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O Reinventando o Otimismo

Por:   •  26/8/2019  •  Resenha  •  765 Palavras (4 Páginas)  •  315 Visualizações

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FICO, Carlos. Reinventando o Otimismo: Ditadura, propaganda e imaginário social no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1997.

No primeiro capítulo da obra, o autor reconstrói toda a discussão feita desde o Brasil Imperial no que tange as correntes de pensamento brasileiras, abordando os principais argumentos tanto dos pessimistas quanto dos otimistas com relação ao crescimento e desenvolvimento do país.

O que pode ser percebido é que os principais argumentos dos pensadores otimistas são, desde a Independência do Brasil, o tamanho do território, as belezas e riquezas naturais, o clima ameno, a ausência de calamidades e a harmonia racial. Estes aspectos levantados pelos otimistas  atravessam os anos e são percebidos até os dias atuais (e também na época da ditadura, período que a obra se propõe a discutir).

Os pensadores da corrente pessimista vêem o Brasil “como uma criança doente em um lento desenvolvimento de um corpo mal-organizado”. A natureza exuberante que temos é coberta por um “véu de tristeza”, causado pelas melancolias dos abusos venéreos e da idéia fixa do enriquecimento de alguns, além disso, essa natureza é mal aproveitada em função de uma crise moral (o povo do “jeitinho”, preguiçoso, etc.) .

Até a fase de transição da República Velha para o Brasil contemporâneo, a miscigenação das raças foi considerada um fator de enfraquecimento do povo brasileiro, explorado pelos pessimistas. Mas, principalmente à partir do Estado Novo (onde a questão de “identidade nacional” torna-se oficial), vemos uma valorização da mistura racial, da crença no caráter benévolo do povo, do enobrecimento do trabalho e uma certa idéia de “nação”.

Já a partir dos anos 1950, a visão de Brasil como resultado do caldeamento das raças já seria voz corrente. Desta maneira, o passado não seria mais visto como um fardo, mas sim como vetor para esclarecimento do presente. Logo, os estudos acerca dos folclores e tradições brasileiras (patrocinados pela Academia Brasileira de Letras) nos levariam a descobrir a “alma da nação”.

Durante os governos militares foi grande a preocupação com a identidade nacional, sendo assim, ficaram a cargo da imprensa e dos presidentes-generais as leituras sobre os “valores brasileiros”.

 [...] “Este povo “generoso e ordeiro”, e também “compreensivo, tranqüilo e bom”, possuiria um certo conjunto de “virtudes inatas” que permitiriam a resolução de quaisquer problemas, e era capaz de “resistir a rudes golpes e suportar sacrifícios prolongados”.” [...] [p.37].

        Avança também a idéia de que para o Brasil se tornar um país desenvolvido bastava-se “reparar os erros”. Estes erros ocorriam em vários âmbitos, e sua correção seria como “recolocar o Brasil no rumo certo”. O problema está na frustração resultante de não se obter êxito neste fato.

        Outra idéia que vemos ganhar força durante a ditadura é a de “sacrifícios agora e felicidade no futuro”. Colocado em seu “rumo correto”, o país derrotaria os problemas e chegaria a um futuro promissor.

        A noção de crise moral retorna ao palco, e agora notoriamente utilizada pelos golpistas, que respaldaram o mesmo com  a afirmação de que o movimento de março de 1964 vinha para “restaurar o primado dos “valores éticos e morais do Ocidente cristão”. Mas dentro da ditadura a mesma noção foi utilizada pela oposição, onde a censura e a perseguição política eram explicadas pela crise moral.          

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