Economia e educação povo indigena
Por: daiane5511 • 14/4/2015 • Relatório de pesquisa • 4.618 Palavras (19 Páginas) • 208 Visualizações
PESQUISA SOBRE ECONOMIA E EDUCAÇÃO[pic 1]
TRADICIONAL DO POVO ARARA
INTRODUÇÃO
O povo Arara ocupa o Território Indígena Igarapé Lourdes, no município de Ji-Paraná região Centro Oeste do Estado de Rondônia. Este povo habita uma área, denominada área Indígena Igarapé Lourdes no município de Ji-Paraná com 185.553 hectares de extensão, demarcada em 1976 e homologada pelo decreto N.º 88.609 de 09 de agosto de 1983.
Esta área e dividida entre dois povos: Arara e Gavião. O povo Gavião pertence ao tronco lingüístico/família Tupi-Mondé. Na época da demarcação sua população aproximava-se em 225 pessoas, hoje são mais de 320 pessoas. O povo Arara pertence ao tronco lingüístico/família Tupi Rama-Rama, e se auto-denominam I’Târap. Na época da demarcação só existiam 95 pessoas e hoje contam com 153 pessoas. Através das histórias de massacres sofridos por esse povo na ocasião do contato e hoje contada pelas pessoas mais idosas e traduzidas pelos mais jovens, já que dominam o português, faz entender que haviam neste local milhares de índios. Porém, com a interferência da sociedade envolvente, sofreram muitas modificações e foram registrados um grande número de óbitos, quase dizimando toda população.
Nos dias de hoje ainda há muito preconceito frente a seus costumes tradicionais, o desrespeito e a agressão ainda são muito fortes.
As equipes da pastoral indigenista estão sempre atentas para evitar o abuso e a discriminação contra esses povos. Estas equipes vêm desenvolvendo trabalhos mais específicos em uma das aldeias do povo Arara, liderada pelo cacique Pedro Arara, a mesma conta com uma população de 52 pessoas. Nas demais aldeias, após o processo de demarcação da área e por falta de pessoas disponíveis prestam apenas assessoria na elaboração de documentos e na comercialização dos artesanatos.
Os trabalhos desenvolvidos pela pastoral têm uma linha bem definida, tendo como ponto de partida a valorização da cultura tradicional do povo.
Nos últimos três anos houve aumento da população do povo arara.
Este povo não tem nenhum tipo de ligação com outros povos Arara de Mato Grosso e Pará, são povos distintos.
No Brasil este povo é o único que faz parte do complexo lingüístico Tupi Rama-Rama.
HISTÓRIA DO POVO ARARA ANTES DO CONTATO
Segundo a história dos mais velhos o povo Arara eram milhares de pessoas e viviam em grandes grupos (grandes aldeias) cada aldeia tinha suas lideranças como cacique, pajés, erboristas e parteiras.
O cacique era uma liderança que ocupava um espaço com a seguinte função: para ser cacique tinha que ser pajé forte e ser fisicamente perfeito, tendo boas qualidades, facilidade de percepção das coisas, capacidade de se relacionar com o sobre-natural. Por isso era submetido a vários testes para provar sua resistência no relacionamento com o mundo dos espíritos, sendo que na cosmovisão do povo existem dois grupos que ampara e defende a vida do povo e que transmite harmonia, paz e saúde, enfim, o grupo que vem de Deus, que luta pela existência do povo. Segundo os mais velhos, o pajé tem que tomar um partido e manter uma postura favorável ao povo, respeitando as regras e ensinamentos do sobre-natural, no entanto, deverá ser forte para lutar contra o grupo dos inimigos que é aquele que está sempre procurando um momento oportuno para poder se apossar de seus poderes, tendo um comportamento e ação que visam fazer o mau, como tirar a paz, provocar acidentes, colocar doenças, enfim, tudo o que atrapalha o bem estar das pessoas. Em momento algum o pajé pode estar compactuando com as ações deste grupo, pois se isto acontecer, coloca em risco a existência do seu próprio povo. Outra qualidade que devia ter era uma boa saúde, saber tomar decisões, ter diálogo com a sua comunidade e fazer esta ligação natural e sobre-natural. Bom, dá para perceber que a função do cacique era política, social e religiosa, bem como ser o médico com conhecimentos "psicológicos e terapêuticos".
