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O Abolicionista

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Por:   •  5/4/2013  •  2.477 Palavras (10 Páginas)  •  492 Visualizações

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A JUSTIÇA DE SÓCRATES E A SOFÍSTICA

Pedro Durão*

A Sofística é a própria técnica, os ensinamentos e a prática dos sofistas. Tratava-se de um grupo singular de pensadores que utilizavam argumentos espalhafatosos com o intuito de manipular, recepcionar e persuadir ou defender determinada posição, independentemente de seu valor e verdade.

A origem da sofística se estabelece no termo que significava sábio, especialista no saber. Os sofistas eram aqueles que se apresentavam como sábios e mestres da mesma espécie de professores livres e itinerantes que exerciam seu ofício, remunerados com o escopo de ensinar a arte de falar e ter êxito na vida social.

Os principais sofistas que sustentavam ao sabor do momento teses paradoxais, à época helênica, são: Protágoras de Ábdera, fundador do movimento; Pródico de Céos; Hípias de Elis; Anrifon de Atenas; Trasímacos de Calcedon e Calícias e Górgias de Leontini.

Em verdade, os sofistas influenciaram o curso da investigação filosófica e foram os primeiros a reconhecer o valor formativo do saber, outrossim elaboraram o conceito de cultura (Paidéia) como formação do homem e como membro de um povo ou do ambiente social.

Visualiza-se, de logo, que a natureza relativista de suas teses teóricas não é mais que a expressão de uma condição fundamental do ensino e, em qualquer dos casos de interesse dos sofistas limitavam-se a esfera das ocupações humanas e da própria filosofia como instrumento que possibilitava sua hábil movimentação em busca dos seus interesses.

O caráter da sofística se expressa como a profissão da sabedoria, daqueles que ensinavam mediante remuneração, limitando-se ao ensino das disciplinas formais e outras noções desprovidas de solidez científica.

A criação fundamental dos sofistas foi a retórica como arte de declamar ou argumentar com o fim de impressionar ou persuadir independente da validade das razões adaptadas.

Segundo Chevallier , Protágoras, príncipe dos sofistas e perito em manipular a dialética, atribuiu subjetivismo total no terreno político como no ético, afirmando: “o homem é medida de todas as coisas”. Já Hípias teceu opiniões originais sobre a relatividade das leis no espaço, segundo os povos e as cidades, bem como, as suas relações com a justiça, afirmando: “nós todos aqui presentes para mim sois todos parentes, próximos, concidadãos pela natureza, talvez pela lei. Pela natureza o semelhante é parente do semelhante, mas a lei, que tiraniza os homens, impõe restrições a natureza.”

Assim, podemos perceber alguns aspectos da sofística: a) os sofistas exigiam compensação pecuniária por seus ensinamentos, visando objetivos práticos e a busca de alunos; b) os sofistas eram nômades, respeitando o apego à cidade em contraposição ao dogma ético grego; c) os sofistas manifestaram a notável liberdade de espírito em relação à tradição, às normas e aos comportamentos codificados, mostrando uma confiança ilimitada nas possibilidades da razão; d) os sofistas compreendiam um complexo de esforços independentes para satisfazer a necessidade idêntica.

Finalmente, podemos afirmar que a sofística destruiu a velha imagem de homem da poesia e da tradição pré-filosófica, e não soube reconstruir uma nova estampa, tendo sido rechaçada, sobretudo, por Sócrates, um dos pensadores mais importantes da Grécia clássica, e Platão .

Sócrates, filho de escultor e uma parteira, nasceu numa época em que Atenas se tornava potência política, econômica e militar (470-399 AC), nada deixou em escrito, todavia suas idéias foram divulgadas por seus principais discípulos Xenofonte e Platão. A expressão socrática foi eternizada em Platão que se perfaz como um porta-voz de sua doutrina, e ainda, Xenofonte que apresenta Sócrates em dimensões reduzidas.

Desde a juventude, Sócrates tinha o hábito de debater e dialogar com as pessoas de sua cidade. Ao contrário de seus predecessores, não fundou uma escola, preferindo realizar seu trabalho em locais públicos, de forma descompromissada, dialogando com todas as pessoas, o que fascinava jovens, mulheres e políticos de sua época.

As questões que Sócrates privilegia são as referentes à moral, daí perguntar em que consiste a coragem, a covardia, a piedade, a justiça e assim por diante. Em verdade, por meio de perguntas, ele destrói o saber constituído para reconstrui-lo na procura da definição de conceito.

No ensinamento socrático, para que haja uma definição de essência universal do homem, é preciso que exista algo além dos homens particulares e diferentes entre si que nós conhecemos, um outro mundo onde exista a justiça em si. É no mundo invisível que a justiça triunfa.

O auto conhecimento é parte estrutural da razão socrática desenvolvida através de diálogos, estes divididos em ironia e maiêutica com estilo de vida aparentemente sofista. Sócrates jamais vendeu ensinamentos, interrogava as pessoas pelas ruas querendo delas uma posição a propósito de justiça, bem, mal, de direito, reporta Oliveira em sua obra Filosofia do Direito Ocidental.

Há, portanto, uma coincidência entre Sócrates e os Sofistas no que concerne ao entendimento sobre a necessidade de o direito trazer a sua origem vinculada à natureza humana. A diferença entre um e outros está quando os sofistas consideram os aspectos relativos ao homem, enquanto Sócrates vai até a essência humana levando em conta o espírito ético, apesar de existir uma tradição advinda de Aristóteles ao afirmar que os sofistas nada disseram.

Registre-se, ainda, que “...los sofistas sostenían el relativismo en el conocimiento y en la moral. Sócrates discrepaba radicalmente en este punto de ellos. Recordamos que para los sofistas no había un criterio universal o patrón con el medir las actitudes morales por lo cual no era posible hallar definiciones precisas de ellas y, en consecuencia, hacer ciencia rigurosa (“episteme”). Sócrates, por el contrario, pensaba que sí era posible encontrar este patrón utilizando con rigor el razonamiento que nos diera las definiciones precisas de las cada concepto. Através del diálogo, el razonamiento y, por tanto, la comunicación, es posible lograr las definiciones precisas. Sócrates sí cree en un conocimiento “epistémico” sobre los conceptos morales. En este empeño por un saber “científico” sobre cuestiones morales tiene bastante que ver el modelo de saber utilizado, el saber técnico,...” e finalmente, “...para Sócrates sólo el que saberlo que es la justicia puede ser justo. El que sabe lo que es justo con precisión y rigor hará lo justo; el que sabe lo que es el bien, hará el bien. Es preciso saber

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