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Relatório de Leitura do texto Jacobinos Negros de C. L. R. James]

Por:   •  14/3/2021  •  Resenha  •  1.218 Palavras (5 Páginas)  •  254 Visualizações

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JAMES, C. L. R. – JACOBINOS NEGROS (PÁGINAS: 344-372)

A Revolução Haitiana (1791-1804), ou como concebível por alguns historiadores — a Revolução de São Domingos — assinalou definitivamente toda história das revoluções, sobretudo a perspectiva revolucionária dos negros escravizados, ou melhor dizendo, os excluídos que lutaram por seus direitos de dignidade, humanidade e igualdade. A devida revolução é apresentada por toda a historiografia como a primeira e a única revolução negra obtentora de grande sucesso no cenário mundial, justamente pela existência de um racismo estrutural, que sustenta a impossibilidade da composição de qualquer tipo de pensamento negro presente na sociedade. Diante desse contexto, é importante evidenciar também a exuberante produtividade exercida pela ilha de Saint-Domingue, sobretudo no plantio da cana-de-açúcar, que resultou automaticamente em uma profunda área de enriquecimento e exploração da mão de obra escrava oriunda da África, criando assim enormes lucros aos “poderosos” e maior sofrimento aos “pequenos”. Consequentemente, a respectiva revolução é responsável pelo destronamento do poder, como também pelo massacre violento dos brancos europeus, constituindo direito e liberdade aos escravos negros e, além disso, estabelecendo sua cultura, seu modo livre de viver, que mais tarde se constituiria no famoso termo “negritude”.

Após o domínio e controle francês da chamada ilha de Saint-Domingue em 1697, a respectiva colônia desenvolveu-se particularmente na grande produção de açúcar, produção que resultou em uma acentuada escravização de negros africanos, que tornaram-se os responsáveis pela exacerbada riqueza dos brancos europeus nesse período. Dentro dessa perspectiva, os africanos eram submetidos a situações desumanas, isto é, eram tratados como animais, passavam fome diariamente, eram açoitados, menosprezados, como também descartados por toda a sociedade. No entanto, esses respectivos personagens começaram a tomar consciência de que eram um número extremamente maior que todos os europeus ali presentes (cerca de meio milhão de escravos contra aproximadamente trinta mil brancos), dessa forma, começaram uma luta por direitos, por igualdade, por justiça, uma luta que buscava o reconhecimento do famoso lema utilizado na Revolução Francesa, ou seja, “Liberté, Égalité, Fraternité” (Liberdade, Igualdade, Fraternidade).

Um dos grandes expoentes, considerado o maior líder dessa revolução foi Toussaint L'Ouverture, um negro excepcionalmente erudito, conhecedor da cultura francesa, justamente por ser liberto da escravidão desde os seus 30 anos. É possível compreender a força da revolução nas mãos de Toussaint pelo fato de resistirem e destruírem diversas tropas europeias que foram ao seu encontro a mando de Napoleão, estabelecendo automaticamente um imenso medo entre os países que dependiam da prática de escravização. Em 1801, Napoleão Bonaparte consumido pelo desejo de derrubar o respectivo sistema negro revolucionário e, assim retomar o poder sobre aquelas terras, envia novas tropas francesas sob o comando de Charles Leclerc para o solo haitiano. Após a captura e morte de Toussaint, a liderança dos negros revolucionários passa para as mãos de Jean-Jacques Dessalines. Este foi fundamental para toda a Revolução Haitiana, derrotando definitivamente o domínio e opressão dos franceses, bem como estabelecendo a paz e a independência do Haiti (considerado o primeiro país da América Latina a conquistar sua República independente e o primeiro também a abolir a escravidão). No entanto, não é uma independência qualquer, mas uma independência liderada por negros, ou como afirma o autor em sua obra — por jacobinos negros — que desejavam uma vida feliz, uma vida de dignidade, como qualquer outro ser humano.

A produtividade estabelecida pelo cultivo da cana-de-açúcar trouxe não só para as terras haitianas, como também desenvolveu um sistema econômico capaz de sustentar todo o ocidente naquela época, pois a produção era gigantesca, bem como de ótima qualidade e a escravidão favorecia tal feito. Após o domínio negro das terras, Toussaint foi capaz de reconhecer e não ver “outro caminho para a economia haitiana a não ser a cultura da cana” (JAMES, 2010, p. 346). Mas como um país que fora situado como o segundo independente das Américas e elaborador de uma grande revolução racial que permeia toda a história até os dias atuais, pôde ser considerado um dos países mais pobres do mundo ultimamente? A resposta para tal questionamento é complexa, pois não existe uma única afirmação. Primeiramente, é necessário voltar o olhar sob a liderança exercida por Dessalines, que decidiu extinguir definitivamente o método de produção deixado pelos europeus, desenvolvendo um método monocultural de subsistência, não havendo espaço para o desenvolvimento econômico.

No entanto, o Haiti era temido por muitos países, justamente pelos impactos causados pela revolução, assim, passou demasiados anos sem nenhuma aliança comercial,

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