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Entrando no Clima - Uma Análise Sociológica das Relações Entre a Sociedade e o Meio Ambiente

Por:   •  15/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.719 Palavras (7 Páginas)  •  431 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE HISTÓRIA

ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO

“ENTRANDO NO CLIMA”, UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA DAS RELAÇÕES

ENTRE A SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE.

VANDEIR ALVES DOS SANTOS

01/11/2016

ASPECTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS

A represa da Várzea das Flores é uma das sete grandes represas que fazem parte do Sistema Integrado de Abastecimento de Água da região Metropolitana de Belo Horizonte, sendo uma das unidades do Sistema Paraopeba, possui uma área inundada de 5,5 km2 formando um perímetro de 54 km. Está situada nas coordenadas 190 55’ 15” S e 440 10’ 23” W tendo a maior parte de sua área no município de Contagem e a outra parte no município de Betim. A bacia hidrográfica do reservatório é protegida pelo APA Várzea das Flores, com 12.300 hectares, criado pelo decreto 20.793 de 8 de setembro de 1980 e abrange os municípios de Betim e Contagem. A bacia da Várzea das Flores é composta por 7 sub-bacias representadas pelos córregos Água Suja, Morro Redondo, Bela Vista, Batatal, Lage, ribeirão Betim e a própria contribuição direta da lagoa.

Na década de 60 Contagem enfrentava um sério problema de abastecimento de água e após pesquisas verificou-se que o melhor local para a construção de uma represa seria no rio Betim na divisa entre os dois municípios. O Decreto Estadual nº11.200 de 28 de junho de 1968 autorizou o município de Contagem a aproveitar para abastecimento e aplicação industrial as águas públicas dos cursos denominados Várzea das Flores, Água Suja e São Sebastião, formadores do Ribeirão Betim.   Betim também não possuía um sistema próprio de abastecimento e sendo assim os dois municípios se associaram e construíram a represa que entrou em operação no ano de 1972 com uma capacidade de fornecimento de 1300/1400 litros de água por segundo, sendo responsável por cerca de 10% do abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A lei Municipal nº 1.142, de 3 de janeiro de 1974 autorizou a prefeitura de Contagem a celebrar convênio com a então Companhia Mineira de Águas e Esgotos - COMAG, atual COPASA, para estabelecer condições de realização do programa estadual de saneamento no município.

IMPACTOS AMBIENTAIS

Ao longo dos anos a região que abrange a bacia hidrográfica da Várzea das Flores sofreu uma ocupação desordenada e isso afetou diretamente a qualidade da água e na preservação dos mananciais que abastecem o reservatório. O primeiro estudo que evidenciou de forma mais abrangente os impactos negativos que a represa vinha sofrendo com a ocupação descontrolada de sua bacia hidrográfica foi realizado em julho de 1997 com o Programa de Desenvolvimento Ambiental da Várzea das Flores realizado em consonância com o Programa de Saneamento Ambiental das Bacias dos Ribeirões Arrudas e Onça a cargo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da prefeitura municipal de Contagem.

Nas pesquisas realizadas junto a população da bacia durante a elaboração dos relatórios evidenciou a poluição hídrica como a mais perceptível pelos habitantes. Sendo o lixo o segundo problema mais mencionado superado apenas pela ocorrência de esgoto nos afluentes. O estudo observou que as maiores concentrações populacionais se concentram em maior número nas sub-bacias de Água Suja e Morro Redondo.

Decorridos 20 da realização desse relatório a situação se agravou ainda mais devido a fraca ocorrência de chuvas, a debilidade dos mananciais e ao uso irregular da água pelas habitações da orla que levaram o nível do reservatório a valores preocupantes, chegando ao ponto de ser proibido o uso recreativo do lago em alguns períodos. Em 2013 a piora da qualidade da água obrigou a COPASA a substituir o processo de filtração direta por outro que conta com a utilização de unidades de floculação e flotação para a retirada de algas tóxicas.

Um outro fator que também contribui para degradação ambiental da represa é o lixo deixado por banhistas e pescadores. Com a baixa ocorrência de chuvas e o consequente rebaixamento do leito é possível observar uma grande quantidade de rejeitos que foram depositados no leito do reservatório. Ainda hoje, mesmo com uma forte diminuição do número de frequentadores, é possível encontrar muitos detritos deixados diariamente por quem busca o local para entretenimento, principalmente nos fins de semana. A situação atual é ainda pior pois a parte seca do leito passou a ser frequentada e o lixo que antes ficava na margem, fora da água, agora fica dentro da área de cobertura do reservatório, havendo a normalização do nível do reservatório todo esse lixo estará dentro da lagoa.

Em visita ao local é possível perceber a insatisfação de alguns frequentadores com a situação da represa. O biólogo Hélio Júnior é enfático quanto a necessidade de ações urgentes no sentido de diminuir os impactos sofridos pelo reservatório, principalmente quanto a ocupação irregular da orla o que ele julga como principal causa da degradação que se vê nas margens. Segundo o biólogo a quantidade de visitantes deveria ser controlada e aqueles que entrarem deveriam ser orientados no sentido de serem conscientizados quanto a normas ambientais. Já o fotógrafo Deivisson Fernandes vê a falta de estrutura como principal problema. De acordo com o fotógrafo a prefeitura deveria disponibilizar banheiros e lixeiras para uso dos frequentadores. “Se tivesse lixeiras o pessoal não jogaria lixo na água” comenta. É interessante observar que a questão do esgoto passa desapercebida pelos frequentadores que desconhecem a gravidade da situação. A resolução nº 274 do CONAMA estabelece que a quantidade máxima de coliformes fecais para água de contato primário (banhos no local) é de 2500 por 100 mililitros, no entanto amostra colhida dia 11/08/2016 indica a quantidade de 9600 coliformes por 100 mililitros.

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DETRITOS DEIXADOS POR BANHISTAS - FOTO VANDEIR SANTOS

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DETRITOS DEIXADOS POR BANHISTAS - FOTO: VANDEIR SANTOS

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FOGAREIRO CONSTRUÍDO NO LEITO SECO DA LAGOA - FOTO: VANDEIR SANTOS

AÇÕES

De acordo com Rômulo Thomaz Perilli, diretor de operação metropolitana da Copasa, o bairro de Nova Contagem (contribuinte da sub-bacia da Água Suja) já conta com estação de tratamento que impede o despejo do esgoto daquele bairro no afluente da Várzea das Flores e já se encontram em construção várias estações elevatórias que também impedirão a chegada de outros esgotos no reservatório.

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