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Metrópole em Sinfonia: história, cultura e música popular na São Paulo dos anos 30.

Por:   •  25/1/2017  •  Resenha  •  1.887 Palavras (8 Páginas)  •  500 Visualizações

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MORAES, José Geraldo Vinci. Metrópole em Sinfonia: história, cultura e música popular na São Paulo dos anos 30. São Paulo: Estação Liberdade, 2000.

Marina Priscila Lisboa Araújo Luz¹

        O livro “Metrópole em Sinfonia” é a tese de doutorado de José Geraldo Vinci de Moraes e sua narrativa gira em torno da história, cultura, música popular e transformações urbanas que a cidade de São Paulo sofreu na década de 1930. Moraes possui graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1985), mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1989) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1997). Atualmente é professor doutor da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Social, atuando principalmente nos seguintes temas: música popular, história da cultura, música brasileira, história do Brasil e cultura brasileira. Seus estudos sobre música popular em São Paulo vêm sendo trabalhado desde a sua dissertação de mestrado, que teve como tema As sonoridades paulistanas: a música popular na cidade de São Paulo, final do século XIX ao início do século XX”, sendo mais aprofundado na sua tese de doutorado. A obra Metrópole em Sinfonia é dividida em três capítulos que mostram as diferentes abordagens que o autor propõe em seu texto, sendo eles: São Paulo nos anos 30: política, cultura e música popular no ar; Cotidiano urbano e a lira paulistana; Cidade, cultura e música popular em metamorfose.

        O capítulo 1 – São Paulo nos anos 30: política, cultura e música popular no ar – nos apresentam inicialmente o período político turbulento na cidade de São Paulo, mas ao mesmo tempo mostra o surgimento da indústria radiofônica e a modernização da cidade. Durante os primeiros quatro anos da década de 1930, a cidade de São Paulo viveu sob um intenso quadro político e administrativo, visto que a cidade contou com dezesseis prefeitos, mas apenas dois conseguiram concluir os projetos e completaram seus mandatos. A ideia de modernização e embelezamento estético das cidades, aliado com o discurso higienista de descontaminação fizeram com que a maioria dos prefeitos eleitos fosse também engenheiros, pois os problemas

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 Graduada em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Piauí – Campus Senador Helvídio Nunes de Barros. E-mail: marinalisboa2010@hotmail.com .

urbanos deveriam ser resolvidos por pessoas capacitadas tecnicamente para exercer tais funções e nenhum dos prefeitos foram eleitos pelo voto direto e sim indicados pelos governos estaduais, que também se alternavam durante a década de 1930. Foi nesse período de conturbação política que a radiofonia começou a participar do cotidiano da população, e era tida como uma verdadeira arma de guerra, pois era através do rádio que educava e civilizava a população, sendo carregada de intenções políticas e também partidárias.

        Nos primeiros anos da década de 1930 a radiofonia funcionou de forma semi-amadora, formado por um número reduzido de pessoas, sobretudo a elite interessada claramente em educar e difundir a alta cultura à sociedade. As primeiras rádios não possuíam interesse comercial e as programações eram ocasionais, com data e horário para ocorrer e as emissoras intercalavam os horários, para não haver concorrência entre si. Outra característica marcante dessa época é a difícil captação sonora pelo ouvinte, sendo constituída de antenas precárias e fones individuais. Com a chegada da válvula de diodo á vácuo no Brasil, esta ajudou no desenvolvimento das emissoras, pois houve a diminuição no tamanho dos aparelhos, deram melhor captação e reprodução do som e o fone de ouvido foi abandonado, pois agora havia alto-falantes potentes. Com o tempo o rádio passou aumentar em número gradativo, e o que antes era de caráter educativo, passou a ser comercial, com base nos modelos norte-americanos, voltados principalmente para o entretenimento.

        Com o tempo, as rádios foram dando espaço para a publicidade e a programação era variada e diária, mais leve e de entretenimento. Para alguns radialistas paulistas, a publicidade era considerada picaretagem, já outros radialistas conseguiram vencer algumas resistências e deram credibilidade à propaganda no rádio. Com o aumento da radiofonia proporcionado pela publicidade, permitiu a contratação de elenco fixo, por meio de salários e cachês. Até o final dos anos 20, havia apenas quatro sociedades radiofônicas (Sociedade Rádio Educadora Paulista; Rádio Club Paulista; Rádio Cruzeiro do Sul; e a Rádio Record), mas a partir de 1932 o número de emissoras paulistas cresceu de maneira surpreendente, mas é importante observar que o rádio não era apenas um veículo isento de informação, e sim uma verdadeira arma de guerra e mobilizador das massas urbanas.

        Com a criação do DIP, no governo de Getúlio Vargas, começaram a ocorrer censuras e limitações, sendo estas muito severas e cotidianas. Houve a criação de programas educativos e oficiais do governo, como a Hora do Brasil, importante para a consolidação do Estado Novo. A cidade de São Paulo é considerada como a inovadora na linguagem radiofônica, pois a agitada vida na metrópole paulistana introduziu uma forma mais moderna e rápida de comunicar-se, com isso o rádio passou a ser um utensílio de destaque na residência dos brasileiros. A programação era bastante diversificada, ia de programas humorísticos, jornalísticos e esportivos até programas de auditório, que cresceram significativamente ao longo da década de 1930, com o predomínio da música brasileira. Os programas de calouros também surgiram nesse período, e era a oportunidade dos aspirantes a cantores e artistas de rádio se apresentar. Surgiu nesse período também os programas humorísticos, considerados a principal mídia de entretenimento, e também os programas sertanejos, sendo comandado geralmente por um caipira ou sertanejo com o linguajar característico do caboclo, predominando o humor e a música popular.

        O autor fala sobre a presença de músicos permanentes nas emissoras, que constituíam os patrocinadores dos programas, cujo financiamento permitia a formação do cast fixo de cada emissora, as rádios se viam obrigadas a contratar cantores, regentes, orquestras, maestros, arranjadores e instrumentistas, mas apesar da crescente profissionalização dos músicos populares nas rádios de São Paulo, os negros e negras paulistas foram mantidos afastados do ambiente radiofônico, inseridos posteriormente como coadjuvantes na história cultural do país. A vida do artista/músico popular era imaginada como a magia, a boêmia, as paixões ardentes e desenfreadas, mas na verdade o universo do artista não era só brilho, dinheiro e eterna felicidade, havia também a decadência artística, a rejeição no mercado, a escassez de apresentações e gravações, a falta de dinheiro, o isolamento pessoal e a degradação da vida pessoal e artística. A maioria dos músicos possuía outro modo de sobrevivência e a música era deixada de lado, mas com o passar do tempo a profissão músico começou a ser mais valorizada.

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