Escola Superior de Comunicação Social
Por: carlota290 • 28/11/2018 • Trabalho acadêmico • 3.231 Palavras (13 Páginas) • 133 Visualizações
Escola Superior de Comunicação Social
2018-2019
Barros, J. Leitão de, “Anglofilia e Germanofilia em Portugal, durante a II Guerra Mundial”, Portugal na II Guerra Mundial”
Curso: Jornalismo
Turma: B
Disciplina: História dos Media[pic 1]
Professora: Júlia Barros
Política externa Portuguesa
Tudo começa a 1 de setembro de 1939, aquando da invasão da Polónia pelas tropas nazis. Nesta data Portugal declarava a neutralidade:
“O Governo considerará como maior alto serviço ou a maior graça da Providência poder manter a paz para o povo português, e espera que nem os interesses do País, nem a dignidade, nem as obrigações, lhe impunham comprometê-la.”
Ao adotar uma política neutral em situação de guerra, um país não apoia qualquer das partes em conflito. Já numa situação de neutralidade colaborante, como a adotada por Salazar, Portugal manteve uma política neutral, mantendo, contudo, as trocas comerciais bem como as relações institucionais relativamente às partes beligerantes.
Portugal era um país fortemente atrativo para ambas as partes beligerantes (Aliados e Eixo) devido, fundamentalmente, à sua importância geoestratégica e geográfica, em particular dos Açores, pela sua riqueza de volfrâmio e também pela opção de neutralidade adotada pelo Governo.
Ao adotar uma posição neutral, evitando por conseguinte a guerra, Portugal beneficiou da tranquilidade desejada por Salazar, tirando partido da paz quer a nível económico, quer político, conseguindo ainda manter a integridade física do Império Colonial mesmo após terminadas as hostilidades.
A neutralidade portuguesa torna-se então o pano de fundo da atuação do regime e dos beligerantes naquele que vai ser um vasto campo de batalha não militar: a conquista de opinião pública.
Graças à propaganda, a sociedade portuguesa irá ver-se dividida entre germanófilos e anglófilos, não só dentro do povo, como no seio do governo, no corpo diplomático, no exército e na polícia política.
Germanofilia:
- Esperança na vitória Alemã
- Estava presente em muitos dos contornos ideológicos do Estado Novo, que mostravam uma clara empatia ideológica com os regimes totalitários:P.V.D.E; S.P.N e D.S.C.
- Mário Figueiredo, ministro da Educação ou Santos Costa, ministro da Guerra, são germanófilos.
- Para os germanófilos, a Aliança Luso-Britânica não era justa para ambas as partes: os interesses britânicos eram favorecidos em relação aos portugueses.
Anglofilia:
- Esperança na vitória inglesa.
- Admiração pelo sistema tradicionalista, conservador e hierárquico de Inglaterra.
- Os anglófilos veneravam a estabilidade imperial da Inglaterra ainda que menosprezando os princípios democráticos e liberais que ela e os seus aliados representavam para outros setores da sociedade portuguesa.
- Exemplo de anglófilos: Marcelo Caetano, comissário nacional da M.P; Rafael Duque, ministro da arquitetura.
ALEMANHA
A propaganda alemã envolve uma estratégia de aproximação às classes dirigentes no Estado Novo. Em outubro de 1939, lançam um boato que vão constantemente repetir, de que Londres, descontente com lisboa, planeia a queda de salazar.
A Alemanha neste conflito inspirou-se nas medidas de propaganda usadas pela Inglaterra na Primeira Guerra Mundial. Assim que Hitler subiu ao poder, foi criado o Ministério da Educação Popular e Propaganda, entregue a Joseph Goebbels, tornando-se assim o primeiro país a criar um ministério dedicado à propaganda ainda em tempo de paz, porém, a maior parte da propaganda alemã vinha clandestinamente através de Espanha.
Aproveitando o facto de Portugal contar também com um regime autoritário de direita, a Alemanha começa a salientar as semelhanças do regime português com o nazi, nomeadamente relacionando a Mocidade Portuguesa com a Juventude Hitleriana, sendo uma das suas armas para reunir adeptos para a sua causa.
Paralelamente vê em Portugal uma grande possibilidade de implantar as suas ações de propaganda, defendendo desde sempre que a vitória dos Aliados significaria o fim do Estado Novo.
INGLATERRA
Para a Inglaterra não surgiu de imediato a necessidade de criar em Portugal uma máquina dinâmica de propaganda. Primeiro porque o ritmo dos acontecimentos não obrigava à realização de pedidos ao governo português e, segundo, porque o país se cobria de uma tendência anglófila nítida, tendo isto um grande impacto na opinião pública.
Nas publicações editadas em Portugal, preferencialmente promovia-se a figura de Carmona e de personalidades mais ligadas à causa Aliada. O conflito mundial é apresentado como um choque ideológico no qual se jogava o futuro dos regimes democráticos face à ameaça dos regimes fascistas. Esse era um dos trunfos que os Aliados usavam, procurando dar a conhecer as vantagens de um regime democrático através de atividades como o voto e o funcionamento de uma assembleia de deputados.
Linha cronológica
O regime português conhecia a importância da propaganda. Ainda assim, foi com alguma surpresa que se apercebeu do impacto da propaganda estrangeira a partir de 1939. Esta surpresa foi visível num dos Boletins da União Nacional que dizia:
“Rebentada a guerra, o país foi pouco a pouco avassalado pela propaganda dos beligerantes, e depressa se verificou um estado de saturação completamente deletério, do ponto de vista nacional. A opinião portuguesa intoxicou-se progressivamente (…) já quase não sabem distinguir a fantasia da realidade”
Ao longo dos anos de guerra, com o objetivo de combater essa propaganda e manter a neutralidade de Portugal, o poder político desenvolve esforços para controlar a difusão das mensagens dos beligerantes. Os principais órgãos encarregues deste controlo foram o Secretariado de Propaganda Nacional e os serviços de Censura, com a colaboração das forças policiais e da alfândega. A Censura produz um «Boletim Diário» onde estão presentes os principais cortes efetuados, servindo de exemplo às delegações para o controlo das atividades.
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