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Fichamento: Costumes em Comum - Estudos sobre a cultura popular tradicional

Por:   •  8/5/2018  •  Resenha  •  1.183 Palavras (5 Páginas)  •  1.492 Visualizações

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THOMPSON. Edward Palmer. Tempo, disciplina de trabalho e o capitalismo industrial. In: Costumes em Comum – estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia das Letras, 1998. p.267-304.

Nascido em 1924 em Oxford, Inglaterra, Edward Palmer Thompson, estudou História na Universidade de Cambridge, onde interrompe o curso para servir ao exército durante a II Guerra Mundial, na luta contra o nazi-fascismo.

Aos 24 anos foi contratado pela Universidade de Leeds como docente de trabalhadores e pessoas comuns. Sua experiência como professor foi fundamental na redação do seu livro, A formação da classe trabalhadora inglesa, uma de suas obras mais importantes.

Thompson aderiu ao Partido Comunista da Grã-Bretanha (PCGB) no começo da II Guerra Mundial, quando ainda estudava História. Ativo na formação de um grupo de historiadores, do qual pertenceram Eric Hobsbawm, Christhopher Hill, Doroty Thompson, entre outros, tal militância se tornou o principal núcleo de elaboração do marxismo na Inglaterra, entre 1946 e 1956, foi fundamental na formação intelectual de Thompson.

Costumes em Comum trata-se de um compilado de textos escritos há cerca de 20 anos, em meados dos anos 70. Na edição de 1991, poucos anos antes da morte do autor (1993), justificou no prefácio o seu atraso devido ao seu envolvimento com o movimento pacifista e com interlocutores antropólogos.

Em 1976, em entrevista à Radical History Review, Thompson, acerca de suas intenções com o livro, fala - Em Costumes em Comum - meu inacabado livro de estudos de história social do século VIII - sobre paternalismo, tumulto, clausura e direitos comuns, e sobre várias formas de rito popular, o que me preocupa são sanções econômicas e regras invisíveis que governava o comportamento com tanta força, como a força armada, o terror ao patíbulo ou o domínio econômico. Em certo sentido, o que eu examino são sistemas "morais" e de valores, como no caso da economia moral da multidão nos tumultos de subsistência ou como no ritual charivari: mas não na forma clássica "liberal" - como zonas de "livre arbítrio" divorciadas da economia - nem como num modo sociológico ou antropológico clássico, segundo o qual sociedades e economias são consideradas independentes de sistemas de valores. O que eu examino é a dialética da interação, a dialética entre "economia" e "valores" (THOMPSON, 1976).

Costumes em comum está entre as principais obras deste historiador inglês cuja obra encontra um diálogo entre a visão marxista da história e as abordagens que procuram o valor cultural na prática dos agentes históricos, bem como no capítulo a ser discutido, “Tempo, disciplina de trabalho e o capitalismo industrial”, sendo ele Marxista, certamente não ortodoxo, Thompson não deixa de fazer referência a Weber no início da exposição, como também vai trazer ao longo do texto uma série de relatos e estudos de outros autores que expõem como é a percepção temporal entre os séculos XVII e XVIII na Europa ocidental, relacionando essas alterações na forma de perceber o tempo com impactos na disciplina de trabalho.

No início do capítulo o autor diferencia a percepção de tempo em “tempo da natureza e o tempo do relógio” diferenciando-os como: o tempo da natureza pode ser entendido como uma visão cíclica, isso se deve ao comportamento cíclico da natureza que se expressa nas estações do ano e no comportamento dos animais, já o tempo do relógio é aquele que passa a ser expresso em medidas temporais (horas, minutos e segundos), se intensificando com a gradual produção e disseminação de relógios na Europa (THOMPSON, 1998, p.268).

Onde prevalecia à percepção de tempo através da natureza à organização do trabalho era mais centrada nas tarefas, não se tinha separação entre o trabalho e o viver, como não havia muita separação entre trabalho e relações sociais, o tempo deveria ser preenchido (THOMPSON, 1998, p.271).

Percepção mais característica em ambientes rurais e comunidades agrícolas, onde as tarefas realizadas dependiam das estações da natureza, não existia noção de trabalho com hora marcada, o trabalho além de ser uma forma de suprir as necessidades era também uma forma de passar o tempo.

Com a introdução de relógios, principalmente em áreas mais urbanas as pessoas passaram a fazer a racionalização do tempo através de sua contagem, o surgimento de grandes manufaturas, onde passa a existir

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