Historia das colonizações

História das colonizações

Das conquistas as independências séculos XIII a XX

O colono perseguido em seu próprio pais antes de partir, fora se instalar ali aonde Deus o conduzira. Pg 11.

Por uma exigência última de orgulho, a memória histórica europeia atribuiu-se um derradeiro privilegio, este de denegrir suas próprias atrocidades, de avalia-las ela mesma, com uma intransigência excepcional. Pg 11

Esta audácia é problemática, quando a tradição anticolonialista afirma que, se não houve carrinhos de tração humana na Exposição Colonial de 1931. Pg 11

Conforme Frantz Fanon já observava, “porque ela é o prolongamento dessa metrópole, a historia que o colono escreveu não é a da colônia saqueada, mas a historia de sua própria nação”. Pg 12

Hoje não mais se considera, como se fazia antigamente, que esses povos não tiveram historia: já não se fala em “séculos obscuros”, e sim em “séculos opacos”(Lucette Valensi) pg 12.

Durante cinco séculos os europeus de fato encarnaram, e assim selaram a unificação do mundo. Pg 12

Antes das colonizações europeias, houve a colonização dos gregos, dos romanos, dos árabes e dos turcos que conquistaram o mediterrâneo. Pg 12

Nosso projeto não consiste em fazer um inventario de todos os fenômenos de expansão ou de colonização, ou em banalizar o fenômeno colonial europeu: mas quando for o caso, em confrontá-los com outros. Pg 12

Essa premissa de mundializar traduz o cuidado de não reproduzir uma visão eurocentrista da historia. Pg 12

Considerar a colonização como um fenômeno que não deve ser dissociado do imperialismo. pg 13

 O império Otomano pouco antes de 1914, o Irã, certos Estados da América Central ou do Sul etc. viveram sua historia como a de uma luta contra as potencias imperialistas. Pg 13

E se é verdade que o discurso colonial pode encobrir a visão dos vencidos, isso não significa que, nos tempos em que eram subjulgados, eles tivessem desistido da ideia de retomar o controle de sua própria historia. Pg 13

O exemplo do império russo permite-nos indagar se o problema nacional e o problema colonial são diferentes. Pg 13

Colonização ou imperialismo

O ouro ou cristo

A colonização é associada a ocupação de uma terra estrangeira, a sua exploração agrícola, a instalação de colonos. Pg 17

A “verdadeira aventura colonial” começa com os exploradores do século XV, quando Jean de Bethencourt recebe de Henrique IV, rei de Castela, as Canarias como feudo. Pg 17

Temos como colono e colonização desaparecem do vocabulário histórico durante o período que vai da época romana ao século XV. Pg 17

“A colonização é um fator essencial da nossa historia”, escrevia o historiador Kljuchevski em 1911. “Seu desenvolvimento explica tanto o crescimento quanto as mudanças por que passaram o estado e a sociedade desde Rus, a Russia de Dnieper. Pg 17

Até o século XII, a expansão ocorreu sem maiores tropeços, mas isso mudou tão logo o principado de Suzdal-Rostov emancipou-se de Kiev e bloqueou a circulação entre Novgorod e suas colônias. Pg 18

O caso da Russia significaria que, entre a expansão territorial em direção da Siberia e a conquista das regiões tártaras e turcas, existe, decerto, uma ruptura, mas também uma semelhança, a não ser quanto as dificuldades a superar. Pg 18

Expansão territorial e colonização são, nesse caso, quase sinônimos, ao passo que no ocidente nós as distinguimos perfeitamente, é o espaço marítimo que, supostamente, deve diferenciar a primeira, que é uma questão nacional, da segunda, que é a questão colonial. Pg 18

Os descobrimentos deram uma nova dimensão ao fenômeno da colonização, e por vezes a sua natureza, mas o expansionismo lhe é anterior. Pg 19

É exatamente a visão da tradição árabe. Esta considera que a expansão europeia começa com as cruzadas, primeira expressão do “imperialismo”. A tradição ocidental, ao contrario, considera as cruzadas uma tentativa de reconquistar a terra santa do islamismo. Pg 19

Para os muçulmanos, Bizancio encarnava a sobrevivência de um estado dominado por uma religião ultrapassada, o cristianismo. Pg 19

“A primeira aparição do Império dos Francos, a invasão por eles da terra do islã ocorreu em 478 [1086, era cristã], quando finalmente tomaram Toledo. Depois, atacaram a Sicilia, a África, e finalmente, em 490, a Síria”. Pg 22

De modo geral considera-se que a ultima cruzada foi a de São Luis a Tunis, em 1270, posteriormente falou-se de uma “13 cruzada”, quando três séculos depois, por iniciativa do papado e de Felipe II da Espanha, as frotas cristãs venceram o islã na batalha de Lepanto (1571). Pg 22

Para poder negociar com a India e a China, bem conhecidos desde as viagens de Marco Polo, precisavam encontrar novas rotas para evitar o Imperio Otomano.pg 22

Conforme mostrou Fernand Braudel, por volta de 1580 as atividades essenciais do comercio e da politica passaram pelo mediterrâneo para o atlântico.pg 22

De sorte quando o cristão reaparece, em 1798, em Alexandria, e em 1830, em Argel, continua a ser. Aos olhos dos muçulmano, o infiel, sempre desprezado e ignorado. Pg 23

A segunda rota, sua natureza tem certa ligação com os anteriores, como comprovam os textos do próprio Cristovao Colombo. Pg 23

A 15 de outubro de 1492, escreve em seu diário:” Não quero parar, a fim de ir mais longe visitar ilhas e descobrir ouro”. Pg 23

Portanto a riqueza o interessa, acima de tudo, por significar o reconhecimento de seu papel de descobridor. Porem, essa sede de dinheiro não justifica-se mais ainda por uma vocação religiosa que é nada menos que a expansão do cristianismo. Pg 23

A reconquista de Jerusalem, foi esse um dos objetivos de Cristovao Colombo, obcecado pela ideia da cruzada. Pg 23

O relato da partida sigilosa de mateus da etiopia mostra a ubiquidade dos agentes do Egito e o medo que os etiopes tinham dos árabes. Pg 24

Uma quarta rota, a do Norte, começou a ser traçada em inicios do século XV. Pg 24

Russos que vivem sob o jugo mongol, enviados a Pequim na qualidade de guias de caça, ou de guardas, descobrem as riquezas da China, e depois as da índia, quando voltam por Samarca. A informação circula ate Tver, onde Afanasi Nikitin organiza, a partir de 1466, uma primeira expedição a India. Pg 24

Na época, esta é a única rota que não tem cheiro de cruzada. Mas depois isso vai mudar: nos tempos do imperialismo, é em nome da ortodoxia que o czar deseja colonizar o Extremo Oriente. Pg 25