Resenha Do Primeiro Capitulo Do Livro "Minhas Memórias Da Guerra 1914-1918" - Ludendorff
Artigos Científicos: Resenha Do Primeiro Capitulo Do Livro "Minhas Memórias Da Guerra 1914-1918" - Ludendorff. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 11/2/2015 • 934 Palavras (4 Páginas) • 630 Visualizações
O texto é o primeiro capítulo, chamado “Meus pensamentos e actos” do livro “minhas memórias de guerra” do Ludendorff. Esse capítulo trata principalmente sobre a visão de Ludendorff como um militar de alta patente dentro do exército alemão (chefe da direção suprema dos exércitos) sobre a primeira guerra mundial. Ele trata de alguns pontos como a “natureza da guerra”, “o exército e a nação” e “a política dentro da guerra”. Ele fala um pouco sobre a rotina dele durante a guerra e também sobre determinados comandantes e subordinados, mas eu não acho que isso seja muito importante para a compreensão do texto.
Ludendorff começa o texto deixando bem claro que a primeira guerra mundial foi um novo tipo de guerra, um tipo de guerra que só teria existido na França em 1870-71. A primeira guerra mundial não se limitava apenas ao fronte de batalha, mas a toda a nação, como é possível destacar do próprio texto:
“Não se podia mais distinguir, na guerra actual, onde começava a acção do exército e da esquadra, onde terminava a do povo. Exercito e Nação eram um só. O Mundo assistia à guerra dos povos no sentido literal da palavra.” (pag. 3)
Para o autor, venceria a guerra a nação que conseguisse envolver todos os recursos do estado e da sociedade em torno do conflito e segundo Ludendorff, foi o que a entente conseguiu fazer.
Dentro dessa visão “Clausewitziana” de Ludendorff, é possível notar no texto três pilares fundamentais dentro da nação para o desenvolvimento da guerra: O exército, o povo e o governo. A sincronia desses três elementos é fundamental para o êxito durante a guerra e para o autor foi exatamente esse o problema da Alemanha durante a conflagração.
Segundo o autor, a culpa da derrota germânica na primeira guerra mundial é do povo e principalmente do governo alemão e não das forças armadas. Durante todo o texto é possível notar uma certa exaltação do exercito alemão e de seus feitos durante as batalhas, ele se utiliza de diversos recursos parar mostrar a eficiência dos militares alemães: Mostrando a sua rotina de trabalho, o rigor e a fiscalização das normas, as diversas redes de comunicação, e até mesmo falando do caráter de diversos comandantes e subordinados dentro das forças armadas alemãs.
Ludendorff acredita que devido às falhas do governo, as forças armadas alemãs não conseguiram suportar sozinhas, todo o peso da “luta dos povos”. Para o autor, o governo falhou ao não conseguir levar a guerra para o interior da nação. Para Ludendorff, o povo deveria ter se movimentado em torno de um único objetivo: vencer a guerra a qualquer custo.
Outro fator decisivo para garantir o êxito nas batalhas e que não foi efetivado, seria o uso da fome como propaganda. A conflagração deveria ser levada também para o interior das nações adversárias. Um “bloqueio da fome” deveria ter sido instaurado sobre as nações adversárias para desestabilizar essa lógica da guerra total ou guerra absoluta “clausewitziana” (Ludendorff em nenhum momento do texto utiliza esses termos, ele nem ao menos cita Clausewitz, mas fica bem evidente que ele se utiliza de diversos conceitos trabalhados pelo Clausewitz).
Segundo o autor, o governo também errou ao deixar a política influenciar nos rumos da guerra. A diplomacia e a busca por um tratado de paz desviou a nação do verdadeiro objetivo: vencer a guerra. A questão do tratado de paz é tratada por Ludendorff como um dos maiores problemas ocorridos durante a guerra e que consequentemente levou à derrota da Alemanha.
A partir do texto, é possível notar que o autor é contra a interferência da política na guerra. A guerra pode ser deflagrada pela política, mas não pode ser controlada por ela, a guerra deve subjulgar a política. A política e o governo devem sempre servir as necessidades da guerra.
A guerra não é nada mais do que um meio para se chegar ao fim, que é a imposição da vontade de uma nação sobre a outra. Essa vontade seria a paz, o fim da guerra não deveria ser feita pela diplomacia e sim através da vitória sobre as nações inimigas. Segundo Ludendorff, a humanidade não estava preparada para tal senso de justiça e por isso seria impossível fazer um acordo de paz sem que a Alemanha saísse prejudicada, como é possível ver no trecho do próprio autor:
“A direção Suprema dos Exércitos partilhava a opinião de que antes da humanidade se modificar, não podíamos depor as armas nem pensar num entendimento; de outra formar, era de prever com segurança que seriamos prejudicados. O ramo de oliveira não é a defesa contra a espada. Enquanto os homens, e, principalmente, os nossos adversários, continuassem a ser o que a humanidade tinha sido até então, o dever da Allemanha e, em todo o caso, o do marechal e o meu, como chefes militares responsáveis, consistia em empunhar com firmeza a espada e conserva-la sempre afiada. Era por isso a nossa obrigação insistir junto ao governo pela satisfação das necessidades da guerra e tentar impregnal-o daquelle espírito de decisão que nós julgávamos ser a única cousa acertada”. (pág. 8)
Bom, eu acho que o que dá pra tirar desse texto é a introdução das teorias de Clausewitz na primeira guerra mundial,principalmente o uso do conceito de guerra total e guerra absoluta tanto pela Alemanha quanto pela entente e o surgimento de um novo tipo de guerra ou pelo menos a consolidação de um novo tipo de guerra em escala mundial. Eu só vou enfatizar mais uma vez que o Ludendorff não se utiliza de nenhum desses termos “Clausewitzianos”, mas é bem evidente a presença das teorias de Clausewitz no texto.
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