Resenha: Guerras rendilhadas da erudição: um breve panorama dos combates e debates em torno do conceito de Reconquista
Por: juureisc • 17/12/2018 • Resenha • 778 Palavras (4 Páginas) • 324 Visualizações
Resenha: Guerras rendilhadas da erudição: um breve panorama dos combates e debates em torno do conceito de Reconquista
Nome: Júlia Reis Couto
Introdução:
Neste artigo o objetivo é de demonstrar analiticamente a palavra Reconquista, como ela foi utilizada no passado e qual o sentido que ela tomou e foi moldada nos dias atuais.
Na historiografia há uma discussão sobre o uso ou o banimento do termo Reconquista, os historiadores que querem excluir o termo se utilizam do argumento que tal termo não aparece em nenhuma das crônicas medievais ibéricas e que o termo mais adequado seria “expansão dos reinos cristãos” ou “expansão territorial-militar”. Assim, sem muita argumentação, são poucos os medievalistas que tem defendido o conceito de Reconquista nos dias atuais.
A essência do texto:
Os debates em torno desse conceito de Reconquista se afloraram depois da publicação do Boletin de la Real Academia de la Historia (1965, p. 271- 339), os autores discutem sobre as “origens” da Reconquista e afirmam que, na verdade, os “primeiros atos de Reconquista” foram apenas uma dinâmica de expansão econômica, demográfica, política e social. Além disso, tais atos de expansão não podem ser vistos como “ações reconquistadoras”, pois eles não tinham o que reconquistar, pois nada haviam perdido.
Para Barbero e Vigil, era certo que:
“El fenómeno historico llamado reconquista no obedeció en sus origenes a motivos puramente políticos y religiosos. [...]. Debió su dinamismo a ser la continuación de un movimiento de expansión de pueblos que iban alcanzando formas de desarollo económico y social superiores.” (2003, p. 153)
Muitos medievalistas se negaram a validar as ideias de Barbero e Vigil, como Del Castillo e Montenegro. Mas é importante ressaltar que as discussões acerca desse tema, só foram possíveis pelo gradual enfraquecimento do regime franquista nos finais dos anos 1960.
O início do Regime Franco necessitou de legitimação para fortalecer suas bases ideológicas. Dessa maneira, Franco foi procurar no passado medieval ibérico guerras e mitos de gloriosos guerreiros. Ele fez uso então do conceito Reconquista para seu serviço. Mas é possível notar também que foi bastante comum naquele período obras que fortalecessem a ideia de Reconquista na historiografia espanhola. Durante todo o ditatorial regime franquista, portanto, falar em Reconquista significava apenas aludir o glorioso processo histórico iniciado por Pelayo e finalizado apenas no século XV com a conquista do Reino de Granada.
Em 1970 Ubieto Arteta, na VII Semana de Estudios Medievales, começa a fazer críticas a esse ponto de vista criado pelo regime franquista alegando que ele tornou a Reconquista num “clichê” histórico. Para Ubieto, a Reconquista deveria ser sempre vista como um movimento violento e armado contra a ocupação de terras pelos muçulmanos, dando destaque assim as ações militares
Para Ubieto, ainda, o “movimento cruzadístico” é essencial para a formação do chamado “espírito da reconquista”. O autor sustenta ainda a visão de que sem a Cruzada no Ocidente Medieval, não teria ocorrido Reconquista na Península Ibérica, de modo que os cristãos teriam convivido
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