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O DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA HISTÓRIA ORAL

Por:   •  6/11/2021  •  Abstract  •  1.504 Palavras (7 Páginas)  •  118 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

HISTÓRIA ORAL

DOCENTE: Maria da Conceição Fraga

DISCENTE: Pedro Henrique de Assunção Trigueiro

Análise Textual: Michael Pollak

NATAL/RN

2020

Memória e Identidade Social

        Neste trabalho, me proponho a analisar a ideia de Memória e Identidade trazida por Michael Pollak. O conceito se mistura a partir da individualidade e cresce para o coletivo: as memórias vão existir em um âmbito individual mas também se manifesta de maneira geral, sendo várias memórias individuais a constituição não só de uma construção dos próprios acontecimentos mas também de um imaginário do que ali acontecia, sendo assim, mesmo indivíduos que não participaram ativamente daquilo que gerou a memória possuem consigo um imaginário ou uma ideia de tudo que ali aconteceu. Dessa forma, a coletividade é construída. Se aqui cabe uma reflexão, dessa forma também um regionalismo ou até mesmo uma tradição vai ser criada, a história vai usar de seus agentes para construir todo um cenário temporal, elencando aqueles que participaram ativamente da ação como os geradores da memória enquanto aqueles que viveram “por tabela” a grande reação e, talvez, as consequências da ação da memória, acontecimentos esses que podem ser afetados por uma memória pregressa que foi consagrada como tradição.

        Pollak vai tratar de três critérios da memória: acontecimentos, personagens e locais. Logo, pelos exemplos por ele narrados, é possível notar que os acontecimentos geram uma memória, os personagens perpetuam, sejam eles ativos ou “por tabela”, e os locais manifestam a memória concreta em suas estruturas, desde um museu até mesmo um local à natureza que traz uma memória aos agentes que ali viveram os acontecimentos. Fazendo uma alusão à história do Rio Grande do Norte, podemos ver a perpetuação de uma memória que iniciou sendo individual a partir dos personagens que diretamente enfrentaram mas que tomou proporções coletivas pela sua população: a chegada do Cangaço em Mossoró. Por mais que os líderes até hoje sejam lembrados, desde Padre Mota até Rodolfo Fernandes, a cidade viveu o cerco e possui também o seu imaginário, contando assim os dias que passaram nesse acontecimento. Os locais, como a Igreja, que mesmo sendo um local de culto divino católico possui em evidência as chagas causadas pelos tiros dos cangaceiros, e o Palácio da Resistência, que se tornara o prédio da Prefeitura, guardam e perpetuam uma memória pregressa; os indivíduos perpetuam a memória até ela se tornar cultura, como é visto no espetáculo “Chuva de balas no País de Mossoró”, sendo assim, um acontecimento que aconteceu em 1927 se perpetua por 93 anos e permanece até hoje no imaginário da população que, quase, senão toda a população não tenha vivido este período.

        Deste modo, Pollak também explica que a história também é herdada, não completamente mas em parte, já que a memória vai sofrer com as alterações que o tempo fará aos conceitos e ao próprio objeto da memória. Ele cita as memórias nacionais, organizadas de maneira que vá aludir a nação quais são as principais datas que devem ser preservadas na memória coletiva, sendo estas escolhidas e tornadas oficiais, logo, essas datas são importantes para um perfil identitário de um povo como povo, ou seja a reafirmação de um conceito de identidade dentro de uma determinada sociedade. Dessa forma, memória e cultura se misturam com a identidade, para um povo católico, as principais datas dos santos e das festas litúrgicas são sempre muito lembrados, visto um povo majoritariamente católico como o brasileiro, as datas religiosas se misturam com os feriados temporais, para a contestação dos que não comungam da mesma fé, solicitando com que se acabem os feriados religiosos. Ora, uma pessoa vai usar de diversas culturas: um natalense pode ter o “jeitinho brasileiro”, a fé católica, o sotaque nordestino e as gírias geralmente faladas na sua cidade, sendo assim, para esse natalense, várias datas podem ser passivas de celebração, porém, como Estado, a memória deverá ser coletiva, logo, comum a todos.

        Conectando com os exemplos acima, Pollak vai elucidar que Memória e Identidade são valores disputados, disputas estas que são evidenciadas em conflitos sociais e políticos. Logo, a memória vai se unir ao sentimento de identidade pelo que foi herdado pelas relações familiares, sociais e políticas. Vejamos, por exemplo, a ascensão da Oligarquia Alves no Rio Grande do Norte, com seu decano Aluísio Alves. Aluísio vai se tornar um líder extremamente amado, com o apoio da Igreja e com a mentalidade da época que tinha a luta contra o comunismo herdada do Regime Militar e dos EUA. Para aqueles que viveram as eleições no tempo de Aluísio, a grande popularidade dele, os rios de dinheiro que os EUA investiram em Natal a partir da Aliança pelo Progresso, e o carisma, Aluísio só sai do poder, passado o executivo e entrando no legislativo, graças ao AI-5, no momento de maior aperto da Ditadura, trazendo ainda mais ao imaginário do potiguar o saudosismo, que se perpetuou a ponto de gerar uma oligarquia. Então, parte dos hábitos políticos do Norte-riograndense herdam uma memória política que foi criada há mais de 50 anos, mas que não deixou de abrir espaço para o crescimento de novas memórias políticas e, consigo, novas oligarquias. Logo, por causa disso, existem ainda cidades no interior do Rio Grande do Norte que, herdando a tradição do Verde usado nas campanhas do Bacurau Aluísio, usam também para apoiar seus candidatos que apoiam a mesma vertente, mesmo que não seja nem vinculado diretamente a oligarquia. Logo, a memória também é imagética e possui em si a ramificação dos costumes das populações.

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