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Relatório Científico - A Questão Social Do Brasil

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Por:   •  21/9/2014  •  3.734 Palavras (15 Páginas)  •  393 Visualizações

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A QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL FRENTE AOS “TEMPOS MODERNOS” DE CHAPLIN.

Sabemos que a Revolução Industrial proporcionou ao país, resultados novos no aspecto humano e social da sociedade capitalista que surgia destacando duas classes: a burguesia, dona dos meios de produção, e o proletariado, que possui apenas a força de trabalho a oferecer. Durante este período existiu um aumento da urbanização, uma vez que a mão de obra do campo deslocou-se para a cidade, aumentando a demanda do proletariado. Como consequência, tivemos a redução da população dos campos em virtude da Revolução Agrícola que diminuiu a necessidade da mão de obra humana nos meios rurais.

Assim como podemos observar no filme “Tempo Modernos”, um filme de Charles Chaplin, lançado em 1936, em que Chaplin tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado que trata das relações de trabalho no sistema Fordista, (cuja principal característica é a fabricação em massa e o objetivo é reduzir ao máximo os custos de produção e assim, baratear os produtos), a Revolução Industrial representou a extinção de uma comunidade “mais humana” e ressaltou a substituição do homem pelo moderno sistema individual. Tal substituição desencadeou sérias alterações na questão social, que consequentemente modificaram o cenário social como um todo.

A crescente especialização funcional que a industrialização provocou, e a ampliação dos mercados que a sua produção em série exigiram, ao fortalecer a articulação entre os lugares, e principalmente entre as cidades, reforçou a divisão social do trabalho, que se manifestou a nível espacial, ou seja, os lugares também se especializaram funcionalmente, à medida que transformações estruturais foram se dando no nível da sociedade; o ambiente foi sendo determinado socialmente para atender a esta nova realidade, a de uma economia com forte base no desenvolvimento industrial.

Devido à precariedade das condições do proletariado, surgiu a Questão Social, que acabou dando origem às ideologias que contestavam o sistema capitalista, como o Socialismo e o Anarquismo. Podemos observar então que, a concepção de questão social está enraizada na contradição capital x trabalho, isto é, um grupo que está diretamente relacionado ao âmbito capitalista de produção. Infelizmente compreendemos que a produção em massa desenvolveu-se, porém os centros industriais passaram a ficar cada vez mais entupidos e com isso o número de mendigos, prostitutas e miseráveis sem condição de higiene e moradia também se tornou comum.

Já os trabalhadores pobres e recém-migrados do campo passaram a compor a periferia, que era entendida como uma espécie de território livre da iniciativa privada, onde, de forma independente, surgiram bairros de luxo (para abrigar os ricos emigrados do centro), bairros pobres (onde moravam mais assalariados e recém-migrados do campo), unidades industriais maiores e depósitos. Tal organização contribuiu para o crescimento das cidades, que significava uma desordem muito grande na paisagem urbana. As casas ficaram muito pequenas e continham as mesmas acomodações das moradias do campo, mas a falta de espaço ao redor delas se constituía em séria dificuldade para a eliminação do lixo, para a ventilação, insolação, para a realização de alguns trabalhos domésticos. Além disto, a maioria destas casas localizava-se próximo das indústrias e estradas de ferro, fontes de fumaça, barulho e poluição dos rios.

Muitos trabalhadores recém-chegados não se adaptaram á nova ordem de serviço, que na maioria das vezes era excessiva e maçante. Com a crise financeira, o desemprego aumenta e a questão de desigualdade social fica evidente e preocupante, sendo que as profundas alterações do sistema capitalista, que intensificavam o processo de exploração das classes trabalhadoras, reduzem o papel do Estado na garantia de direitos e promoção de políticas públicas sociais que atendam às necessidades básicas de maior parte da população. Para IAMAMOTO (2008), esse tipo de ação conduz a “ banalização do humano”, à “descartabilidade” e “indiferença” perante o outro, onde a “questão social” passa a condensar tal banalização, que atesta a radicalidade da alienação e a invisibilidade do trabalho social.

A concepção de questão social mais difundida no Serviço Social é a de IAMAMOTO (1983) que destaca que “[...] a questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade [...]”, isto é, a manifestação da população no cotidiano, onde podemos observar as contradições entre o proletariado e a burguesia. Portanto, a questão social é uma categoria que expressa a contradição fundamental do modo capitalista de produção. Contradição, esta, fundada na produção e apropriação da riqueza gerada socialmente: os trabalhadores produzem a riqueza, os capitalistas se apropriam dela.

Sabemos que, de acordo com a ABESS (1996), o assistente social convive cotidianamente com as mais amplas expressões da questão social e depara-se com as manifestações mais dramáticas dos processos da questão social no nível dos indivíduos sociais, seja em sua vida individual ou coletiva, desta forma, cabe a este profissional buscar a eqüidade e justiça social, que assegure o acesso aos bens e serviços a todos, de maneira a eliminar todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade.

O SERVIÇO SOCIAL SEGUNDO MARTINELLI.

Esta obra de Martinelli (1989) é um dos primeiros estudos de natureza hermenêutica sobre o Serviço Social, destacando sua origem e desenvolvimento, sendo indispensável para o estudo da história do Serviço Social e para a compreensão do real significado da profissão na sociedade do capital e de sua participação no processo de reprodução das relações sociais. Tal obra aborda questões originais e complexas, como a identidade profissional, a alienação, o fetiche da prática e a consciência de classe da categoria profissional. A autora afirma ainda que , “[...] essa obra abre espaços para novas totalizações, sintonizadas com o nível de desenvolvimento das contradições sociais, com os anseios da liberdade e democracia da sociedade brasileira [...]”.De acordo com Martinelli:

[...] A identidade atribuída ao Serviço Social era uma síntese de funções econômicas e ideológicas, que levava a produção de uma prática que se expressava como mecanismo de reprodução das relações sociais, uma estratégia para garantir a expansão do capital [...] (MARTINELLI, 2007).

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