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ENSAIO SOBRE AS MIDIAS SOCIAIS E A IMPORTANCIA DE MEMORIZAR A HISTÓRIA DO HOSPITAL COLÔNIA; PATRIMÔNIO CULTURAL DA SAÚDE: DISPUTAS DE MEMÓRIA

Por:   •  12/7/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.386 Palavras (6 Páginas)  •  167 Visualizações

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ENSAIO SOBRE AS MIDIAS SOCIAIS E A IMPORTANCIA DE MEMORIZAR A HISTÓRIA DO HOSPITAL COLÔNIA; PATRIMÔNIO CULTURAL DA SAÚDE: DISPUTAS DE MEMÓRIA.

Lázara Adryele De Freitas

Mário Pedrosa

Resumo

O objetivo apresentado, é expor a importância de memorizar a história do hospital colônia de Barbacena em mídia social, trazendo a problemática de vidas que foram silenciadas, durante o funcionamento do hospital psiquiátrico. Ao mesmo tempo criar uma reflexão para a sociedade, e abrir portas para um debate dentro das mídias socias, evitando que o ocorrido caia em esquecimento.

Palavras-chave: Memoria; Mídias socias; Hospital Colônia

Introdução

A proposta aqui apresentada, é falar sobre a importância de utilizar as mídias socias para memorizar de uma forma inovadora a história brasileira. As redes ampliaram as possibilidades de interação e participação dos cidadãos com as instituições sociais em diferentes âmbitos. Além das comunicações, as mídias socias permitem o compartilhamento cultural e histórico e a interação com a sociedade. O objetivo deste ensaio é trazer reflexões acerca das transformações do conceito de museu no mundo contemporâneo, e analisar a história do hospital colônia de Barbacena, na perspectiva de transformar a memória em mídia social, transformando o olhar para além dos muros do hospital.

A principal intenção e memorizar e não deixar que caia em esquecimento essa história, que por anos foi silenciada abafada pelo Estado. E falar sobre a importância de dar identidade aos pacientes, e recontar o trauma que deixou marcas em milhares de envolvidos.

As mídias sociais possibilitaram a comunicação virtual de diferentes dispositivos, como (blogs, Instagram, sites de compartilhamento, fóruns, etc.). Entretanto, esse uso pelas instituições museológicas, principalmente em relação as atividades de comunicação e promoção de suas exposições, acervos e eventos, são recentes, e vem ganhando espaço cada dia mais.

Com estas transformações, a nova museologia, apresenta novas formas de expor memoria, de agir e de se relacionar com a sociedade, afim de diversificar as estruturas museológicas e reforçar seu compromisso social. Nessa nova perspectiva, o público se torna agente, e se insere no contexto museológico, a sociedade por sua vez tem seu papel de se relacionar com o patrimônio e fazer parte da narrativa exposta.

Um dos papéis das manifestações narrativas, é o resgate da memória, que através dela, podemos reconstruir os acontecimentos para que não sejam esquecidos, podemos compreender que vai um pouco mais além: resguardar memórias significa fazer-saber e, sobretudo, suscitar a reflexão e criticidade diante daquilo que já foi.

A tragédia brasileira de Barbacena, que ocorreu em Minas Gerais, ficou marcado pela crueldade, que deixou marcas, em milhares de vítimas entre 1903 e 1980, foram contabilizadas 60 mil mortes no hospício. Fundado com o propósito de assistência médico-psiquiátrica, o Hospital Colônia durante seus primeiros 8 anos manteve seu objetivo. Com o passar dos anos, com o alto número de pacientes os problemas de acomodação, medicamentos e cuidados começaram a se tornar recorrentes.

A importância de trazer essa problemática para as mídias socias, é trazer um debate entre a sociedade, e expor as feridas de uma tragédia silenciada e abafada pelos muros do hospital. “Por mais duro que seja, será sempre importante lembrar, para que nunca se esquecer, as condições subumanas vividas naquele campo de concentração “transformada em hospital”.  Trazer à tona a triste memória dessa travessia marcada pela iniquidade e pelo desrespeito aos direitos humanos, é uma forma de consolidar a consciência social em torno de uma nova postura de atendimento, gerando uma nova página na história da saúde pública”,

Mas porque falar em tragédia e mídia social? Reconhecendo essa tragédia que gerou muitos traumas aos envolvidos. Podemos perceber, que uma boa parte da sociedade brasileira não tem conhecimento sobre o ocorrido que foi um marco na história do Brasil. É com base nesse entendimento que se justifica a importância da criação de um museu em mídia social, com fotos, vídeos, trazendo para o conhecimento social, a identidade dessas pessoas, que foram esquecidas por anos, tanto para que as vítimas e seus familiares tenham assegurados o direito de serem reparadas pelos danos sofridos quanto para que não se ocorra jamais episódios parecidos.

Além do objetivo de tornar as barbáries cometidas no Hospital Colônia conhecimento geral da sociedade, para que tenham a ciência de que dentro do Brasil, durante 50 anos, foram praticadas as piores formas de violação aos direitos humanos sob a tutela estatal. O museu de mídia social tem o intuito maior de analisar e demonstrar a responsabilidade que o Estado e os envolvidos tem para com as vítimas e seus familiares pelas torturas, abusos e mortes praticados dentro de um recinto sob custódia daquele, que, em tese, deveria resguardar a segurança, dignidade e saúde dos pacientes do hospital.

Os números exorbitantes e silenciados (por mais de 50 anos) das execuções, frias e violentas que ocorreram no hospital Colônia de Barbacena superam, e muito, as mortes registradas e ocultadas na ditadura militar brasileira (dentre índios, camponeses, perseguidos políticos, etc). Superam inclusive os números das mais sangrentas ditaduras da América Latina, Chile com mais de 40 mil e Argentina com mais de 30 mil mortos. Que Estado de Direito atual é esse? Como se pode permitir a prática e a ocultação desse genocídio por mais de 50 anos, sem uma resposta estatal efetiva e humanizada para essas vítimas e seus familiares? A importância de memorizar esse ocorrido é levar ao maior número possível de pessoas, mais de 50 anos de história que foram silenciadas pelo estado.

Hoje restam menos de 200 sobreviventes da Colônia. Alguns deles estão e ficarão internados até o fim da vida porque não conseguem estabelecer vínculos sociais, em decorrência dos excessos de torturas e traumas sofridos no hospício, e por não terem mais nenhum contato familiar. Outros sobreviventes foram transferidos para residências terapêuticas em busca de dignidade humana e para reaprender a tomar posse de si mesmos. É certo que os que não morreram de fato, morreram em essência, em alma, como pessoa humana. Não há muito o que ser feito para recuperar essas estruturas já mortificadas.

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