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Resenha Critica Apologia da História

Por:   •  25/9/2020  •  Resenha  •  1.440 Palavras (6 Páginas)  •  383 Visualizações

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Apologia da História ou O Ofício de Historiador: A necessidade de firmar a história como disciplina e propor um novo olhar sobre o fazer histórico em um contexto conturbado de crises e guerras.[1]

Felipe Max Candido Pereira[2]

Marc Bloch, juntamente com Lucien Febvre, foram fundadores da revista Annales d'Histoire Économique et Sociale, uma revista francesa de história que foi extremamente influente a ponto de iniciar a Escola dos Annales. Quando falamos em uma escola, estamos falando de uma tradição de teoria e de um método na área de conhecimento que naquele caso é a história.

A revista foi fundada em 1929 e ela tinha como alguns de seus pressupostos novas abordagens, um maior aprofundamento na história e na pesquisa histórica. Além disso, ela se contrapõe a outras tradições, como o positivismo e o historicismo alemão. O positivismo normalmente é encarado como uma forma de analisar a filosofia que dá prioridade para grandes eventos, grandes ideias ou grandes sujeitos políticos e governantes, em suma, a aquela história vista de cima. Sua história positivista é sempre acusada de ter esse tipo de abordagem, esquecer o homem comum. Já o historicismo alemão é uma forma de sinalizar a história em que você deixaria as fontes falarem por si, onde a verdade está apenas nas fontes e seu papel como historiador é simplesmente deixar que elas falem, ou seja, resgatar a história como ela foi.

Essas duas correntes de pensamento, positivismo e historicismo, eram o padrão nos estudos históricos do século XIX. A revista Annales d'Histoire Économique et Sociale tinha como um dos objetivos deixar que essa fosse a norma e criar uma nova perspectiva, um novo olhar sobre o fazer histórico. O livro Apologia da História ou O Ofício de Historiador foi escrito na década de 40, em um momento em que a história como disciplina e área de conhecimento passava por uma espécie de crise, diante do avanço de outras disciplinas como a sociologia e havia certa impressão de que a história estava perdendo a sua relevância em relação a outras que também podiam fazer o trabalho histórico, ou seja, trabalho de pesquisa histórica que efetivamente algumas tentavam fazer. Os antropólogos, economistas e sociólogos, faziam também estudos históricos e até hoje fazem que não, necessariamente, é algo errado. Porém, a questão é que nesse momento havia uma preocupação por parte dos historiadores em definir quais eram as particularidades do estudo e da pesquisa histórica, o que fazia que a disciplina de história fosse necessária para estudar a história.

Fernand Braudel, que era um dos principais nomes da segunda geração da escola de Analles, fez isso muito bem. Nesse sentido, é compreensível que esse livro tenha sido escrito justamente nessa década, cuja época que a história precisava se firmar como disciplina acadêmica e provar a sua relevância. Essa distância entre o historiador e o sociólogo é algo que Marc Bloch tenta analisar nesse livro, mais do que isso, ele tenta entrar nos membros do ofício de história oral. Por esse fator, o nome completo da obra com o título e subtítulo é apologia da história ou o ofício do historiador.  Marc Bloch afirma que o historiador tem que saber dialogar tanto para os intelectuais quanto para as pessoas que não têm conhecimento acadêmico. Ele precisa saber falar e difundir o conhecimento para todos, além de que o historiador tem responsabilidade para com a sociedade. O historiador tem uma responsabilidade moral no momento em que ele faz a sua pesquisa, imprime seu trabalho. Essa linha de raciocínio é algo que todos deveriam ter em seu horizonte: compromisso moral com a qualidade do seu trabalho. Deve ter compromisso com a verdade quando a mesma pode ser alcançada se uma informação factual que chamamos de verdade não pode ser alcançada. Deve ter uma aproximação do que poderia ser verdade e essa aproximação precisa ser responsável, precisa ter fundamento, ou seja, é um trabalho que tem uma responsabilidade muito grande e o historiador deve, por questões morais, ter responsabilidade na hora de fazer seus trabalhos.

Nesse momento da década de 40, além dessa crise da história, o mundo passava pela Segunda Guerra Mundial. Marc Bloch já tinha escrito A Estranha Derrota, sobre a derrotada França em 1940. Isso trouxe um sentimento tanto quanto pessimista a sua visão do que seria o futuro da história, além dessas questões acadêmicas supracitadas. No que concerne à responsabilidade do trabalho histórico, Marc Bloch rejeita, como exposto anteriormente, o historicismo e o positivismo.  No caso do historicismo, essa corrente tinha um vestígio de estrita observação dos fatos sem moralização, o que Marc Bloch rejeitava porque o trabalho do historiador requer interpretação das fontes, além da crítica à fonte. Isso é algo que já está completamente estabelecido nessa historiografia, ao ponto que isso deixou sequer de ser questão de opinião, quando contrapõem essa perspectiva da crítica fonte e a perspectiva historicista do século XIX. No que se refere ao historicismo e o positivismo, eles teriam esse caráter utilitarista, aquela história que convém e que estão presentes apenas para servir a um propósito.  Todo esse rigor que o historiador deve conceder à história confere a ela o seu caráter de cientificidade, ou seja, de ser algo científico.

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