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Fichamento do Artigo: A História do Movimento Psicanalítico

Por:   •  25/5/2021  •  Resenha  •  1.166 Palavras (5 Páginas)  •  1.276 Visualizações

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ATIVIDADE: 

Fichamento do texto: "A História do Movimento Psicanalítico" 

FREUD, S.A. História do Movimento Psicanalítico, Artigos sobre Metapsicologia e outros trabalhos. Vol XIV. Rio de Janeiro, Imago, p.1-43,1996

1) RESUMO:

- Por meio da obra, Freud objetivou, basicamente, apresentar os postulados e hipóteses fundamentais da psicanálise, demonstrar a incompatibilidade das teorias de Adler (posteriormente denominada “Psicologia Individual”) e de Jung (posteriormente denominada “Psicologia Analítica”) com os pressupostos da psicanálise e discutir acerca das contradições geradas entre os diversos pontos de vista, distintos, que se apropriaram dos mesmos conceitos psicanalíticos.

- Visando tornar a compreensão dos fundamentos da psicanálise mais claros, Freud traçou a história de seus princípios essenciais, desde os primórdios pré-analíticos, organizando, para tanto,  a obra em três sessões: 1ª sessão – abrange o período que representa o interesse único e solitário de Freud pela Psicanálise (até cerca de 1902); 2ª sessão – apresenta a ampliação dos pontos de vista psicanalíticos à círculos mais amplos (até, aproximadamente, 1910); 3ª sessão – relata os pontos de vista dissidentes de Freud para com Adler e Jung, destacando-se os principais pontos de divergência.

- Freud se intitula criador da Psicanálise, refutando uma fala de sua própria autoria – proferida em 1909, durante um Congresso realizado em uma universidade norte-americana), no qual creditava a invenção da Psicanálise à Breuer.

- Freud apresenta um levantamento dos caminhos trilhados por ele até a invenção da Psicanálise, destacando a fisioterapia com eletrochoque, o tratamento por sugestão durante a hipnose profunda (Liebeaul e Bernheim) e o método cartático (Breuer).

- Freud destaca que o fato de reconhecer a significação da sexualidade na etiologia das neuroses, diferentemente de Breuer, apresentou-se como fator primordial para o distanciamento dos mesmos.

- A teoria da repressão é reconhecida por Freud como a pedra angular sobre a qual repassa toda estrutura da Psicanálise.

- Freud afirma ser a transferência, sob forma francamente sexual, a prova mais irrefutável de que a origem das forças impulsionadoras da neurose encontra-se na vida sexual.

- Como fonte de conhecimento do inconsciente, Freud acrescenta à teoria de repressão e da resistência, o reconhecimento da sexualidade infantil e a interpretação e exploração de sonhos.

- Freud menciona os principais eventos que deflagraram a difusão dos preceitos psicanalíticos, em diferentes locais do mundo.

-Sociedade de Psiquiatria e Neurologia de Viena (1896): Freud constata que as afirmações sobre o papel da sexualidade na etiologia das neuroses não era compartilhado pela ciência – levando-o a abdicar da academia e a se dedicar inteiramente ao desenvolvimento da Psicanálise.

-Reuniões semanais realizadas na residência de Freud (a partir de 1902): encontros realizados entre um certo número de jovens médicos já dispostos a aprender, praticar e difundir o conhecimento psicanalítico.

-Estreitamento de relações entre as escolas de Viena , com Freud, e Zurique , com Bleuler e Jung (1907): extraordinário impulso da Psicanálise.

-Sociedade Psicanalítica de Viena (1908): fundação da Sociedade com a presença não só de membros médicos, mas também escritores, pintores, entre outros.

-1º Congresso Psicanalítico, em Salzburg (1908): presença de adeptos oriundos de Viena, Zurique e outros locais. Parceria entre Bleuler, Jung e Freud.

-Estados Unidos, Canadá, França, Itália, Holanda, Inglaterra, Suécia, Noruega, Rússia, Polônia, Áustria, Hungria e, obviamente, Alemanha são países mencionados por Freud e que se apresentaram como nações de profusão da Psicanálise.

- Freud destaca o fato de a Psicanálise ter sido menosprezada em sua terra natal – Viena.

