História X Verdade

O tema que ora me é posto para discorrer é de uma dimensão difícil de ser mensurada porém não impossível de fazê-la mesmo que em meu, ainda, limitado e juvenil conhecimento sobre a História como ciência e a verdade como uma prerrogativa de saber. As duas andam juntas na medida em que se descobrem contextos históricos voltados a um determinado assunto ou tema, uma vai crescendo com a outra sem que uma se torne mais importantes que a outra desprezando a realidade vivida da época, os indivíduos, o tempo e os fragmentos que formam a verdade histórica.

É possível que ao longo dos anos, várias verdades surjam para explicar o que ocorreu no objeto de estudo desejado mesmo que saibamos que o passado é imutável até que outra verdade venha e desmistifique, altere ou subtraia um ato, um objeto um personagem ou seja qual for o alvo ou matéria. Segundo Caio César Boschi( 1947):

“ O que fazemos, pensamos, sentimos, produzimos, assim como o significado que atribuímos a tudo isso, depende da época em que vivemos.”

O significado que atribuímos a tudo isso faz parte da história e isso é tão volátil, podem ter inúmeras interpretações que não seria louvável a um operador histórico defender uma verdade como “a verdade”.

Não seria inteligente proclamar a nossa verdade como imutável, pois quando nos deparamos com esses objetos de estudo podemos perceber que eles podem ser efêmeros a medida que nos detemos a pesquisas detalhadas em conjunto com demais ciências como a Psicologia, Sociologia e por aí se segue.

A verdade, em meu conceito, deve ser imparcial, ou seja, vista com um olhar fora da realidade do pesquisador ou historiador, realidade esta que nos coloca frente a um outro contexto temporal, social, político e até mesmo psicológico. A cada verdade faz-se um novo caminho a ser seguido. Creio que seja ainda possível retornar a uma primeira verdade já pesquisada, trabalhada, pois há caminhos ou pesquisas que podem chegar a nenhuma conclusão e não haver um desenvolvimento de determinado objeto, ou seja, não se descobrir uma verdade sobre aquilo. Se não, vejamos como exemplo as obras do ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso quando em sua celebre frase diz: “Esqueçam tudo aquilo que escrevi”. Ora, o nobre autor, em busca de um conceito e afirmação de suas obras e pensamentos, em um determinado momento, declarou que tudo o que havia sido pesquisado, elaborado não valiam mais ou não convergia mais para aquilo que ele acreditava ou passou a acreditar. Aquilo que acreditava ser verdade deixou de sê-la. Esse pode ser um de vários exemplos que temos na história recente.

Concluímos que não há uma verdade absoluta, ou então, não há uma só verdade para contextos históricos da passagem humana na terra. O que devemos nos ater são aos cuidados em pesquisar, em questionar a História e seus sujeitos e objetos levando em consideração o tempo, o modo de vida, as ideias que norteavam a época e fatores externos ao homem.

“O passado não pode ser modificado. O conhecimento e as interpretações sobre ele, no entanto, estão em permanente mudança”

(Marc Bloch, 1886-1944).

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