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O Egito dos faraós é a mais longa experiência humana

Por:   •  23/9/2017  •  Trabalho acadêmico  •  3.248 Palavras (13 Páginas)  •  199 Visualizações

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Sobre o autor

Considerado um dos principais historiadores do Brasil, Ciro F. S. Cardoso autor de várias estudos sobre Antiguidade, em particular no campo da Egiptologia, incluindo interesses temáticos em Historiografia e Metodologia da História. Teve renome internacional com o livro “Os Métodos da História”, que escreveu em parceria com o professor e escritor argentino, naturalizado costarriquenho, Héctor Pérez Brignoli. Formou-se em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Torna-se doutor pela Universidade de Paris X e trabalhou como professor e pesquisador em diversos países latino-americanos e europeus.

Livro

Publicado em São Paulo, no ano de 1982 pela editora Brasiliense, 2ª edição publicada em 2012.

Assunto

Trata-se de uma apresentação não convencional do Egito Antigo, no qual analisa-se as estruturas econômico-sociais e sua história política, além de apresentar os estudos sobre os quase 3 milênios da estabilidade da língua e da organização social e política no Egito.

Egito Antigo

O Egito dos faraós é a mais longa experiência humana de continuidade política e cultural documentada além de ser o primeiro reino unificado do qual se tem conhecimento. Sua história estende-se desde aproximadamente 3000 a.C. até 332 a.C. com a conquista macedônica. No âmbito cultural, a língua egípcia destaca-se por sua continuidade e longevidade, durando aproximadamente 4500 anos na qual sofreu apenas pequenas modificações.

Nectanebo II, o ultimo faraó – no sentido exato da palavra – morreu em 341 a.C., quando o Egito sofre o segundo domínio persa, a aproximadamente vinte e três séculos. Um milênio e meio nos separa dos últimos detentores da cultura egípcia antiga. Egito esse que que inspirou inúmeros livros destinados ao grande público como nenhuma outra cultura antiga.

A Falência da “Hipótese Causal Hidráulica”

Na medida que o ressecamento climático responsável pela formação do grande deserto, o Nilo, um curso de água perene, o qual não dependia das chuvas egípcias, mas sim de fenômenos ocorrentes bem mais ao sul, nos grandes lagos africanos, gradativamente foi atraindo mais saarianos “brancos” (hamitas) que se misturaram com semitas vindos da Ásia ocidental e negroides que desceram o vale do Nilo em sentido Sul- Norte.

Por volta de 3100 e 2700 a.C. destaca-se uma repentina diminuição das cheias do Nilo, fazendo com que o povo depende-se ainda mais das águas do rio. A partir de então estabelece-se a atual ecologia do Egito, com três divisões: o Delta, com extensão maior de terras aráveis, o Vale estreitas faixas aráveis nas margens do rio e o deserto estéreo.

O Nilo não possuía enchentes tão violentas como as da Mesopotâmia e também mais regular, a qual iniciava em julho e retirava as águas em outubro, o que coincide com o período adequado para a plantação. Após a colheita passava-se vários meses até que houvesse a próxima inundação, permitindo assim a limpeza e concerto dos diques e canais.

O período de maior calor no Egito antigo coincidia com o período de cheias e o período de seca com o clima menos quente, sendo que nesse período as águas acumuladas nos reservatórios bastavam para a irrigação das plantações sendo, portanto, que o sistema de irrigação por tanques era bem mais simplório do empregado na mesopotâmia

De certa forma a agricultura irrigada teve papel fundamental na consolidação das confederações tribais que deram origem ao spat (em grego, nomo), que funcionaria como província no reino unificado.

Economia e sociedade

As principais inovações tecnológicas no Egito faraônico se fixaram entre 3000 e 2700 a.C., aproximadamente no mesmo período que na mesopotâmia, sendo, porém, que o Egito estava mais atrasado em relação a essa.

No Egito, as atividades agrícolas formavam a base fundamental da economia. O Nilo possuía um período de cheias (julho-outubro) e vazante (novembro-fevereiro) bem definido, porem havia casos onde a plantação era feita antes da retirada da água, no qual era utilizado o gado menor (ovelhas, cabras e porcos) para enterrar as sementes. Tanto o arado quanto a enxada dos egípcios eram instrumentos simplórios e leves feitos de madeira.

No Egito, o gado maior (bois, asnos, e o cavalo difundido no Reino Novo) servia principalmente para puxar o arado, separar os grãos da palha e para o transporte. O cavalo era utilizado para puxar carros e para o transporte. Bovinos ainda eram utilizados como alimento (carne e leite), e sacrifícios aos deuses.

A agricultura e a criação eram complementados pela pesca e também pela caça realizado no deserto e nos pântanos, havia também a coleta do papiro em pântanos e de madeira de má ou média qualidade, como sicômoros, acácias, palmeiras, etc.

A atividade artesanal baseava-se na fabricação de tijolos e de vasilhames com barro recolhidos após a inundação do Nilo; fabricação do pão e de cerveja com cereais; produção de vinho de uva e tâmaras; fiação e tecelagem do linho; etc.

Os egípcios dispunham sob sua jurisdição terras ricas em pedras duras, semipreciosas (turquesa) e metais (ouro, cobre e chumbo), as quais eram utilizadas para os mais diversos fins. A madeira de boa qualidade bem como a prata, o estanho, a cerâmica de luxo, o lápis-lazúli e outros artigos eram importados de povos vizinhos.

O artesanato egípcio se organizava em dois níveis, o primeiro ocorria nas propriedades rurais e nas aldeias, na qual eram produzidos tecidos grosseiros, vasilhas utilitárias, tijolos, artigos de couro, produtos alimentícios, etc. Já o artesanato de luxo, concentravam-se em oficinas mais importantes, sendo propriedade dos templos ou do rei. A mineração e as pedreiras assim como as grandes construções e as obras públicas também eram de responsabilidade do faraó.

Os registos apontam que no Reino Antigo, o comércio local assim como o trabalho, eram pagos in natura. Já as transações maiores e para o imposto, havia um padrão de pesos de metal (shat, deben). O comércio entres as diferentes regiões egípcias, eram executados por funcionários reais. Isso indica que, de alguma forma, praticamente toda a vida econômica, passava pelo rei e seus funcionários ou pelos templos.

A afirmação de que o rei era o detentor exclusivo das terras do Egito, não é exata, já que, desde o Antigo Reino, os templos também possuíam terras, isentas de impostos e de trabalhos forçados ao governo, ainda haviam diversas propriedades nas mãos de altos funcionários da corte,

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