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O Fichamento História de Portugal

Por:   •  2/6/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.643 Palavras (7 Páginas)  •  194 Visualizações

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Universidade Federal de Juiz de Fora

Departamento de História - ICH

Disciplina: História Moderna I

Nome: Juliana Silva de Siqueira

FICHAMENTO

HESPANHA, António Manuel e XAVIER, Ângela Barreto. As redes clientelares. In: HESPANHA, António Manuel (coord.). História de Portugal – Antigo Regime, vol.4. Lisboa: Editorial Estampa, 1998.

 “Uma incursão pelo campo dos poderes informais, da pluralidade de relações sociais e sua expressão sob formas de amizade, serviço e clientela comporta obrigatoriamente uma reflexão sobre a economia do dom na época moderna”. (p.339)

 O direito oficial e as instituições jurídicas formais por si só não bastam para compreender todos os recantos do poder

 “Outras formas de ordenação (informais e pouco visíveis enquanto tal) subjaziam, estruturavam e condicionavam os instrumentos e aparelhos visíveis de imposição ou execução da autoridade juridicamente definida.” (p.339)

 O universo normativo do Antigo Regime se estruturava em modos de ver, pensar e agir. Com isso, as relações institucionais ou jurídicas se misturavam e coexistiam com outras relações baseadas na amizade, parentesco, fidelidade, honra, serviço, sem que estas fossem inferiorizadas

A economia do dom. Amizades e clientelas na ação política

 “As categorias desta ‘economia do dom’ estavam na base de múltiplas práticas informais de poder e na formulação de mecanismos próprios e específicos a este universo político, singular, como, por exemplo, as redes clientelares (A. M. Hespanha, 1992).” (p.340)

 As relações clientelares, derivadas de relações de poder, mesmo que informais, eram fundamentais para estruturar alianças políticas mais extensas e duráveis

 Ação do intermediário “que detinha um conhecimento alargado dos interesses, dos interessados e dos faltosos, fazendo entrar em contato uns com os outros, obtendo, assim, fortes dividendos políticos e acrescentando, desse modo, o seu próprio poder pessoal.” (p.340)

 “Se continuarmos a desmontar as relações sociais e os interesses presentes neste caso, deparamos com um universo constituído por pessoas que se movem, sobretudo em funções de relações de proximidade clientelar e que, podendo estar posicionadas em zonas díspares, ou até opostas, do espaço social, são publicamente apresentadas como portadoras de uma identidade – ‘os conjurados’.” (p. 341)

 “Definiu-se a economia do dom como cimentada sobre atos de dar e retribuir compreendidos pela vastidão do conceito de ‘amizade’.” (p.342)

 Tal conceito de amizade abrange diversas relações como de rei/vassalos, relações filiais ou de pura amizade

Uma estratégia de ganhos simbólicos

 “A amizade desigual é, formalmente, aquela que legitima as relações de poder entre homens livres.” (p.343)

 No Antigo Regime era comum que algumas casas nobres mantivessem relações de quase dependência com alguns financiadores para a manutenção de seu status ou por estratégia de ascensão, visto que o endividamento ou falência desses nobres era visto como uma vulgaridade

 "O ato de 'dar' podia corresponder a um importante investimento de poder, de consolidação de certas posições sociais, ou a uma estratégia de diferenciação social." (p.344)

 "No entanto, se se atentar de mais perto na teoria do benefício, logo se verá como ela estabelece um cálculo, e um cálculo bastante constrangedor, que aproxima a graça da justiça. O P.e Antonio Vieira salienta bem este caráter não arbitrário do dom (e da gratidão): 'A todos se há-de dar e nem de todos se há-de receber; dá quem quer diz Séneca, porque quem quer hé bom para escravo, e nem todos são bons para senhores'." (p.344)

Affectus em troca de effectus. A gratidão como dívida interminável

 "A verdade é que, ao ato de dar, subjaz uma (pouco virtuosa) estratégia de valorização social e política, que expressa bem os traços daquilo que é apresentado, na época moderna, como reputação." (p.345)

 "As relações de dependência não só se verificavam entre indivíduos, mas podiam envolver instituições." (p.345)

- papel das redes clientelarestransindividuais e transgeográficas nas decisões do centro administrativo do Reino

 "usual a ênfase colocada na oferta de serviços por qualquer grupo de indivíduos que requeira um bem ao rei - ao qual subjaz a ideia deuma troca de favores (e, por isso, de obrigatoriedade de retribuição), apesar de o pólo inferior fazer questão em vincar a sua posição de obediência 'devida', independente da concretização do pedido." (p.346)

Serviços e mercês

 "A imagem historiográfica dominante em Portugal sobre as relações entre o rei e os donatários sublinha a dependência destes relativamente à coroa, ao invocar justamente este caráter gratuito da doação e a necessidade de confirmação das doações de bens da coroa." (p.347)

 "O rei aparece, assim, sujeito aos constrangimentos e contingências impostos pela economia de favores, e podia ser clara e eficazmente pressionado por determinadas casas poderosas no sentido de tomar esta ou aquela resolução, como, na prática, sucedia com os outros atores políticos." (p.347)

 "De fato, apenas a legislação pombalina consegue desativar as redes familiares e institucionais que condicionavam e que, de algum modo, definiam as 'razões da política' (assim como a prática da 'retribuição devida' aos serviços), ao passar a considerar as mercês - nomeadamente de bens da coroa e de ofícios - como simples 'graças', e não como algo patrimonializado." (p.347)

 Cabe ressaltar que as redes clientelares não existiam somente na corte e nos âmbitos políticos, eram envolvidas também em interações sociais e comportamentos cotidianos.

HESPANHA, António Manuel. As estruturas políticas em Portugal na Época Moderna. In: TENGARRINHA, José (org.). História de Portugal. São Paulo: Unesp/EDUSC, 2003.

A ordem social como ordem natural

 Ordem

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