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O Artigo Movimento Beat

Por:   •  26/2/2024  •  Tese  •  1.970 Palavras (8 Páginas)  •  159 Visualizações

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A Cultura Beat é considerada como precursora da contracultura, não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. Como propulsores do movimento hippie, os beatniks eram vistos como jovens rebeldes com um padrão de vida fora do tradicional. Entre eles, havia o abuso de drogas, uma vida sexual considerada imprópria e a idolatria aos artistas do Jazz.

O termo Geração Beat refere-se a um movimento de poetas, em sua maior parte norte-americanos, que durante os anos 50 produziram uma forma de literatura com linguagem informal, sem pausas (a divisão por capítulos praticamente não existe na maior parte das obras), onde relatavam seu estilo de vida, possuindo forte influência sobre um amplo setor da juventude. A literatura Beat foi decisiva na construção de um novo comportamento e de um imaginário juvenil, onde os jovens passaram a ser associados à rebeldia e a um universo cultural independente[1].

Os autores ligados a Geração Beat tiveram como uma de suas principais características a interação com o público. Ao contrário de outros grupos intelectuais, que se fechavam em núcleos acadêmicos, restritos às suas estéticas literárias e idealismo, os autores Beats se colocavam em movimento, mantendo contato com o público em bares, cafése eventos literários[2].

Figuraram como principais nomes do movimento Beat os autores Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Neal Cassady, William Burroughs e Carl Solomon. Jack Kerouac publicou um dos símbolos literários dessa cultura, o livro On the Road, lançado em 1957. A obra relata a viagem dos personagens Sal Paradise (codinome do próprio autor) e Dean Moriarty (codinome do poeta Neal Cassady) pela famosa rota 66, nos Estados Unidos. A obra inspirou milhares de jovens da década de 1950 a saírem em busca de liberdade e aventura nas estradas norte americanas, da mesma forma que os personagens fizeram no livro. Entre os jovens inspirados no ideal rebelde do livro On the Road estava o cantor Bob Dylan, que em seu livro Chronicles Volume One[3], relata o fato.

A denominação Beat, atribuída por Kerouac em uma conversa com Allen Ginsberg possui quatro principais significados na língua  inglesa. Um dos significados  é “batida” e a associação com o movimento literário ocorre pela influencia do jazz. O segundo significado de “beat” no inglês é “abatido”, que relaciona-se ao universo melancólico e deprimido dos jovens que seguiam o movimento[4]. A terceira significação liga-se ao termo “beato”, relacionado aos poetas que discutiam questões relativas à religião e à existência em seus textos. Já a derivação “beatnik” foi criada pela mídia, para comparar o movimento com o satélite russo Sputnik, que possuía um potencial imenso de comunicação, da mesma forma que o movimento conseguia alcançar uma massa enorme de jovens seguidores[5].

Antes de influenciar diversos músicos do cenário contracultural nas décadas de 1960 e 1970, o movimento Beat também foi influenciado por outro gênero musical, o Jazz Bebop. Nomes do jazz, como Miles Davis, foram importantes referências para poetas da Geração Beat, como, Jack Kerouac, sobretudo em suas críticas ao American Way Of Life,  no pós Segunda Guerra Mundial. O estilo Bebop era conhecido pelo seu ritmo desenfreado, a irreverência, os solos improvisados, sendo uma das grandes influências para a literatura beat e para o Rock’n’Roll que conhecemos hoje.

As publicações da cultura beat foram iniciadas em meados dos anos 50, poucos anos depois do lançamento de Birth Of Cool em 1950, do trompetista Miles Davis. O álbum de Davis revolucionou o estilo eloqüente do Jazz, tornando-se importante referência não só musical, mas também para os jovens escritores. Com o título de “O nascimento do descolado”, o disco propunha uma nova estética para a música, solos, eloqüência e improviso, impactando diretamente os escritores beatnik.

A chamada geração Beat viveu em um contexto histórico considerado privilegiado (ficou conhecido como a era de ouro), com economia estável e aumento real no poder de consumo. Vivia-se o estilo de vida americano (American Way Of Life), que se baseava na realização pessoal através do consumo e do tradicionalismo familiar e que sobrepunham as dificuldades enfrentadas durante a Segunda Guerra Mundial.

Apesar da euforia vivida por parte da população, as benesses do American Way Of Life excluíam uma parte significativa da sociedade americana, os margializados. Uma das principais características da obra de Jack Kerouac era a sua relação íntima com os excluídos e marginalizados, o convívio da geração Beat com esse setor social resultou na produção conhecida como Beat Subterrânea[6]. O fato de ter retratado esse convívio em suas obras demonstra a importância histórica da literatura Beatnik, que se caracterizou como uma espécie de crônica cotidiana do submundo norte americano dos anos 1950.

   Entre os grupos marginalizados constantemente citados por Kerouac em sua obra, estavam os estrangeiros (como os mexicanos), além dos negros (inclusive jazzistas que cultuou) e negras. Ao retratar o submundo e a vida underground desconhecida por boa parte dos americanos, atiçou a curiosidade dos jovens e o desejo de inserção a esse cenário[7].

  Ao contrário do que ocorria com a juventude americana integrada ao American Way Of Life, os participantes do movimento Beat questionavam as ações políticas dos governantes, além de ansiarem pela libertação frente ao conservadorismo hipócrita instituído socialmente. Como forma de resistência iniciam os primeiros movimentos da contracultura, marcada pelo enfrentamento juvenil à mídia, à família tradicional, à política e à religião conservadora, conjunto que chamavam de establishment (instituição).

Liga-se a uma atitude política de reação não só aos exageros propostos pelo consumismo do American Way Of Life, que ganha força a partir do final da Segunda Guerra Mundial, mas também  à atuação norte americana na Guerra do Vietnã (1954-1975), geradora de mortes e destruição. O posicionamento de resistência da geração Beat se transformou em símbolo para a contracultura, servindo de referência para diversos movimentos culturais décadas seguintes, como os Hippies, dos anos 60. Alguns astros musicais, do Folk, do Rock e do Pop produziram suas obras sob inspiração deste movimento, entre eles pode-se citar Jim Morrisson, Bob Dylan, Mick Jagger, Joni Mitchell, Patti Smith, entre outros.

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