-2º Congresso Psicanalítico, em Nuremberg (1910): criação da Associação Psicanalítica Internacional. Jung, por sugestão de Freud – que se arrependeu posteriormente, foi eleito presidente.

-3º Congresso Psicanalítico, em Weimar (1911): Freud considera positivas, ao desenvolvimento da Psicanálise, as contribuições advindas do Congresso.

-4º Congresso Psicanalítico, em Munique (1913):Freud considera a condução de Jung desagradável e incorreta.

 - Além do detalhamento acerca dos trâmites referentes à realização dos Congressos, Freud faz menção às publicações periódicas de destaque na literatura psicanalítica, tanto escritas em alemão quanto em outros idiomas, que se difundiram nesse período.

- Freud destacou que a explicação das neuroses se configurou enquanto primeira tarefa com a qual a Psicanálise se defrontou. Afirmou que os conceitos de resistência e transferência, considerando-se ainda a amnésia, são caminhos para a explicação dessas neuroses e considerou, finalmente, as teorias da repressão, das forças sexuais motivadoras das neuroses e do inconsciente, como ferramentas imprescindíveis ao trabalho psicanalítico.

2) CITAÇÕES:

“A finalidade do presente artigo foi estabelecer claramente os postulados e hipóteses fundamentais da psicanálise, demonstrar que as teorias de Adler e Jung eram totalmente incompatíveis com eles, e inferir que só levaria à confusão conjuntos de pontos de vista contraditórios receberem todos a mesma designação.” (p.3)  

“A fim de tornar os princípios essenciais da psicanálise perfeitamente simples, Freud traçou a história do seu desenvolvimento desde os primórdios pré-analíticos.” (p. 3)

O surgimento da transferência sob forma francamente sexual -seja de afeição ou de hostilidade-, no tratamento das neuroses, apesar de não ser desejado ou induzido pelo médico nem pelo paciente, sempre me pareceu a prova mais irrefutável de que a origem das forças impulsionadoras da neurose está na vida sexual. “(p. 7)

“Entre os outros novos fatores que foram acrescentados ao processo catártico como resultado de meu trabalho e que o transformou em psicanálise, posso mencionar em particular a teoria da repressão e da resistência, o reconhecimento da sexualidade infantil e a interpretação e exploração de sonhos como fonte de conhecimento do inconsciente.” (p. 9)

“A teoria da repressão é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise.” (p. 10)

“No entanto, Viena tem feito o possível para negar sua participação na gênese da psicanálise. Em nenhum outro lugar, a indiferença hostil da parte erudita e educada da população para com o analista é tão evidente como em Viena.” (p.24)

“A primeira tarefa com que se defrontou a psicanálise foi a de explicar as neuroses; utilizou a resistência e a transferência como pontos de partida e, levando em consideração a amnésia, explicou os três fatos com as teorias da repressão, das forças sexuais motivadoras da neurose e do inconsciente.” (p. 31)

3) COMENTÁRIOS:

A presente obra descortina para o leitor, a trajetória de Freud frente ao surgimento/desenvolvimento da Psicanálise, apresentando um cenário que parte inicialmente de um trabalho de solidão e até de rejeição –principalmente por parte do meio científico, até um contexto de difusão/ampliação dos pressupostos psicanalíticos – o que, por sua vez, não eliminou a existência de dissenções e desafios.

A obra contribui também para que tenhamos acesso ao cenário cronológico de desenvolvimento da Psicanálise, bem como de sua aceitação/rejeição entre diferentes profissionais e em diferentes países do mundo.

É possível ressaltar ainda, que a obra nos apresenta os principais fundamentos teóricos que alicerçam a Psicanálise, permitindo uma reflexão acerca daqueles que, de acordo com Freud, não dizem respeito à prática psicanalítica, mesmo que surgidos quando da parceria do mesmo com outros estudiosos colaboradores. É o caso, por exemplo, dos pressupostos teóricos defendidos por Breuer, Adler ou Jung.

Finalmente, torna-se interessante observar que a leitura da obra permite que nos deparemos com o comprometimento de Freud frente aos seus estudos, bem como com sua crença irrefutável em relação aos benefícios trazidos ao sujeito por meio da Psicanálise, sendo, portanto, seu grande representante.

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