Formação do Professor no Brasil
Por: JOCA GAMER • 30/9/2020 • Artigo • 1.338 Palavras (6 Páginas) • 167 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM HISTÓRIA, CIÊNCIAS, ENSINO E SOCIEDADE
DISCIPLINA: TENDÊNCIAS INVESTIGATIVAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
PROFESSOR: ALESSANDRO JACQUES RIBEIRO
ALUNA: CÁSSIA COSTA DE CERQUEIRA
Síntese do texto: GATTI, B. A. Formação de professores no Brasil: características e problemas. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 113, p. 1355-1379, 2010.
O texto aborda a formação de professores no Brasil suas características e problemas a partir de um estudo que coletou dados relativos a quatro aspectos da formação docente: a legislação que ampara esta formação; características dos cursos formadores de professores para educação básica; os currículos e ementas de licenciaturas para formação de professores da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental (curso de Pedagogia) e professores especialistas de ensino fundamental II e médio na modalidade regular, Educação para jovens e adultos e ensino profissionalizante das licenciaturas em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Biológicas.
Em uma abordagem cronológica a autora apresenta o aparato legal que norteou as exigências para a prática docente quanto à formação escolar e acadêmica dos professores para educação básica desde o século XIX, mostrando um movimento jurídico que buscou adequar e ajustar a formação dos professores a diferentes contextos sociais, políticos e históricos do Brasil em um processo onde os requisitos para o exercício da profissão docente estava relacionado a etapa da educação básica: no século XIX para a fase de educação infantil e alfabetização a formação especifica proposta era o nível de ensino secundário (corresponde hoje ao ensino fundamental II 6º a 9º ano), no século XX surge a preocupação para formação de professores do ensino secundário e os profissionais liberais (bacharéis) e autodidatas poderiam ministrar aulas nesta etapa da educação básica, os bacharéis deveriam acrescentar 1 ano de formação com disciplinas da área da educação para obter licenciatura e atuar no ensino secundário.
O curso de Pedagogia que, a princípio formava bacharéis (especialistas em educação), também se aplicava este modelo de formação com a possibilidade de adicionar mais um ano na formação de estudantes com disciplinas voltadas a educação para atuarem como professores em escolas normais. Em 1986 curso de Pedagogia foi reformulado e as instituições que ofertavam o curso poderiam optar em incluir em seus currículos formação para a docência dos anos iniciais do ensino fundamental, as instituições privadas adaptaram seu currículo para oferecer esta formação, mas as públicas mantiveram o bacharelado. Em 2006 uma Resolução que propõe diretrizes curriculares nacionais para cursos de formação de professores estabelece para o curso de Pedagogia a licenciatura e formação para Educação Infantil, Fundamental I e Ensino médio (na modalidade regular e EJA), além da formação de gestores. Este curso passa a ter amplas atribuições e contemplar todas as demandas do curso em uma matriz curricular e no tempo de duração torna-se uma tarefa difícil.
A Lei 9294 de 1996 LDB propõe alterações em instituições e cursos formadores de professores, estabelecendo um prazo de 10 anos para efetivar as mudanças e, em 2002 novas propostas nas Diretrizes Nacionais Curriculares para formação de professores, dá início ao processo de verticalização desta formação para áreas curriculares especificas. Esse processo torna a formação de professores para educação básica fragmentada em todas as licenciaturas e dificulta uma base comum formativa para as diferentes áreas do conhecimento que contemple pesquisa, extensão, reflexões e teorias relacionadas a didática e prática docente. A autora deixa claro que a formação dos professores não é o único fator responsável pelo desempenho das redes de ensino e elenca que há diversos fatores que interferem nos problemas do sistema de educação brasileiro.
Para ampliar o debate a autora aborda as características dos cursos de licenciatura a partir de dados coletados entre 2001 e 2006 que evidenciam o aumento na oferta de cursos de licenciaturas e crescimento das matrículas para estes cursos, porém destaca que a média de conclusão nestes cursos é baixa.
Outro aspecto sobre a formação dos professores que a autora nos propõe refletir a partir do texto é sobre o perfil dos estudantes dos cursos de licenciatura. Destaca que a maioria são do gênero feminino, que concluíram a educação básica em escolas públicas, possuem renda familiar média entre 3 a 10 salários-mínimos, seus pais com escolaridade até o nível médio e o desejo de ser professor é a motivação para escolha do curso de licenciatura.
A autora encerra essa importante reflexão analisando os currículos dos cursos de licenciatura para formação de professores da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) do curso de Pedagogia e formação de professores de ensino fundamental II e médio das disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Biológica que foram as disciplinas selecionadas por terem maior carga horária na educação básica.
Nos currículos dos cursos de Pedagogia avaliados a autora diferencia as disciplinas denominando de “Como Ensinar” as relacionadas à Didática geral e especifica, Metodologias e Práticas de ensino e elas representam 20,7% da grade curricular e esta formação é insuficiente pois há um desequilíbrio entre teoria e prática, favorecendo mais teorizações abstratas em detrimento de uma formação para prática docente. As disciplinas destinadas aos conteúdos que devem ser ensinados no ensino fundamental I são chamadas “O que ensinar” e correspondem a apenas 7,5% da grade curricular, ou seja, há maior preocupação com as disciplinas que abordam justificativas do “Porquê ensinar” do que “O que ensinar” e “Como ensinar”. A Educação infantil e Educação Especial são pouco contempladas nos currículos analisados e questões relativas a estas modalidades são abordadas de forma genérica e descritiva, demonstrando novamente o favorecimento teórico e poucas referencias práticas.
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