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Ecce Homo

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Por:   •  24/6/2014  •  1.262 Palavras (6 Páginas)  •  413 Visualizações

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RESESNHA ECCE HOMO MORTE

As concepções e atitudes perante a morte e os mortos são mutáveis ao longo dos períodos históricos. Eles se transformam ao longo do tempo histórico, e sua história foi marcada por continuidades, descontinuidades e rupturas.

Com o advento da nova forma de produção, com o inicio do capitalismo que trouxe mudanças nas estruturas sociais, surge a ideia q o homem pode tudo, mas também que só tem serventia vivo fazendo parte da maquinaria de produção e consumo. Os mortos não possuem serventia em uma sociedade onde a logica de produção e consumo seja relevante. Sendo assim, a morte nada mais seria do que um desperdício de tentativa de transformação do mundo. Ela se torna um ato que envergonha o homem, mostra como ele é fraco, que não conseguiu dominar a natureza, por isso, cada vez mais, os grupos tendem a esconde-la e a menospreza-la.

Com o final da segunda guerra mundial a expectativa de vida aumentou e a morte se afastou do cotidiano dos indivíduos. Os rituais fúnebres foram aos poucos desaparecendo. Não ocupa o mesmo espaço contemporâneo de otimismo econômico, de desejo por viver o cortejo com suas pompas, os passeios pelos cemitérios, o velório duradouro, todo o ritual que antes era tratado por toda a família, toda a assistência ao morto no seu ultimo ato humano.

Para Jean Ziegler a morte, na modernidade é considerada um fenômeno natural e que sua cultura (a cultura fúnebre) “sofre profunda influencia das ideologias e das lutas de classe”. (ZIEGLER, Jean. Os vivos e a morte: uma sociologia da morte no Ocidente e na diáspora africana no Brasil e seis mecanismos culturais. ZAHA, 1977, pg. 132). Pg. 135 – “a morte é um acontecimento social como qualquer episodio da práxis humana, mas também cultural, visto e vivido sob uma aparência que deve servir para explica-la e justifica-la...É um acontecimento que chega para todos os homens, de todas as classes e nações, mas ocorre em situações sociais especificas, determinado para cada um por sua classe, família, nação, cultura e religião.” Jean – pg. 140 – “A recusa intima de considerar aquele corpo mudo que bruscamente deixa de produzir e consumir preside a uma das operações mais eficazes que a sociedade exploradora inventou. Tudo é acionado para que os vivos nada percebam. Em poucas horas sua presença é apagada, o corpo transportado, a lembrança imobilizada. Os ruídos da cidade mascaram o terror. Misturado ao trafego, um cortejo atravessa a cidade. Um recinto reservado o recebe. Por detrás de uma sebe, a fossa aberta. Algumas palavras à borda do tumulo, sempre as mesmas, alias, de significado e banalidade que parecem uma derradeira agressão. Uma alteração no registro civil, uma distribuição de bens, simples e complicada, é só. O próprio cemitério causa problemas, pois o solo urbano é dispendioso e o sistema de maximização da renda imobiliária não permite desperdícios.” Nessa logica o defunto se torna lixo. Com isso, a morte cai na banalização pois enfraquecido seus símbolos e ritos esvazia o seu sentido original.

Outro fato é o luto, hoje o que percebemos é uma anulação ao luto, encurtá-lo ao máximo, de o mascarar. A consequência disso, é o esquecimento do morto e uma angustia que mais tarde aparece, isso nada mais é do que a consciência do homem por não ter chorado o seu morto, por não ter tempo para deglutir a ideia de separação.

Século XX desenvolvimento técnico-cientifico, sistema econômico capitalista, se impôs na vida moderna e a morte passou a ser considerada menos relevante. Talvez isso não seja tão presente em lugares fora dos centros urbanos, mas o fato é que distanciando dos rituais os homens são apontados para uma banalização da morte.

Todas as culturas criam uma forma especial de imaginar e ritualizar a morte. Essas variações em relação aos mitos e ritos decorrentes da morte vão modificando-se ao decorrer do tempo, com o intuito de amenizar a dor da perda. O funeral tem em sua essência a margem de separação entre os vivos e os mortos. Por isso, se torna um ato que separa dois aspectos do homem e também a certeza de que todos irão morrer. Isso traz uma angustia ao homem que ao longo da historia foi sendo apagada pelo fato de prolongamento da vida e o esquecimento da morte. Apenas refletimos sobre ela quando nos deparamos com um funeral de um conhecido. Século XX os rituais fúnebres se tornam desnecessários uma vez que não há mais espaço para viver o luto, para visitar o morto, com isso, a morte se torna uma falha, um momento que deve ser percebido instantaneamente e não

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