Historia do Brasil - Entrada e Bandeiras
Por: soniammeira • 22/3/2016 • Resenha • 1.657 Palavras (7 Páginas) • 390 Visualizações
Desde o início da ocupação da América portuguesa, pairava a expectativa de que, assim como na América espanhola, os metais preciosos aparecessem nesta terra.
Em meados do século XVII o governo de Portugal passou a investir na busca por metais preciosos no Brasil devido às dificuldades econômicas. Os responsáveis por essas buscas eram os bandeirantes, expandiram o território brasileiro para além das fronteiras determinadas pelo Tratado de Tordesilhas. Os bandeirantes e seus mamelucos podem ter escravizados cerca de 500 mil índios, transformaram sua capital, São Paulo, no maior centro de escravismo indígena de todo continente.
As bandeiras eram expedições organizadas pelos paulistas, que duravam meses, às vezes anos, percorria o interior utilizando trilhas indígenas e os rios da bacia do Plata, como o Tietê, Paraíba do sul e o Piracicaba.
As entradas eram expedições organizadas e financiadas por Portugal, para explorar o interior da colônia, manter os indígenas afastados da região produtora do açúcar e procurar metais preciosos. Tinham geralmente como ponto de partida as cidades de São Vicente (litoral paulista) e São Paulo, a descoberta das minas foram um desdobramento das várias tentativas da coroa portuguesa.
Podemos dividir em ciclos o período dos Bandeirantes:
No primeiro ciclo chamado “caça ao índio”, capturavam os índios para serem escravizados e vendidos aos fazendeiros de cana de açúcar. Invasões de tribos e missões jesuítas faziam as capturas dos índios para leilões. Neste ciclo os bandeirantes mais conhecidos, Antônio Raposo e Manuel Brito.
O segundo ciclo, chamando de “sertanismo de contrato”, essa fase os bandeirantes eram chamados para combater os quilombos. Domingos Jorge Velho era o bandeirante mais conhecido.
E finalmente o “ciclo do ouro”, onde os bandeirantes passam a explorar as regiões auríferas, principalmente Minas Gerais e Mato grosso, nesse período temos Fernão Dias Pais, Manoel Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Silva e Pascoal Moreira Cabral.
O Descobrimento do Ouro
Na segunda metade do século XVII muitos eram os boatos e o envio de cartas sigilosas, principalmente de São Paulo e membros da burocracia e por particulares, que chegavam a Lisboa dando conta da existência de metais preciosos (esmeralda, prata e ouro) na América Portuguesa. Diante da crise econômica que se encontrava, uma das ações da Coroa para suplantá-la foi retornar os incentivos oficiais para busca dos metais preciosos. A longa experiência no preamento de indígenas e a conquista do sertão qualificavam os bandeirantes como os mais aptos do que quaisquer outros a se embrearem no sertão em busca da riqueza. Fernão Dias Leme, foi um dos sertanista que a Coroa se reportou. De acordo com as ordens, ele deveria se organizar e realizar uma expedição rumo a serra das Esmeraldas.
Em 1674, Fernão Dias saiu para o sertão em busca da lendária serra das Esmeraldas, o Sabarabuçu, montanha lendária, descrita como uma “serra resplandecente” pelos indígenas. Sua expedição contava com seiscentos homens, quarenta brancos e os demais indígenas. Sua expedição tinha estrutura organizada e familiar, dentre os parentes que seguiam estavam: Garcia Rodrigues Paes Leme, seu filho, Manoel de Borba Gato, seu cunhado, Francisco Dias da Silva, seu sobrinho, e ainda um mameluco José Dias Paes, seu filho. De certo modo Fernão estava atendendo o chamado da Coroa e poderia aumentar seu patrimônio e de sua família com bens materiais (terras, índios, minas e etc.) ou prestigio social. Por isso, nada mais natural do que envolver filhos, sobrinhos, cunhados.
Depois de permanecer oito anos no sertão, Fernão Dias morreu de febre as margens do Rio das Velhas, onde surgiu o povoado de Vila Rica, ficando seu filho mais velho, Garcia Rodrigues, no comando da expedição. Este irá pleitear as recompensas que eram devidas ao seu pai. Embora as Esmeraldas tão almejadas não passassem de Turmalinas. Por conta desse pleito foi instituído no cargo de capitão-mor e administrador da entrada e dos descobrimento das minas.
Para ter um controle maior da situação a Coroa, resolve enviar para acompanhar de perto as possíveis descobertas, o escolhido para essa função foi D Rodrigo de Castelo Branco. Nesse mesmo ano se torna fidalgo da casa real, sua escolha foi pela experiência que tinha adquirido em suas andanças pela minas de prata em Lipes, atual Bolívia.D Rodrigo foi encarregado de fazer averiguações em Paranaguá e Sacarabuçu, justamente território onde Fernão Dias atuou. Foi concedido amplos poderes e que as autoridades locais lhe fornecessem todo apoio.
D Rodrigo morreu assinado, apesar dos indícios levarem a envolver no assassinado Garcia Rodrigues, fica livre de qualquer envolvimento com crime, atribuído a Borba Gato.
Garcia Rodrigues seguiu para São Paulo com amostras de pedras encontradas, mas em nenhum de seus relatos faz alguma menção de descoberta de ouro. Diversos autores afirmam a extração sigilosa de ouro pelos paulista, seria datado desde 1670, na região de Minas Gerais. Para comprovar a afirmação é a frequência que encontramos arrolados aos inventários de post mortem de São Paulo, instrumento ligado à mineração e várias citações remetendo a ouro propriamente dito.
Novos esforços para descoberta do ouro só seria feita na década de 1690, porém sem nenhum sucesso. Em 1690, Antônio Luís Câmara Coutinho, foi encarregado de nova expedição, mas não cumpriu a ordem. Antônio Paes de Sande, governador do Rio de Janeiro, recebeu a mesma ordem e também não cumpre. Este elabora um relatório a Coroa, mencionando as razões que os paulistas mantinham ocultas as informações sobre as minas. Entre outras coisas alerta a Coroa que a única maneira de tornar as minas conhecidas era encarregar as paulistas de seu descobrimento, oferecendo as mesmos privilégios dados a D Rodrigo Castelo Branco.
(...) honrados e pobres, de que não há poucos no Reino, e que seus descendentes ficarão aparentados com as casas de Portugal e dignos de ocuparem os maiores postos, e a sua republica florente nas qualidades e nas riquezas, e capaz, por este modo, de vir a ser a vila de São Paulo a cabeça do Brasil. ¹
Em 1694, a Coroa editou uma carta concedendo diretamente a todos os descobridores de ouro os mesmos privilégios prometidos para D Rodrigo. A carta de 1694 ordenava:
(...) Se bem que muitas investigações já tinham feitas para descobrimento das minas, das quais se diz existirem, que todas, porém não corresponderam às esperanças, principalmente ao tempo do governador d. Afonso Furtado de Mendonça, contudo não deveis negligenciar de prosseguir nessas descobertas, e como as mercês e prêmios sempre animaram os homens e dedicar-se às empresas mais difíceis, prometeis em meu nome carta de nobreza e uma das três ordens militares àquelas pessoas que, de livre vontade, tencionem fazer descobertas de ouro e prata. Os quais, descobrindo uma mina rica, esta pertencerá ao investidor que pagará o quinto ao Real Tesouro, como foi dito, sem embargo, me reservo determinar se uma mina rica e se o investidor merece recompensas prometidas.²
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