Organização Social dos Xavantes

Um Povo Dividido em Metades Opostas e Complementares

A sociedade Xavante tem uma característica marcante que seria sua organização social considerada dualista, ou seja, eles têm uma percepção de vida onde tudo é dividido em metades opostas e complementares tendo uma divisão da tribo em dois clãs, assim como ocorre em todas as sociedades jê. Uma dessas divisões é determinada por descendência patrilinear, organizando as pessoas em duas classes matrimoniais, chamadas Poriza'õno e Öwawe que dita que um indivíduo só poderá se casar com alguém do outro grupo, ou “metade”.

Outra divisão da sociedade Xavante organiza as pessoas também em duas metades, mas não com o critério matrimonial, mas o da distinção por faixas etárias. Então dois grupos foram formados e esses denominados pelo antropólogo David Maybury-Lewis “Xavantes Ocidentais” e “Xavantes Orientais”, e cada uma dessas metades é composta por mais quatro grupos de classes de idade sendo assim, temos dentro da sociedade Xavante oito classes de idades diferentes.

Entre 7 e 10 anos de idade, os meninos entram na “casa dos solteiros” conhecida por eles como Hö e nesse período eles formam um grupo de idade chamado wapté (pré-iniciados), os meninos permanecem no Hö durante cinco anos até estarem prontos para casar, e durante a permanência eles podem receber apenas a visita dos padrinhos e só deixam a casa para rituais e para atividades fora da aldeia, como caça e pesca. Já as meninas, diferente deles, não se separam de suas famílias, continuando vivendo normalmente em suas casas. Depois do período de residência na “Casa dos Solteiros”, é feita um ritual de perfuração de orelhas que transforma os meninos pré-iniciados em adultos iniciados, e as meninas tornam-se adultas quando dão a luz ao seu primeiro filho.

A vida adulta para os meninos e meninas também é dividida em 4 fases: iniciados recentes (‘ritai’wa), jovens adultos (ipredupté ou da-ñohui´wa), adultos maduros (iprédu) e velhos (ihí). Depois que um xavante morre passa a pertencer à categoria dos hoimana´u´ö que são os “ancestrais”, também conhecidos como sare´wa ou wazapari’wa dependendo do contexto, que podem renascer num contínuo ciclo de vida.

Caroline Vieira Lopes

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