Fichamento do texto A origens da independência da América espanhola
Por: Tássita Assis • 1/7/2015 • Resenha • 2.038 Palavras (9 Páginas) • 2.038 Visualizações
Ao articular sobre o primeiro capítulo do livro História da América Latina, volume III, de Leslie Bethell, compreende-se os fatores que desencadearam os ideais de independência dos hispano-americanos, em fins do século XVIII. O crescente mercado de metais preciosos, a exploração de recursos e mão-de-obra local nas colônias, a estagnação econômica da metrópole e a desunião entre a Espanha e a América Espanhola se mostram alguns pontos de destaque no pensamento de espanhóis e hispano-americanos em meio ao desenvolvimento e progresso da época. A economia das colônias, que então cresce constantemente, exporta seus materiais para uma metrópole "parada no tempo", que abusa de importações e não investe seu capital em infraestruturas. Esta mesma metrópole, subdesenvolvida em sua mentalidade, ainda se encontra em transição do raciocínio medieval, não entende a lógica mercantil de desenvolvimento e portanto, não se integra com a América espanhola.
No momento que a produtividade da Espanha entra em declínio, os Bourbons decidem por implantar reformas, lançando conceitos de racionalização e modernização. Entende-se por seu plano inicial visar a renovação da economia, da sociedade e de suas instituições, baseando-se na mentalidade fisiocrata, onde toda riqueza provem da terra, e nos ideais iluministas, colocando a modernidade em luta contra a tradição, procurando favorecer a ascensão da economia espanhola. Assim entende-se que, dentre essas medidas tomadas pelas reformas bourbônicas, está a apropriação das terras da Igreja, vistas como mercadoria a ser comercializada para melhorar a produtividade na agricultura e junto com o crescimento populacional, as terras se tornam cada vez mais necessárias para o desenvolvimento da colônia e consequente exploração de seus serviços pela Espanha.
Este capítulo ainda deixa claro que na metrópole as propostas de reforma não se sustentam em meio a propagação das ideias da Revolução Francesa e enfatizam o pensamento de não investir no lucro de indústrias e o governo continua a adquirir mais terras e artigos de luxo importados. Seu crescimento econômico nesse momento se encontra bloqueado, e uma das razões é a dificuldade de atravessar o interior da província por terra, vendo mais facilidade em alcançá-las por mar, em razão disso, concentra seu desenvolvimento nas frotas de navios. E enquanto a coroa enxerga as colônias somente como fonte de metais preciosos para exploração e arrecadação de impostos e taxas, perde sua credibilidade, abrindo portas para a quebra do pacto colonial.
Assim sendo, o mercado da América espanhola se encontra em plena ascensão, mas ainda é impedida de comercializar com outros Estados, tendo como único importador a sua própria metrópole. A Espanha necessitava de um escoamento para suas próprias manufaturas e via na América espanhola grande potencial para usufruí-las. Então por lei, proíbe a população de criar manufaturas nas colônias, deixando claro o atraso para seu desenvolvimento e fazendo com que os gastos com importações, como as de tecido, aumentassem consideravelmente. Essas decisões da metrópole mostram notoriamente que sua visão sobre as colônias não passa de básica exploração de recursos. Não há complementaridade econômica entre as duas, sendo que a Espanha não nota a América como consumidora. Não há interesse da metrópole em atender as súplicas por recursos das colônias, isso porque não possuíam meios para investir no desenvolvimento e mal se organizavam economicamente, deixando suas colônias cada vez mais desamparadas. No entanto, mesmo que uma das estratégias de organização dos Bourbons fosse a formação de vice-reinos, a América espanhola também não demonstrou grandes interesses em unificação dos territórios, separando-se através das rivalidades e delimitando o que viriam a ser as futuras divisões de nações. O pensamento de se tornarem independentes da metrópole ainda não pairava sobre suas cabeças.
O texto ainda aponta outra dificuldade encontrada nas colônias, que foi a competição criada entre comerciantes locais e os produtos importados. Esses comerciantes encontravam sérias dificuldades para manter seus negócios, pois os produtos importados chegavam com preços mais atraentes e muitas vezes materiais de melhor qualidade. A agricultura também não progredia com a falta de mão-de-obra, visto que os índios eram remanejados para trabalharem nas minas de extração de ouro e prata. Os interesses da Espanha se fixavam em manter a dependência das colônias e não em suavizar suas necessidades. Não acolhiam a ideia de que a América espanhola se tornasse independente e auto-suficiente, pois não dependendo da metrópole tomariam partido de seus próprios negócios e a Espanha perderia um fornecedor em potencial e escoamento de suas manufaturas, com o tempo sua economia entraria em decadência novamente.
A desorganização comercial da coroa espanhola facilitou o aproveitamento das oportunidades de lucro de outras províncias, estas se aproveitam do vácuo existente na relação comercial entre metrópole e colônias, e com a guerra entre Espanha e Inglaterra, a situação piora para a metrópole. Ao perder sua frota de navios mercantes, a Espanha proíbe a comercialização entre América espanhola e Inglaterra, passando a ter sua comunicação com a colônia bloqueada por seu inimigo. A economia inglesa, por sua vez, entra em ascensão, se expandindo ininterruptamente e sem fiscalização da metrópole, a América espanhola passa a comercializar com outras províncias, através dos contrabandos e retoma suas atividades manufatureiras, tornando-se zona de livre comércio internacional.
O autor destaca o papel da Inglaterra no texto deixando nítido que mesmo em meio a crise, tendo o continente europeu com portas fechadas para seu comércio, a Inglaterra vê outras oportunidades igualmente lucrativas no comércio com as colônias espanhola e portuguesa, suficientes para manter sua economia estável, também não tinham interesse em intervir nas terras colonizadas pela Espanha, mantendo-se neutra. Deste modo, a situação de poder sobre as colônias se tornou ainda mais desfavorável para a Espanha, quando os consumidores hispano-americanos se dão conta de que suas importações, por sinal mais econômicas, da Inglaterra abastecem suas necessidades, enquanto sua metrópole se encontra paralisada. Assim começam a surgir os primeiros questionamentos sobre "a manutenção de poder da metrópole".
Enquanto isso, pode-se compreender que a tensão entre a América Espanhola e a Espanha só aumenta, pois as colônias são responsáveis pelo abastecimento da metrópole não só através dos metais preciosos, como também da lavoura e pecuária. Em meio a essa guerra, o México ainda se destaca como produtor da
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