O Movimento Mangue Beat
Por: Emerson Matheus Soares • 12/6/2020 • Trabalho acadêmico • 901 Palavras (4 Páginas) • 328 Visualizações
O Movimento Mangue Beat
Prof. Felipe Faraco
Disciplina: Música Popular do Século XX
São Paulo – SP
2019
O movimento mangue beat
Por se tratar de um país muito miscigenado, durante sua história, o
Brasil vivenciou diversos movimentos e políticas de povoamento. Dentre as
contribuições dos imigrantes, podemos citar a contribuição cultural dos povos
africanos, dos europeus e dos indígenas nativos. Contribuições culturais estas
que se miscigenaram tanto quanto os povos aos quais pertence, e deram, mais
tarde, entre outros frutos, um que será abordado neste texto: o Mangue beat.
O Movimento Manguebeat desenvolveu-se em Recife, capital do estado
de Pernambuco, a partir de 1991, e consistiu em uma “cena cultural”,
especialmente no âmbito musical, que misturava elementos da cultura regional
de Pernambuco, como o maracatu rural, com a cultura pop, sobretudo o Rock'n
roll e o hip-hop. O estilo desenvolveu ainda uma forma própria de exprimir
visualmente essas misturas. O uso do chapéu de palha, típico da cultura
pernambucana, aliado a acessórios da cultura pop, como óculos escuros,
camisas estampadas, tênis e colares coloridos produziu um efeito visual
acentuado em seus integrantes.
Nesta época, a cidade de Recife sofria com uma crise social, onde
inclusive foi eleita numa pesquisa feita pelo Institut Population Crisis Commitee
a “quarta pior cidade do mundo para se viver”.
Como uma resposta artística, o movimento surge com a intenção,
segundo seus idealizadores, de "...injetar um pouco de energia na lama e
estimular o que ainda resta de fertilidade nas veias do Recife. Essa injeção de
energia seria dada por um (...) circuito energético”.
Os principais idealizadores da cena manguebeat foram Chico Science,
Fred Zero Quatro, Renato L, Mabuse e Héder Aragão. Somaram-se a eles
Jorge du Peixe, Pupilo, Lúcio Maia, Toca Ogan, Gilmar Bola 8, Gustavo da Lua,
Otto, entre outros.
O termo “manguebeat” é fruto de uma junção da palavra mangue, um
ecossistema típico da costa do Nordeste brasileiro e da cidade de Recife, com
a palavra beat, do inglês, que significa batida – mas que também remete à
linguagem dos códigos binários utilizados na informática: bits. O caranguejo,
forma de vida típica do mangue (ou da lama dos manguezais), que é capturado
e vendido por trabalhadores da região, tornou-se o símbolo do Manguebeat.
Inclusive, o principal manifesto desse movimento cultural, escrito por Fred Zero
Quatro, tem o título de “Caranguejos com cérebro”.
A denominação manguebeat pretendia tornar clara a proposta desse
manifesto. Nele, Zero Quatro afirma que as “artérias” da cultura do Recife
estavam “bloqueadas”, que Recife “estava morrendo” econômica e
culturalmente e que, portanto, era necessário revitalizar a cultura da cidade,
misturando o tradicional com o moderno.
“Hoje, Os mangueboys e manguegirls são indivíduos interessados
em hip-hop, colapso da modernidade, Caos, ataques de predadores
marítimos (principalmente tubarões), moda, Jackson do Pandeiro, Josué
de Castro, rádio, sexo não-virtual, sabotagem, música de rua, conflitos
étnicos, midiotia, Malcom Maclaren, Os Simpsons e todos os avanços da
química aplicados no terreno da alteração e expansão da consciência.”
(Trecho de “Caranguejos com cérebro”)
A primeira vez que o nome Manguebeat apareceu, foi no Jornal do
Comércio, em 01/06/91, na matéria o estilo musical era definido por Chico
Science como a mistura de samba-reggae, rap, ragafuffin e embolada.
No ano seguinte, é lançado um disco com músicas demo das bandas
"Chico Science & Nação Zumbi" e "Mundo Livre S/A" liderada por Fred 04.
Em 1993, uma série de 3 apresentações em São Paulo e Belo Horizonte
acontecem, aumentando o destaque da banda, com o sucesso de público e
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