanizá-las (eis o papel das vanguardas artísticas). Passando a perspectiva marxista se diferenciando da Romântica e da Ilustrada porque seu conceito central não é o de povo-popular, mas o de luta de classes.
Apresentando a elaboração do conceito de nacional-popular, infelizmente usado pelas esquerdas brasileiras como uma espécie de vade-mécum, um catecismo do tipo dos “aparelhos ideológicos do Estado”, perdendo todo o vigor conceitual, isto é, a capacidade de sugerir perspectivas alternativas e historicamente enraizadas para a compreensão da Cultura Popular.
Citando ainda no primeiro capítulo, “O Popular e a Massa”, explicando o sucesso das expressões “sociedade de massa” e “Cultura de massa” nas ciências sócias norte-americana, em confronto com o marxismo. Tornando-se a “massa” o sonho da democracia liberal. Na trilha da “sociedade de massa” vinha a “cultura de massa”, expressão da democracia cultural criada pelos meios de comunicação, símbolos vivos da liberdade de pensamento e de expressão e da plena transparência da informação. A Cultura Popular é identificada com a cultura de Massa – Popcult e Masscult tornam-se sinônimos.
Tentando evitar essa identificação. Não evitando as relações entre as duas manifestações culturais, pois existem e são de grande importância, mas não as tomando como idênticas, pelo motivo que no Brasil, sociedade autoritária, os meios de Comunicação de Massa são uma concessão estatal a empresas privadas, ficando sobre o controle ideológico e político do Estado. A noção de Massa, ao contrário, tende a ocultar diferenças sociais, conflitos e contradições. Exprime a visão veiculada pela ideologia contemporânea, tendo como contraponto sócio-politico a noção de Elite. Dividindo em duas camadas, a “baixa” ou “massa” e “alta” ou “Elite”, essa última com a ideologia dominante, de possuir o monopólio do saber e do poder, que a “massa” está desprovida de saber, de fato e de direito, é considerada vazia, passiva e inculta, incompetente, precisando de ser guiada, dirigida e “educada”. Entrando assim na problemática o que seria feito por uma Cultura de e para a Massa, formada e outorgada pela Elite.
Usando uma expressão de Foucault, a Comunicação de Massa se insere no campo de tecnologias de disciplina e vigilância, regulando-se pelo ideal panóplico do olho que tudo vê, ou pelo olhar de sobrevoo, na expressão de Merleau-Ponty. Em contrapartida, as ações e representações da Cultura Popular se inserem num contexto de reformulação e de resistência à disciplina e à vigilância. Nela o silêncio, o implícito, o invisível são, frequentemente, mais importantes do que o manifesto.
Mostrando com exemplos, como a comunicação de massa vive sob a magia da Informação. Esta, por sua vez, é comandada pela crença na objetividade científica, colocando sob a aparência da democratização cultural, a informação produz os incompetentes sociais e reforça a divisão elite/massa.
Sob o prisma da Informação, coloca haver diferença de natureza entre Cultura Popular e Cultura de Massa. Não se trata da distinção, bastante conhecida, entre cultura feita pelo povo e cultura feita para o povo, baseada nas exigências do mercado da indústria cultural.
Para concluir a introdução, enfatiza a dimensão cultural popular como prática local e temporalmente determinada, com a atividade dispersa no interior da cultura dominante, como mescla de conformismo e resistência.
Já no segundo Capítulo “Cultura Popular e autoritarismo” a autora colocar o Brasil como uma sociedade autoritária, na medida em que não consegue, até início desde século, concretizar sequer os princípios do liberalismo e do republicanismo, colocando que frequentemente, estudiosos de veia culturalista atribuem o autoritarismo à origem ibérica de colonização.
Esse autoritarismo sendo reforçado com golpe de Estado de 1964, sendo explanado pela autora, a Constituição de 1946 define a greve como ilegal, e outros que ferem a uma real democracia.
A autora mostra as seguintes perspectivas, por um lado visualiza as modificações ocorridas no país privilegiando as ações do Estado e dando
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