História, Cultura e MODA: a indumentária feminina da Bella Époque.
Por: DhyandraM • 5/7/2017 • Artigo • 1.748 Palavras (7 Páginas) • 353 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE
HUMANAS, LETRAS E ARTE.
HISTÓRIA
Dhyandra Montani Schactai
História, Cultura e MODA: a indumentária feminina da Bella Époque.
Trabalho desenvolvido durante a disciplina de História e Cultura como parte da avaliação referente ao 1 º semestre.
Professor ª:
IRATI
2015
Trataremos nessa resenha uma reflexão acerca das mudanças ocorridas na moda feminina ao longo de suas transposições de indumentária. Considerando que cada tempo histórico gera condições especificas de existência cultural.
Enfocando inicialmente a Belle Époque na virada do século XIX para o XX. Que é marcado com as transformações advindas da revolução industrial modificando a vida das pessoas, tornando a mais fácil, eletricidade surge nesse período e todos admiram a ciência e a tecnologia sendo as mais belas expressões da época. Acompanhando as mudanças da sociedade, a moda da Belle Époque era tão efusiva quanto as pessoas.
No Brasil não sendo diferente, vivemos um contexto de imigração, libertação dos escravos e transição de Império para República que marcam o final do século XIX.
“A ‘bela época’ é a expressão da euforia e do triunfo da sociedade burguesa no momento em que se notabilizavam as conquistas materiais e tecnológicas, se ampliaram as redes de comercialização e foram incorporadas à dinâmica da economia internacional em vastas áreas do globo antes isoladas.” (DAOU, 2004, p.7).
Percebe-se nesse período o luxo, a ostentação, o exagero com trajes volumosos, com adereços, ornamentos, lantejoulas, bordados que cobriam grande parte do corpo das mulheres, até mesmo uso de luvas e botas sendo bastante comum para esconder as canelas.
Com o decorrer do tempo houve um aumento da pratica esportiva que masculinizou as roupas femininas, como calções-saias, tailleur. A moda europeia terá grande influência sobre o Brasil. Os teares que fabricavam essas roupas seguiam os padrões europeus as configuravam grossas, pois, a Europa possuía um clima mais ameno, e tais roupas transportadas ao Brasil. Logo em calores de 30° do RJ, as mulheres e homens usavam roupas bem pesadas.
Concebemos nesse período uma extrema veneração do corpo bem desenhado exibindo o padrão de corpo imposto pela sociedade. O ideal de belo eram as formas arredondas, o espartilho exageradamente apertado, o que deixava o corpo feminino em formato de “S”.
Como já dito anteriormente a moda é um fator resultante do tempo que vivemos o que podemos analisar acerca daquela sociedade é uma burguesia conservadora, onde a linda roupa da alta costura e o alto nível de luxo era destinado a grupos seletos, os ricos e bem nascidos.
Adiante no século XX, o grande conflito mundial acaba com a Bella Époque, a mesma ciência que facilitava a vidas pessoas serviu para fazer o mal, na primeira guerra.
Quando a guerra acaba em 1918 o mundo já não é mais o mesmo. Teremos a libertação do uso excessivo de espartilhos, e o padrão de beleza do corpo em formato de “S”. Teremos aqui uma maior liberdade da mulher, o uso de vestidos mais curtos, leves e elegantes. Deixando transparecer costas, braços e pernas, que geralmente vinham cobertas por meias beges, que indicavam as pernas de fora.
A maquiagem passa a ser usada de forma mais tênue, sobrancelhas eram retiradas e delineadas a lápis, olhos bem marcados.
Um exemplo claro da brusca mudança que o meio tem com a indumentária. Repara-se a liberdade de costumes, que anteriormente eram extremamente conservadores.
“Começa a era dos vestidos retos, com cintura deslocada, que se transformariam em tubinhos. Com a chegada dos anos 20 esses vestidos ganham franjas para balançar ao som do jazz e do charleston. As barras das saias sobem, mostrando mais pele. O mundo, recém saído de uma tragédia, resolve tirar o pé do freio e se permitir mais. Mais festas, mais sexo, mais bebida. Esse período que se inicia logo após o fim da guerra, fica conhecido como “Os anos loucos.” (GLADIS,2014)
Em conversa com minha avó Anadir Penteado, nascida em 1929, ela relata que usava desde menina vestidos em grande parte do tempo, fosse qual fosse a estação do ano, e sempre o comprimento indo até o joelho. Quando era mais curto, já havia a repressão de que uma “moça de família” não usaria roupas tão curtas.
Ainda em seu testemunho ela fala o quanto nota descaradamente a mudança de roupas, que o comprimento da saia de hoje em dia jamais seriam aceito pelo pai dela, e compreende que se tudo ficasse estagnado, e as mulheres não houvessem lutado por seus direitos de liberdade do corpo, que era extremamente inexpressivo talvez ainda só usássemos vestidos até os joelhos e casaríamos aos dezesseis anos, como ela.
Com isso podemos citar a segunda onda do feminismo que se desenvolve posteriormente a época relatada a cima na década de 60 até 80, que veem as desigualdades culturais e politicas das mulheres ligadas às estruturas de poder sexista. ”A nova fase identificava o problema da desigualdade como a união de problemas culturais e políticos, encorajando as mulheres a serem politizadas e combaterem as estruturas sexistas de poder.” (GASPARETTO) Onde o preconceito e a discriminação ligada à exaltação exagerada de um sexo, nesse caso o masculino, que irá tratar de forma indigna o gênero feminino. Censura a roupa que a mulher usa, emprega estereótipos através do mesmo.
É como se o caráter da pessoa estive ligado essencialmente e unicamente à roupa que veste, é o mesmo caso de estereótipo em relação a meninos que residem em favelas, de que todos serão bandidos, por que nasceram e se criaram lá, e muitas vezes usam roupas simples. É uma questão de aceitar as diferenças e saber conviver com elas, são inúmeras as situações em que a roupa é fator determinante para julgar a personalidade da pessoa sem conhecê-la.
Podemos refletir as mudanças através da ótica de cada período como o tempo da Bella Époque aonde a mulher ia para as praias com sapatos, meias, extremamente coberta, e hoje a liberdade da mulher do biquíni. Ou ainda as roupas extremamente grossas que elas usavam importadas da Europa no verão de um RJ, que é extremamente quente, e atualmente os shorts, saias, sandálias que usa, até mesmo em seu próprio trabalho. Claro que para a época era algo elegantíssimo, mas era uma forma de expressar que a mulher sempre deveria estar bem arrumada, cabelos impecáveis, senão nem um moço olharia para ela, e é algo que vemos ainda em nosso tempo.
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