Problemática de Africa - Fanon e Documentário
Por: Rivaldo Macari • 3/7/2018 • Resenha • 805 Palavras (4 Páginas) • 145 Visualizações
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC.
História da África II
Professora Dr. Cláudia Mortari
Rivaldo Antônio Macari Neto
O documentário Concerning Violence - A Respeito da Violência, realizado em 2014 pelo diretor sueco Göran Olsson, é uma obra que tem o objetivo de homenagear e, para além disso, evidenciar os ideais que o psiquiatra e filóso Frantz Fanon, escreveu em seu livro Os condenados da terra, usando filmagens que foram feitas em África no século XIX, entre 1966 e 1984.
Dos conceitos que Fanon escreveu em sua obra, o documentário visa trazer uma reflexão dos ideias apresentados no livro, focando na justificativa da utilização da violência que ocorreu, e ainda ocorre, para a liberação do povo africano, colonizado, de seu opressor e colonizador, o europeu.
Quando se fala de violência, logo vem a mente a ideia de agressão física, a qual o colonizado sofre a mais de 500 anos, ou talvez da violência verbalizada, que resulta na desmoralização e desrespeito, já natural ao colonizador, com o colonizado, que como exemplo, transforma o significado da palavra "negro" para diminuir o sujeito. Porém, talvez a mais perigosa, é a mais silenciosa, a violência mental. Ela transforma a mente do colonizado, levando ele a acreditar que realmente é inferior ao colonizador, e semeia o desejo de deixar de ser o oprimido, e passar a ser o opressor, o colono.
Precisamos compreender que o universo colonial está intimamente ligado ao racismo, que usa como justificativa ideológica todas as ações que são tomadas em terras colonizadas. Entender que, na imersão desse "universo", o colonizado acaba tendo seu psicológico afetado, tanto diretamente quanto indiretamente, o que acabará por resultar na dificuldade em sua total emancipação.
Partimos de um principio que para o colonialismo existir, ele precisa que o colono e o colonizado, fazendo assim, a "dependência" de ambos ao outro, é necessária. Quando aplicado os ideais da colonização, a violência é a principal e soberana arma que o europeu utiliza para continuar essa "dependência", a opressão. Tendo em vista, que os princípios do colonialismo estão fundados no racismo, e assim o negro é reduzido a um objeto, e que a agressividade é uma justificativa ideológica do colono, Fanon afirma que não há outra forma para a descolonização se não também a utilização da violência contra o colonizador, já que para o homem branco europeu a diplomacia com alguém que ele considera naturalmente inferior, não surtira efeito algum, pois não há motivo para ceder a um "objeto".
O caminho que o europeu usa como justificativa do uso da violência com o negro, é com a maior e poderosa ferramenta já usada pelo ser humano: a religião, ou sendo mais preciso a esse caso, a Igreja Católica. Trago meu foco para as igrejas que existem nas colônias, aonde a igreja era dos brancos, fazendo muito pouco ou quase nada para contemplar os colonizados que se converteram ao cristianismo. Em 500 anos de opressão, foi "implantado" na cabeça de pessoas negras, que segundo a religião, elas vieram nessa vida reencarnados em corpos de cor negra, com o objetivo de pagar seus pecados que cometeram em vidas passadas, um discurso cruel e desumano para alienar os colonizados. Fanon bem retrata em seu livro, trecho que também é lido no documentário, que a Igreja não trás o negro para o caminho de Deus, e sim o do opressor, do homem branco.
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