Faziam suas festas, convidavam as outras aldeias mais próximas. Normalmente as festas eram em comemorações a colheitas, casamentos, caçadas como jacarés e outros animais que criavam em cativeiro como catetos, queixadas e outros. As festas duravam vários dias, tinha muita bebida como macaloba de milho, batata-doce, mandioca e cará, todos eram fermentadas, de menos as que eram servidas para crianças, mulheres gestantes e com filhos muito novos (Bebê de colo).
Moravam vários anos no mesmo local até que não falecesse algum membro de sua comunidade, quando isto acontecia, imediatamente providenciavam outra moradia, saindo do local, destruindo toda a estrutura e bens do falecido, tais eram malocas, objetos pessoais e animais domésticos, tais mudanças eram um ciclo, após ter passado por muitos anos poderiam voltar ao mesmo local.
Durante o contato
O primeiro contato se deu com um seringueiro nas margens do rio Machado. Certo dia ao andar no mato, viram que tinha outras pessoas que transitavam dentro do território deles, até que um dia eles avistaram uma pessoa diferente, aí foi um grupo de homens ao encontro desta pessoa, foi um encontro com muito receio,da parte de ambos, pois as pessoas tinham a fisionomia e língua diferente, foi um encontro rápido, todos voltaram e ficaram apreensivos, no próximo dia voltaram ao encontro do desconhecido, tendo uma aproximação maior, chegando a tocar na pessoa e tentar um diálogo. Depois deste contato logo apareceram os presentes como facão, machado, enxada, facas, roupas e outros objetos. Ele oferecia os presentes e ensinava como usar tendo ganhado, os índios ofereciam algo em troca como batata, banana, arco e flecha, mas o contato não gerou tranqüilidade, sempre havia uma preocupação até chegar a ponto de planejar para matar, só não mataram, mandaram embora. Só que a pessoa não ia, às vezes sumia, mas voltava, cada vez que chegava trazia alguns presentes dizendo que ganhava de um homem grande que tinha muita coisa, até que um dia apareceram mais pessoas, só que quem dava presente era só aquele primeiro, era só um e assim continuou sempre tendo gente andando perto de nós, cada vez mais aproximavam a ponto de entrar na aldeia e andar pela mesma.
Perceberam que quanto mais passava o tempo, mais crescia o número de pessoas, aumentavam a pressão e disputa pelos territórios onde concentrava a maior porte de árvores que produzia látex. Chegaram a ponto de dominar os índios e rapta-los para os seringais, tinham vários grupos de seringalistas organizados com muito poder, quem mandava e dominava, fazia justiça com as próprias mãos eram os grupos de seringalistas, tendo predomínio o grupo mais forte. Tinha seringueiros que dava armas de fogo para os índios para combater com outros grupos de índios é o caso de Gavião e Arara, segundo o povo antes do contato não existia conflito de morte entre os dois povos, isto começou após o povo Gavião adquirir algumas armas de fogo (dada pelo seringalista "Barros") que forneceu muita arma e munição para o Gavião atacarem os Araras, foi aí o começo da matança do povo Arara, em seguida, apareceram as doenças como sarampo, catapora, tuberculose, gripe, etc... Estas são grandes causas das mortes de pessoas que quase levou ao extermínio. Assim continua a grande luta pela sobrevivência, cada vez chegava grupos de pessoas com diferentes tipos de trabalhos e a chegada de missionários (Padres Salesianos), um deles é o Pe. Ângelo, que chegou evangelizando e batizando várias pessoas, só que era um defensor do povo, não aceitava a dominação dos seringueiros sobre os índios, mas não ficava muito tempo, cada vez que vinha celebrava e batizava quem queria, muitos foram batizados nas celebrações, mas não aderiram esta religião, para os índios era uma pessoa boa, só não para os seringalistas que o odiavam.
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