Outra Visão Sobre A Umbanda
Trabalho Universitário: Outra Visão Sobre A Umbanda. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: JoelmaSilva77 • 19/9/2014 • 3.986 Palavras (16 Páginas) • 371 Visualizações
OUTRA VISÃO SOBRE A UMBANDA
Joelma Pereira Silva¹
RESUMO
A Umbanda é uma religião que surgiu com base nos cultos afro-brasileiros, com o sincretismo dos Santos Católicos, com os Orixás africanos, com o Ameríndismo, com o Kardecismo e com o Orientalismo. Onde tem suas primeiras atuações com a Quimbanda e as Macumbas. O povo se dedicava ao culto, mas não tinha cultura, conhecimento e espaços propícios. Então os espíritos vinham e guiavam esses médiuns. Como o Brasil era uma colônia que predominava o catolicismo, os cultos afro-brasileiros praticados por escravos foram vistos como arte demoníaca, gerando um grande preconceito pela sociedade elitista católica da época. Mas ao longo do tempo, a Umbanda ganha espaço no Brasil, sendo fundada como religião em 1908. Este artigo analisa a Umbanda como religião e seu sincretismo com outras religiões.
Palavras-chave: Umbanda. Sincretismo. Preconceito
1 INTRODUÇÃO
A Umbanda tem como característica fundante o aspecto sincrético, por ter se adaptado ao longo de sua história às mais diversificadas influências religiosas: das diferentes tradições africanas (os deuses ? orixás, ligação com a natureza), do Catolicismo (os nomes dos santos e certos rituais), do Espiritismo Kardecista (múltiplas vidas e a credibilidade de uma tradição européia) e das tradições indígenas (espiritualidade ligada à natureza, mitos). Estes elementos se manifestaram de acordo com o desenvolvimento da religião nascente.
Segundo Birman (1985, p. 25-6), a Umbanda é considerada um
"agregado de pequenas unidades que não formam um conjunto unitário. Não há, como na Igreja Católica, um centro bem estabelecido que hierarquize e vincule todos os agentes religiosos. Aqui, ao contrário, o que domina é a dispersão".
Essa dispersão pode ser interpretada como diversidade, se considerar as influências de sua formação e o processo, em pequenas comunidades, do desenvolvimento de seus rituais próprios. Para tal, cada "terreiro" ou "centro" resgatou de forma mais marcante a tradição do espiritismo Kardecista para uns, ou a tradição do Candomblé para outros, ou, ainda, a tradição da Igreja Católica.
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¹ Especialista em História da Cultura Afro-brasileira, Graduada em História pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA, e-mail: joelmahgm@hotmail.com
Importante salientar que as manifestações religiosas brasileiras com ascendência africana foram, desde o início, uma tentativa de adaptação dos negros escravizados que vinham de tribos e tradições religiosas diferentes, para manter uma identidade cultural que os caracterizassem.
Como disse Berkenbrock (1998, p. 143)
exatamente por causa da complexidade, não se pode dizer que existem regras que possam explicar o desenvolvimento desse processo. O desenvolvimento desse processo é, porém, melhor entendido quando interpretamos o sincretismo dentro da dinâmica do desenvolvimento da sociedade como um todo e do crescer junto de diversas religiões.
A Umbanda é uma religião sincrética por formação, seja por suas raízes afro (representadas pelo Candomblé), seja por suas raízes européias (Igreja Católica e espiritismo kardecista), seja por suas raízes indígenas (a figura do pajé, representada pelo ?Caboclo?, utilização de plantas específicas, entre outros), em diferentes ocasiões e dependendo da região com maior ou menor grau de influência desta ou daquela parte. Por isso, podemos observar sua diversidade e capacidade de adaptação e sobrevivência.
Segundo Birman (1985, p. 90) dessas influências
encontramos, pois, Umbandas misturadas com o Candomblé, o Catolicismo, o Judaísmo, com cultos orientais, Espiritismo, com a maçonaria, o Esoterismo[...]. É claro, no entanto, que algumas influências estão mais presentes do que outras, como é o caso do Candomblé, do Espiritismo e do Catolicismo.
Nessa perspectiva este artigo vem mostrar a verdadeira função que a Umbanda realiza para os brasileiros nos seus trabalhos ritualísticos, de caridade e de fé, que sempre buscam a salvação.
Partindo-se de uma pesquisa de campo, verificou-se a grande influência da Umbanda como Religião, onde os adeptos são de várias classes sociais. Buscou-se também a pesquisa bibliográfica para dar maior sustentação a esse trabalho.
2 SINCRETISMO RELIGIOSO
Durante o tráfico de escravos para o Brasil, negros de quatro principais grupos foram trazidos: os sudaneses os islâmicos, os bantos de Angola e Congo e, finalmente os bantos de Moçambique. Cada um com sua própria expressão religiosa (Berkenbrock, 1998, p. 144).
Apesar dos negros trazidos serem de regiões diferentes da África, com suas diferentes manifestações religiosas, e apesar de serem proibidos de realizar seus próprios cultos, entre eles sobreviveu à prática de certos rituais. Por exemplo, sobre a subsistência do culto aos antepassados no Brasil, Batiste (1985, p. 185) cita
a importância do enterro, dos rituais de separação entre os vivos e os mortos, a idéia
de que as almas dos falecidos reuniam-se à grande família espiritual dos ancestrais no outro lado do oceano. Esse cuidado de render aos mortos o culto que se lhes devia, a fim de que não se vingassem, para que não viessem perturbar seus filhos com doenças ou pesadelos, explica a importância que o cerimonial de enterramento
conservou entre todos os afro-ameríndios.
Esse é o quadro que o sociólogo brasileiro Prandi (1999, p.64) considera a primeira fase das religiões afro-brasileiras, como sendo a do sincretismo com o catolicismo e, em grau menor, com as tradições indígenas.
Os negros faziam associações entre os santos da Igreja Católica e os seus orixás para camuflar seus costumes religiosos. No ritual dissimulado, os escravos adoravam os santos católicos quando, na verdade, estavam venerando suas próprias entidades, mantendo acesas suas crenças e rituais.
A partir do fim da escravidão, a liberdade religiosa é legalmente permitida, mas limitada. A religião oficial era a Católica. Então os negros
começaram a organizar-se em grupos, formaram-se, principalmente em torno do
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