Fichamento: A virada
Por: dans123 • 23/6/2019 • Trabalho acadêmico • 1.949 Palavras (8 Páginas) • 354 Visualizações
Fichamento do Livro: Grennblat, Stephen. A virada: O Nascimento do Mundo Moderno, São Paulo, Companhia das Letras, 2012.
No prefácio o autor conta como foi seu primeiro contato com a tradução do poema de Lucrécio, Da Natureza do Latim De rerum natura, datado de 2 mil anos e como esse poema influenciou em sua vida pessoal. E apresenta a descoberta de Poggio Bracciolini.
A obra possuí 11 capítulos. No primeiro capítulo, ‘’O caçador de livros’’, o autor descreve a vida de Poggio antes de tornar-se o caçador de livros. Poggio possuía uma vida confortável, era Secretário apostólico do Papa João XXIII, que após acusações de imoralidade foi julgado e condenado, sendo assim destituído do cargo. Seus funcionários foram dispensados de seus cargos, sem emprego Poggio se torna o caçador de livros. Poggio não escolhe essa ocupação por interesse em livros com adornos preciosos e de alto valor comercial, seu real interesse eram os manuscritos da Antiguidade.
O capítulo segundo, ´´O momento da descoberta’’ descreve como o sucesso de Petrarca com o achado da História de Roma de Lívio e outras obras-primas possibilitou o surgimento do estudo das humanidades, e com ele os Humanistas, que possuíam grande interesse por livros da Roma Clássica, motivando a busca por essas obras, principalmente em mosteiros. Os monges, obrigados a ler pela Regra Beneditina possuíam um rico acervo de livros, e a partir da necessidade de preservação desses livros, os tornaram-se além de leitores, bibliotecários, conservadores e produtores de livros. O acesso aos monastérios era difícil, e conseguir um livro de interesse dos humanistas era tarefa árdua, Poggio possuía certa vantagem na caça por livros, em razão da sua facilidade de comunicação. Estudiosos acreditam que após se separar de seu companheiro de viagem Bartolomeo de Aragazzi, Poggio foi para a antiga abadia beneditina de Fulda na Alemanha, onde encontrou diversas obras, entre elas De rerum natura de Tito Lucrécio Caro.
No capitulo terceiro, ‘’Em busca de Lucrécio’’, o autor demonstra que a obra de Lucrécio já era admirada pelos homens de seu tempo, como o poeta romano Virgílio, que dedicavam a ele citações em livros, além dessas citações pouco se sabia a respeito de Lucrécio antes da descoberta de De rerum natura. Descobertas arqueológicas séculos depois da descoberta de Lucrécio por Poggio, em um sítio arqueológico no balneário de Herculano, na baía de Nápoles, permitem a suposição de que o próprio Lucrécio teria frequentado a casa de verão, que se tornou um sítio arqueológico conhecido como Villa dos pergaminhos, devido a erupção de vulcão. No capítulo também é compreensível a influencia da filosofia epicurista na obra de Lucrécio.
No capítulo quarto, ‘’Os dentes do tempo’’ é descrito pelo autor, que apesar da enorme produção de obras escritas na Antiguidade, principalmente grega e romana, poucas obras sobreviveram ao tempo, devido a fragilidade da tinta utilizada e a ação de traças. Um exemplo de um imenso acervo que se perdeu é a biblioteca de Alexandria, que com a ascensão do cristianismo foi esquecida, devido aos seus textos pagãos, o abandono da biblioteca de Alexandria é marcada pela morte de Hipatia. Com o cristianismo se tornando religião oficial de Roma, inicia-se um processo de perseguição às ideias de Epicuro, que não acreditava na ressurreição e ainda prezava pela busca do prazer e consequentemente a diminuição da dor, ideias completamente antagônicas as cristãs, que valorizavam a dor física como uma forma de conquistar a salvação. Após séculos de perseguição, o cristianismo teve êxito em criar a imagem de que Epicuro e Lucrécio eram insanos. Apesar das ideias completamente antagônicas, a descoberta da obra de Lucrécio é realizada em um mosteiro.
‘’Nascimento e renascimento’’ é o título do quinto capítulo, no qual o autor descreve a trajetória de Poggio até sua ida para Roma. Nascido em 1380 em Terranuova, Poggio Bracciolini, se muda com a família em 1390 e chega a Florença com poucos recursos. Em meio a oligarquias florentinas, Poggio encontra um jeito de se destacar devido a sua bela caligrafia, característica valorizada na época. Salutati, chanceler da Republica Florentina dividia com Petrarca a admiração pela antiguidade, e ambos influenciaram diversos humanistas, entre eles Poggio e Niccoló Niccoli, que foi um dos primeiros europeus a colecionar obras da Antiguidade, inclusive livros, possuindo cerca de 800 manuscritos. Ambos eram discípulos de Salutati e juntos fundaram a grafia humanista. Mesmo sendo um apreciador das obras clássicas, Poggio diferente de Niccoli, não era de família influente e, portanto, não possuía a fortuna da qual seu amigo dispunha para patrocinar sua coleção, dessa forma, Poggio parte para Roma com uma carta de recomendação de Salutati.
O capitulo sexto é denominado ‘’Na fábrica de mentiras’’, nesse capítulo é narrada a vida na cúria de Poggio. Com o auxilio de Salutati, Poggio consegue a posição de escriba (scriptor) na corte romana, e apesar das oportunidades, ele não se interessa por um cargo sacerdotal, pois, conservava certo repudio a esses cargos. Poggio foi responsável por escrever o Facetiae, que eram registros de reuniões de secretários da corte, na chamada Fábrica de Mentiras, onde eles contavam histórias e piadas, principalmente de teor sexual das quais nem o Papa era poupado. Além das piadas e histórias, Poggio realizou críticas mais severas e contundentes aos homens da Igreja, em seu ensaio Contra os hipócritas, em que ele lista maneiras de conhecer um hipócrita e ainda afirma que todos os monges da cúria são hipócritas. Seu cargo na cúria permitia que ele realizasse essas críticas sem uma repressão severa. Apesar do repudio a cúria, Poggio não possuía outra opção de trabalho, e tinha esperança de se aposentar cedo. Mesmo com todos os conflitos políticos e pessoais que o cercavam, ele buscava refugio na leitura, a usando para alcançar a liberdade. Em 410 aceita o posto de Secretário apostólico oferecido pelo Papa recém eleito Baldassare Cossa.
Em ‘’A armadilha de caçar raposas’’ (capitulo sétimo) o autor conta a vida de Cossa. Ele pertencia a uma família rica, que possuía uma ilha perto de Nápoles e que construíram fortuna com a pirataria. Homem de excessivas qualidades foi governador de Bolonha, camerlengo particular de Bonifácio IX e tornou-se Papa. No inicio de seu papado houve esperança de que ele resolvesse a cisma da Igreja, que já durava mais de 30 anos, entretanto, essas expectativas não foram cumpridas. Estudiosos da Universidade de Paris propuseram três formas para a resolução da cisma, entre elas a ‘’Via do Concílio’’. Com a invasão
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