RELATÓRIO E ANÁLISE FILME: “O NOME DA ROSA”
Por: Isabella Tavares • 10/12/2019 • Trabalho acadêmico • 1.466 Palavras (6 Páginas) • 1.220 Visualizações
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
RELATÓRIO E ANÁLISE FILME: “O NOME DA ROSA”
ISABELLA DE SOUZA TAVARES – MATRÍCULA: 2015.1.02759.11
DISCLIPLINA: HISTÓRIA DA IDADE MÉDIA
PROF. MARTA SILVEIRA
RIO DE JANEIRO
2016
Ficha técnica do filme: O nome da Rosa foi produzido em 1986, dirigido por Jean-Jacques Annaud, baseado na obra de Umberto Eco de mesmo nome lançado em 1980.
O romance de Umberto Eco e posteriormente o filme são obras muito importantes que ilustram uma época muito significativa da Idade Média. A figura nociva da mulher, a divergências entre as ordens religiosas, o temor do apocalipse e a inquisição são temas que podemos ver claramente ao longo do filme. São obras de valor cultural muito grande que nos auxiliam no estudo da história.
Tudo que vemos no filme se relaciona de forma direta com o que estudamos e saindo de uma ótica leiga conseguimos perceber e analisar historicamente todas as questões abordadas. Há no filme uma crítica muito clara a cerca da Igreja e de sua doutrina através do personagem William de Baskerville, que é o monge franciscano chamado para resolver o mistério do mosteiro através de métodos que se utilizam da razão. William representa no filme um pensamento mais inclinado ao humanismo e a razão, pensamento esse que é criticado por alguns monges durante o filme. Essa oposição de luz e sombra está presente em todo o filme, mas é importante ressaltar que William faz parte da Igreja mesmo com esse pensamento, representando uma crise que demanda mudança pela qual a Igreja passa durante três séculos. É importante também perceber que as duas visões populares a cerca da Idade Média estão presentes no filme, mas precisamos ter em mente que a Idade Média foi uma época singular e que não podemos deixar que nossa cultura ou nosso tempo nos influencie quando a analisamos.
Na análise das cenas vamos poder aprofundar um pouco mais as questões citadas e perceber como elas se interligam de forma muito intensa entre elas e com aquilo que estudamos. É claro, que sempre tendo em mente a singularidade desse período e livre de etnocentrismo.
ANÁLISE DAS CENAS
Cena 1 e 2: “Quando uma fêmea por natureza tão perversa torna-se tão sublime por santidade, então ela pode ser um nobre veículo da graça.”, “A mulher se apodera da alma do homem” e “Mais amarga que a morte é a mulher”
Logo nos dez primeiros minutos do filme essa cena vem à tona. William e Adso estão junto de um monge mais velho, que olha para uma imagem que parece ser de Maria e seu filho nos braços sendo alimentado. Fica muito evidente o desprezo pela figura da mulher e principalmente por seu corpo, dado os prazeres carnais aos quais os homens se entregavam, inclusive os monges (que se aproveitavam de mulheres pobres fazendo-as se prostituírem por comida).
No filme algumas falas são dirigidas as mulheres e sua perversidade, como por exemplo, na cena em que Adso conta a seu mestre sobre sua relação carnal junto a uma mulher. São proferidas frases como: “A mulher se apodera da alma do homem” e “Mais amarga que a morte é a mulher”. No contexto histórico no qual o filme se insere é muito interessante a reflexão acerca do que a mulher representava naquela sociedade, sobretudo para a Igreja. Podemos dizer que a mulher representava um perigo e que ela era naturalmente nociva a santidade dos homens. Houve uma demonização da mulher por parte da Igreja, devido às escrituras do antigo testamento. Tanto que a caça às bruxas na Inquisição ilustram o perigo que as mulheres representavam para a Igreja, sua sabedoria sobre a natureza muitas vezes era considerada bruxaria. Portanto, não só o corpo da mulher e seu sexo eram temidos, mas muitas vezes sua sabedoria também. É importante ressaltar que não foi a Igreja propriamente que criou o machismo, mas havemos de convir que a Igreja é uma instituição patriarcal assim como a sociedade da época, então difundir uma imagem distorcida e demonizada da mulher não foi uma tarefa difícil.
Cena 3: “Um monge não deve rir! Só os tolos riem à toa! (…) O riso é um evento demoníaco que deforma as linhas do rosto e faz os homens parecerem macacos”
Essa frase compõe a cena em que William e Adso estão onde os monges copistas fazem seu trabalho, o monge beneditino Jorge reprime William por causa das risadas proferindo a frase acima.
Nessa cena há um embate acontecendo, enquanto que o monge Jorge usa o argumento de que as escrituras nunca mostraram Jesus rindo, William defende que nada nas escrituras prova que Jesus não ria. William ainda dispõe de São Francisco e Aristóteles para defender o riso e o monge Jorge o reprime fortemente por ser totalmente contra a figura e os ideais de Aristóteles. O riso é um assunto de muita repercussão nesse momento, tanto pelo fato de muitos religiosos se posicionarem contra quanto pelo fato de que as obras clássicas não só de Aristóteles começam a serem lidas novamente por causa do movimento renascentista e humanista que vai se formando através dos séculos. O próprio Platão afirma que o riso afasta o homem da verdade. Quanto a Aristóteles, o segundo volume de sua obra Poética se dedicava a comédia, porém este livro se perdeu provavelmente na Antiguidade ou no inicio da Idade Média.
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