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Os Festivais de Música Popular Brasileira

Por:   •  28/9/2018  •  Monografia  •  1.918 Palavras (8 Páginas)  •  269 Visualizações

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RESUMO

        

Com a chegada do Regime Militar ao poder, e as mudanças que aconteceram através dos Atos Institucionais, fez com que surgissem muitos movimentos de protestos principalmente entre estudantes e artistas de todas as categorias para que se chegasse o fim do regime ditatorial. Entre esses movimentos se encontram, as chamadas canções de resistência que traziam letras sobre— mesmo que de forma “camuflada”— o que estava acontecendo no país, na qual tentavam passar a mensagem ao público de que o Brasil havia sofrido um golpe militar. Tais músicas chegavam ao povo através dos Festivais de Música Popular, que se tornaram um grande evento nos anos 60, e por serem transmitidos em redes de televisão, eram assistidos por uma grande parte da população. Serão apresentadas as canções de protesto, que foram cantadas nos Festivais de Música, e foram transmitidas pela Rede Record de Televisão entre os anos 1965-1969.

Nos anos de Regime Militar houve ao todo 17 Atos Institucionais, porém o mais temido de todos foi o chamado AI-5, que aconteceu em 13 de dezembro de 1968 e vigorou até dezembro de 1978, e foi considerado o mais duro do regime.

O AI-5 é considerado o “golpe dentro do golpe”, pois dava maior poder ao presidente da República, que além de intervir nos Estados e Municípios nomeando interventores, tinha poderes para cassar e suspender mandatos. Civis que eram acusados de crime contra a segurança nacional, já eram julgados pelos militares desde o AI-2, no entanto com a chegada do AI-5, eles perderam o direito do Habeas Corpus. A censura se tornou muito mais rígida e a tortura passou a fazer parte dos métodos do Governo. (FAUSTO, 2015 p. 407-408)

 Em meio a esse contexto, houve movimentos de manifestações contra o Governo ditatorial, principalmente entre estudantes e no meio artístico de todas as categorias.

Após o golpe de 1964, os artistas não tardaram a organizar protestos contra a ditadura em seus espetáculos. Ainda mais porque os setores populares foram duramente reprimidos e suas organizações praticamente inviabilizada, restando condições melhores de organização política especialmente nas camadas médias intelectualizadas, por exemplo, entre estudantes, profissionais liberais e artistas. Esse período testemunharia uma superpolitização da cultura, indissociável do fechamento dos canais de representação política, de modo que muitos buscavam participar da política inserindo-se em manifestações artísticas. (RIDENTI, 2007, P.143)

Os Festivais de Música Popular Brasileira (MPB) apresentados nas redes de televisão e emissoras de rádio acabaram se tornando palco de algumas músicas que foram cantadas em forma de protesto contra o regime ditatorial, muitas ainda hoje são vistas como “hinos” que representaram essa luta.

 [...] Houve hinos como “Para não dizer que não falei em flores” de Geraldo Vandré, que até hoje provoca um arrepio emocionado em quem viveu aqueles anos, ou mesmo nos mais jovens, que intuem o que significou para um solitário cantor, no palco com seu violão, desafiar um regime que já apresentava todos os sinais de que iria radicalizar a qualquer tipo de oposição. (ALBIN, 2003, p.285-286)

Segundo Zuza Homem de Mello, o primeiro festival da Record, apesar de poucos se lembrarem, aconteceu no Guarujá em dezembro de 1960 e teve como vencedora a música “Canção do Pescador”, cujo autor foi o pianista Newton Mendonça, e foi a mais aplaudida. (MELLO,2003, p.13)

No dia 29 de janeiro, durante a entrega dos troféus Chico Viola, a TV

Record anunciou que promoveria o seu II Festival da Música Popular

Brasileira, com 20 milhões em prêmios. Muitos acharam que aquele seria o

segundo porque a TV Excelsior já havia feito um em 1965, mas poucos se

lembravam que seis anos antes houvera o primeiro, no Guarujá. Essa, a razão

de ser o segundo. (MELLO,2003, p.81)

Com o Regime Militar no poder, a repressão no meio cultural, assim como em outros setores, foi se tornando cada vez mais inflexível.

Assim, mostra-se relevante a pesquisa, uma vez que, analisar tais festivais de música, poderá ajuda-nos a compreender maneiras encontradas por alguns artistas para resistir ao governo ditatorial.

ANÁLISE DA BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL

Ao longo dos anos após o término do Regime Militar, muitos historiadores estudaram e escreveram sobre os vinte e um anos em que o país viveu em regime ditatorial, e os movimentos de resistência através das músicas e a apresentação das mesmas nos Festivais de Música da época.

Zuza Homem de Mello em seu livro A era dos Festivais, uma parábola, narra aos leitores os festivais apresentados, dando detalhes importantes daqueles momentos, tendo ele presenciado de perto, já que trabalhou nos bastidores da rede Record como engenheiro de som nos programas de MPB e festivais da Record e na contratação de astros internacionais. (MELLO, 2003, p.9)

O técnico já estava desplugando o último patch quando alguém subiu a escada. Era o diretor da TV Record, Paulinho Machado de Carvalho, trazendo um envelope fechado. "Zuza, leve esse envelope para casa e guarde num cofre. Não entregue para ninguém." Mais uma vez Paulinho confiava um segredo a seu fiel funcionário. No envelope, estavam as fichas de votação dos jurados um resultado que durante muitos anos permaneceu um mistério da Era dos Festivais. (MELLO, 2003, p.9)

O livro de Ramon Casas Vilarino, A MPB EM MOVIMENTO música, festivais e censura, foi apresentado por ele primeiramente em forma de dissertação em sua conclusão de curso de mestrado, no livro ele faz a análise de algumas das músicas cantadas nos festivais e relata também como a chegada do AI-5 afetou esses festivais em um capitulo chamado “Uma pedra no caminho: festivais, MPB e A.I.5. (VILARINO, 1999, p.87)

Com a imposição do Ato Institucional n°5, seus efeitos fizeram-se sentir na sociedade como um todo. As expressões culturais em geral, e a música em particular, já vistas como espaços possíveis de resistência e subversão. O VI Festival de MPB da TV Record mal havia terminado, quase se coincidindo com a edição do A.I.5 [...]. (VILARINO, 1999, p. 87)

Ricardo Cravo Albin, em sua obra O livro de ouro da MPB dedica um capítulo chamado de Cantos de Resistência; nesse capitulo o autor fala do decreto do AI-5, que deixou ainda mais evidente a repressão imposta pelo governo ditatorial, e como os artistas foram atingidos. “[...], o AI-5 foi a demonstração de que a ditadura não tinha mais como conter, sem acentuada repressão, a crescente oposição de vários setores da sociedade [...]” (ALBIN, 2003, p.284)

Marcos Napolitano busca trazer em sua obra 1964 História do Regime Militar Brasileiro uma análise dos vinte e um anos de ditadura militar brasileira, no contexto sócio político, cultural e econômico. (NAPOLITANO, 2014, p. 8)

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