Resenha: Raízes do Brasil
Por: lazaro777 • 9/11/2017 • Resenha • 1.845 Palavras (8 Páginas) • 437 Visualizações
Raízes do Brasil
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Holanda, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 26ª edição. 14ª reimpressão. 226 p.
1 CREDENCIAIS DO AUTOR
Sergio Buarque de Holanda nasceu em São Paulo, em 1902, e faleceu em 1982. Depois de lecionar em várias escolas superiores, tornou-se catedrático de História da Civilização Brasileira na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo. É autor de, entre outras obras, Cobra de vidro (1944), Caminhos e fronteiras (1956), Visão do Paraíso (1958), Livro dos prefácios (Companhia das Letras, 1996), O espirito e a letra (Companhia das Letras, 1996).
2 RESUMO DA OBRA
O livro “Raízes do Brasil” é dividido em 7 capítulos, no primeiro tem-se o título “Fronteiras da Europa”, onde o autor disserta acerca dos países ibéricos, que segundo o autor, formavam uma espécie de fronteira entre a Europa e mundo através do mar. O autor mostra os países ibéricos, como um pouco marginalizados pelo restante do continente europeu, porque divergiam deles em vários aspectos, pois viam o homem de forma diferente, além de não possuírem um feudalismo tão dominante, o que propiciou o desenvolvimento da burguesia mercantil. O autor considera que os ibéricos, possuíam uma organização mais relaxada, o que se refletiu de forma clara no Brasil, para o autor essa característica era mais benéfica e justa do que ao sistema feudal, pois privilegiava menos a nobreza, o que de certa forma gerava uma maior igualdade.
Na visão do autor o Brasil herdou diversas características dos portugueses em sua construção social e cultural, pois apresentam a mesma “inclinação à anarquia e desordem” que os ibéricos e por mais que possa parecer desanimador para os patriotas, ainda há uma aproximação muito forte entre o Brasil e Portugal, que segundo o autor possuem uma “alma comum”.
No capítulo dois, Sergio Buarque fala sobre a missão histórica dos portugueses, que seria o desbravamento das terras d’além mar, que foram obtidas, não através de um “empreendimento metódico e racional”, mas, de certa forma, por “desleixo e certo abandono”.
O autor aborda também a forma de vida coletiva, ao afirmar que há dois princípios que combatem e regulam a ação humana, que podem ser identificados em dois tipos, o tipo aventureiro e o tipo trabalhador. Para o tipo aventureiro, o resultado é mais importante do que o processo, ignorando assim as fronteiras para atingir o objetivo. Para o tipo trabalhador, o processo torna-se mais importante do que o objetivo, ou seja, o processo é mais importante do que o resultado. Para Sergio Buarque, o povo brasileiro herdou dos portugueses o tipo aventureiro, sendo assim, tem ânsia de prosperidade sem custo, de status e riqueza fáceis. O autor não apresenta essas características como crítica, mas como forma de mostrar que esse tipo aventureiro fez com que os portugueses e os povos conquistados por eles conseguissem se adaptar as adversidades de cada região, aproveitando-se do que “a terra oferecia”.
Sergio Buarque cita ainda a necessidade da mão de obra escrava para os portugueses, pois como buscavam riqueza através de ousadia e não de trabalho, precisariam daqueles que realizariam tal trabalho, ou seja, os negro, já que os indígenas apresentavam uma resistência obstinada, mesmo que passiva.
O autor também questiona o porquê do insucesso dos colonizadores holandeses no nordeste brasileiro, que segundo ele, por seu tipo trabalhador, não conseguia adaptar-se com a mesma facilidade dos portugueses, além do fato de a empreitada não ser tão atrativa aos lavradores holandeses, que não viam vantagem em sair de sua pátria mãe, para arriscar-se em terras desconhecidas.
No terceiro capítulo, com título: Herança Rural, o autor afirma “se não foi uma civilização agrícola o que os portugueses instauraram no Brasil, foi, sem dúvida , uma civilização de raízes rurais”. Segundo o autor, desde a política até a cultura estavam envolvidos com o meio rural, por esse, entre outros motivos, o ano de 1888 representa um marco histórico e divisório no país, pois a abolição da escravidão abalou as estruturas da sociedade brasileira.
Vários fatos históricos foram de suma importância até culminarem na abolição da escravatura, como a lei Eusébio de Queiroz, que proibiu o tráfico de escravos para o Brasil, medida essa fiscalizada de forma intensa pelos ingleses. Essa lei também, por proibir uma das atividades mais lucrativas da época, que junto com a agricultura formava os alicerces do império, fez com que o comércio em outras áreas (financiado pelo dinheiro dos antigos traficantes de escravos), desse um salto de produtividade enorme.
Para o autor, o êxodo rural, principalmente daqueles que tinham uma certa importância no meio rural. Isso de certa forma gerou uma formação prematura da vida na cidade.
No capítulo quarto, o autor procura evidenciar as principais diferenças dos tipos de colonização dos portugueses e dos espanhóis, chamando a atenção para aspectos políticos, culturais e sociais, como por exemplo na edificação de cidades, que foi praticada extensivamente pelos espanhóis principalmente no interior das colônias, enquanto que os portugueses não davam grande atenção para a construção de cidades, além de desencorajarem os colonos a saírem do litoral e povoarem o interior das cidades. Para o autor, os portugueses tinham uma visão mais liberal, permitindo estrangeiros e mercadores em toda a costa, desde que pagassem o imposto à coroa, já os castelhanos eram mais rígidos e meticulosos, tentado reproduzir na colônia as características da metrópole.
O autor chama a tenção para os aspectos políticos que diferencias os dois países, enquanto os portugueses possuíam uma certa unidade política, pelo fato de terem se libertado do domínio dos sarracenos ainda no século XIII, conseguiram uma maior homogeneidade étnica. Os castelhanos formavam um povo nitidamente desunido, que viviam sobre o risco de desagregação.
Sergio Buarque considera os portugueses como semeadores justamente pelo fato do processo de colonização produzido por eles ser mais relaxado, espontâneo e voltado evidentemente para a exploração agrícola. Os espanhóis seriam os ladrilhadores pelo fato de encontrarem as riquezas minerais precocemente, fato esse que fez com que os espanhóis desenvolvessem um projeto de expansão e organização das cidades.
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