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O Oriente Moderno

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Por:   •  11/9/2014  •  2.888 Palavras (12 Páginas)  •  644 Visualizações

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O Oriente Moderno

Introdução

Quando falamos sobre História Moderna, imediatamente nos vem à mente a ascensão dos reis absolutistas europeus e a formação dos Estados Nacionais, cuja melhor tradução é a emblemática imagem de Luis XIV, o rei sol, que governou a França entre os séculos XVII e XVIII e a quem é atribuída a famosa frase “O Estado sou eu”, que transmite a síntese perfeita do absolutismo em seu apogeu.

Esta representação do poder real, cercado de luxo e ostentação, é encontrada em inúmeros livros didáticos, pois demonstra com clareza a conjuntura e o espírito da Europa de seu tempo. Mas, se a ilustração de Luis XIV nos é extremamente familiar, o mesmo não ocorre quando pensamos a Idade Moderna fora do contexto europeu.

Se hoje os olhos do mundo contemporâneo se voltam para a China com admiração pelo seu progresso econômico, nem sempre os reinos orientais foram encarados com essa mesma perspectiva. Na historiografia ocidental, há um claro predomínio das teorias elaboradas na Europa, mais notadamente na Inglaterra e na França. Esta ultima assumiu, durante décadas, o sentido de civilização a ser seguido e copiado em diversas partes do mundo, sobretudo na América.

Mas o Oriente sempre atraiu os olhares curiosos dos europeus. Um exemplo disto é a jornada do veneziano Marco Polo, no século XII. Polo teria vivido na corte de Kublai Khan, um dos mais poderosos imperadores de seu tempo e, ao regressar para a Europa, descrevera as maravilhas e os mistérios orientais. Essas narrativas faziam parte do imaginário medieval que foi legado à mentalidade moderna.

Introdução

Para melhor compreendermos a história do Oriente, é necessário vermos alguns pontos teóricos que nos ajudam a embasar nosso conhecimento. Ao entendermos a história como um processo, abre-se um novo campo para o estudo, a história comparada.

Isso quer dizer que podemos e devemos entender a história oriental e a ocidental interligadas entre si, sem que isso signifique uma esteja submetida à outra. Utilizamos para isso o conceito de histórias conectadas (“A expressão histórias conectadas foi proposta por Sanjay Subrahmanyam, historiador indiano radicado na França, que desmonta o que considera ser a “visão tradicional” da historiografia europeia sobre o mundo asiático. Enfatiza que a história da Eurásia moderna não pode ser vista como mero produto ou resultado do “comando” da história europeia, sem a qual, supostamente, não existiria. Propõe que ela seja entendida em suas conexões com a Europa e com as outras partes do mundo, sem que se estabeleçam polos, um determinante e outro subordinado”), conforme citado pela historiadora Maria Ligia Coelho Prado:

De modo geral, o que os historiadores contemporâneos questionam é a própria visão de Oriente, construída pelos europeus ao longo de sua história. Ainda que o continente asiático tenha suas próprias especificidades e dinâmicas de funcionamento, ele tem sido analisado a partir das categorias mentais europeias. Um dos maiores estudiosos sobre o tema foi Edward Said, que discute a construção do orientalismo a partir do olhar etnocêntrico europeu.

Segundo Said:“O Oriente não é apenas adjacente à Europa; é também o lugar das maiores, mais ricas e mais antigas colônias europeias, a fonte de suas civilizações e línguas, seu rival cultural e uma de suas imagens mais profundas e mais recorrentes do Outro. Além disso, o Oriente ajudou a definir a Europa (ou o Ocidente) com sua imagem, ideia, personalidade, experiência contrastante”.

Fonte: SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 27-8.

Para Said, o Oriente constitui a imagem privilegiada do outro, segundo o qual a Europa reafirma sua própria identidade. Essa perspectiva etnocêntrica – falamos sobre etnocentrismo quando estudamos a chegada dos europeus no continente americano, lembra? – acabou por construir uma visão equivocada na qual o Oriente é descrito como exótico ou misterioso, sem que tenha sido compreendido, de fato.

ATENÇÃO

Partindo destes pressupostos, veremos a expansão e a consolidação dos impérios chinês e japonês, entendo a história oriental e ocidental como conectada. Nas aulas anteriores, abordamos os Estados europeus e americanos e, na disciplina de Moderna I, vimos acerca da fragmentação e formação do Império Chinês. Veremos agora como esse império se expande, bem como seu declínio.

O apogeu do Império Chinês

O apogeu do Império Chinês ocorreu durante a Dinastia Ming, que governou a China entre os séculos XIV e XVII. Os grandes símbolos chineses, como a Muralha da China e a Cidade Proibida foram construídos durante o governo Ming. Durante o último período desse governo, a China passou por uma crise agrária, provocada, sobretudo, pelas condições climáticas desfavoráveis. Os problemas no campo deram início à fome que aliada à cobrança de impostos por parte do Estado, provocou uma enorme insatisfação na população chinesa. O governo Ming mostrava claros sinais de declínio e era vulnerável, sobretudo, nas fronteiras, onde estava sujeito a diversas invasões.

O início da última Dinastia chinesa – Qing

Em meados do século XVII, os manchus, que habitavam a região da Manchúria, no Nordeste chinês, invadiram a China e tomaram o poder, inaugurando uma nova dinastia, a última que a China conheceria, a Dinastia Qing, governando do século XVII até o século XX, quando o império foi derrubado e a república estabelecida.

Assim como havia sido ocorrido durante a Dinastia Ming, a figura do imperador era sagrada. Seu poder remete ao dos reis absolutos europeus, tendo o poder decisório definitivo nas questões políticas e religiosas. Entretanto, na prática, esse poder acabava por ser limitado pelos funcionários do Estado, que geriam as decisões administrativas. O Estado chinês era extremamente complexo e possuía diversos ministérios. Embora todas as instâncias estivessem submetidas ao imperador, esses funcionários possuíam enorme poder político e grande influência no governo.

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