Dinâmicas de gênero e diversidade sexual nas escolas
Por: Pedro Henrique Vianna • 7/4/2024 • Projeto de pesquisa • 1.329 Palavras (6 Páginas) • 92 Visualizações
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HISTÓRIA GERAL NO PRÉ-VESTIBULAR SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO NO COMPLEXO DO SALGUEIRO, SÃO GONÇALO-RJ
Miguel Ferreira de Oliveira¹
¹Graduando em Licenciatura de História (UERJ-FFP), de São Gonçalo, Rio de Janeiro, Brasil; miguel.fdeoliveira25@gmail.com
Introdução
A pesquisa tem como objetivo apresentar diferentes táticas de ensino de história e o aprendizado de discentes em um pré-vestibular social no complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro. Localizado na periferia da cidade, os alunos realizavam suas aulas todos os sábados por boa parte do ano de 2023, sendo dedicados dois ao mês para as aulas de História: uma para História do Brasil, outra para História Geral, que é o foco desta pesquisa. Além disso, uma certa sensibilidade foi construída com o tempo de convivência do professor com os seus alunos, também morador de São Gonçalo, mas próximo do centro da cidade e com diferente formação escolar, notando uma dicotomia entre suas experiências de vida não apenas na sala de aula.
O perfil dos alunos varia entre adolescentes e adultos, moradores do bairro e da região. Formados em boa parte pela rede pública, a maioria dos alunos eram mulheres e negras. O pré-vestibular é organizado pelo projeto social “Mulheres do Salgueiro”, que é coordenado por Janete Nazareth Guilherme, pedagoga e moradora do bairro desde o nascimento. Considerando o perfil dos discentes, dar sentido à história foi um dos desafios da prática docente. Durante as aulas, buscou-se apresentar diferentes formas de contemplação do conteúdo selecionado, destacando a problematização dos objetos e dos eventos para trazer um diferente sentido em suas trajetórias dentro e fora do pré-vestibular.
Metodologia
Para a realização da pesquisa, foram utilizados exercícios em sala de aula, seja de forma escrita ou em debates, vídeos, músicas, imagens e mídias digitais de forma geral, aproximando, assim, o alunado do conteúdo de forma interativa, além dos ideais de capital social, cultural e econômico propostos por Pierre Bourdieu. Para a preparação dessas aulas, consideramos as reflexões feitas a partir do “Dicionário Paulo Freire”, organizado por Danilo Romeu Streck, Euclides Redin e Jaime José Zitkoski, com destaque para o verbete “Ensinar e aprender” de Ana Lúcia Souza de Freitas e do artigo “Letramento(s) Histórico(s): Uma Proposta Plural para o Ensino e a Aprendizagem em História”, publicado por Helenice Aparecida Bastos Rocha.
Resultados e discussão
Através dos planos de aula realizados objetivando a localização do aluno como sujeito crítico, tivemos diferentes consequências a respeito da absorção do conteúdo. Como o pré-vestibular começou as suas aulas em abril, selecionamos alguns dos temas mais importantes para as aulas que costumam estar nos editais dos vestibulares, com foco no ENEM e nos exames da UERJ. Considerando que o aprendizado é subjetivo, o mesmo pode ser visto no letramento histórico.
Pode-se tomar como exemplo a aula de introdução, sobre a Grécia Antiga. Com um grande foco na criação da democracia, o exercício no final da aula buscou compreender a visão dos alunos, que foram separados em grupos, sobre a democracia nos tempos atuais e diferenciar da democracia ateniense. Aqui, os alunos realizaram excelentes textos, mas uma dupla composta por um homem e uma mulher chamou a atenção pelo fato do homem ser semianalfabeto, tendo boa parte da redação escrita por sua dupla. A análise girou em torno de sua vivência como morador do Salgueiro, e mostra que não é necessário ser erudito para conhecer com certa clareza a sua sociedade.
Outro exemplo que podemos utilizar foi o uso de um dos discursos de Malcolm X, popularmente conhecido como “By any means necessary”, onde o intelectual apresenta que o racismo deve acabar por todos os meios necessários. Relembrar constantemente que o racismo é fruto da repressão histórica feita pelo homem branco se mostrou essencial para que os alunos compreendessem a situação socioeconômica de sua comunidade, incluindo a deles, o que também os fazem refletir perante a razão de poucos negros ocuparem as universidades públicas, que são seus locais de direito, e isso foi constantemente falado durante as aulas, independente da disciplina.
Também recomendamos filmes para nossos alunos. Para a aula de Segunda Guerra Mundial, dois foram usados para uma espécie de contraponto: “Oppenheimer”, lançado em 2023 nos cinemas e dirigido por Christopher Nolan, e “Gen Pés Descalços”, adaptação do mangá homônimo e lançado em 1983, dirigido por Mori Masaki. O primeiro, que apresenta a criação da bomba atômica a partir da visão de um de seus criadores, tem uma proposta diferente do segundo, que aponta as consequências da explosão da Little Boy em Hiroshima. Além disso, a obra que o filme adapta foi criada pelo japonês e natural de Hiroshima Keiji Nakazawa. Assim, podemos mostrar aos nossos alunos de maneira didática como o ponto de vista é essencial para retratar uma versão da história.
Além disso, na aula de Revolução Americana, utilizamos o trecho de uma cena do jogo eletrônico “Assassin’s Creed III” onde um personagem fala com o outro a respeito da liberdade desejada pelos colonos. Um deles é indígena, e protagonista da história, e outro, seu pai, inglês e contra a Revolução. Este argumenta que a liberdade não é para todos, e que seu filho está enganado. A Revolução Americana, liderada por um grupo de influentes colonos e fazendeiros, desejavam a liberdade, mas para alcançá-la, era necessário, por exemplo, que ocupassem as terras indígenas. O questionamento levantado, portanto, foi: a liberdade é para quem? Essa é uma das perguntas que se faz até os dias atuais, com diferentes lutas e diferentes contextos.
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