A Cultura de mutilação genital feminina, Joas e direitos humanos
Por: Khajiit • 3/7/2018 • Artigo • 1.087 Palavras (5 Páginas) • 265 Visualizações
A cultura de mutilação genital feminina, Joas e direitos humanos.
Carlos Eduardo da Rocha Balbino¹
Resumo
Flor do deserto conta a narrativa de vida de Waris Dirie, uma modelo que nasceu na Somália e questionou as práticas culturais e violentas de seu país, principalmente da mutilação genital feminina. Utilizando da teoria genealógica dos direitos humanos de Hans Joas, analiso os componentes que levarão Waris Dirie a ir contra a sua cultura e discursar nas Organização das Nações Unidas.
Palavras-Chave: Dirie; Joas; Direitos.
Flor do deserto é um filme biográfico de Waris Dirie, uma somali que foge ainda jovem da sua tribo para escapar de um casamento arranjado, tendo que enfrentar o deserto, uma tentativa de estupro e rejeição de suas tias e primas. Mas com a ajuda de sua avó, ela vai para Londres onde ela vai descobrir a cultura inglesa e os direitos humanos, que levará ela um choque com a cultura de seu país.
O filme traz o debate entre os direitos humanos e a violência contra a mulher na cultura de alguns povos, sendo mais profundo na prática de mutilação genital nas mulheres. Flor do deserto mostra a dificuldade dos direitos humanos intervirem em diferentes culturas fortemente estabelecidas.
Hans Joas, um sociólogo alemão, que em sua obra A sacralidade da pessoa nova genealogia dos direitos humanos argumenta sobre as origens do direitos humanos a partir da violência, e a transformação desta em valores do tipo universalista. O sociólogo então propõe como uma sociedade entraria em mobilização moral aceitando os valores dos direitos humanos. Assim, analiso as situações da vida de Waris Dirie em como ela conseguiu questionar sua cultura e transformar os direitos humanos.
Joas desacredita no aprisionamento das ações como mera execução cultural, e assimila as ações a “criatividade irredutível da ação humana”.
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1. Graduando em História pela Universidade Federal de Ouro Preto, e-mail: cerbalbino@gmail.com
“O estreitamento culturalista consiste em apresentar-nos os seres humanos como prisioneiros das culturas a que pertencem e a sua ação como mera execução de programas culturais que foram por eles interiorizados ou com os quais eles se defrontam constantemente na forma de expectativas consolidadas pelas normas e nutridas pelos demais, de modo que não disporiam de nenhuma alternativa e comportamento. Contrapõe-se a esse estreitamento a ênfase na ação humana. (JOAS, 2012, p. 129)
Essa ação seria provocada pela tensão em três polos: os valores, instituições e práticas. Sendo assim um processo e transformação cultural se desenvolveriam baseado na tensão entre esses três pontos. Waris Dirie nasce em uma cultura em que mutilação genital das meninas é algo normal e teria a justificativa do valor de representação da pureza da menina para o casamento, na qual causou a morte de meninas como de duas irmãs dela, mas só a violência em si não seria suficiente para promover a transformação cultural, tendo a necessidade um fator de impulso.
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