Resumo de O Teatro da Memória
Por: Nathália Guereschi • 1/4/2022 • Resenha • 2.497 Palavras (10 Páginas) • 194 Visualizações
Nathália Guereschi
Introdução à História
UNILA – Universidade Federal de Integração Latino-Americana
Resumo de O Teatro da Memória
Por Ulpiano T. Bezerra Meneses
O autor trabalha com o desenvolvimento do teatro como ferramenta de rememoração visual até que se alcance o museu histórico contemporâneo. Primeiro, analisando a teoria de Hooper-Greenhill de que o museu histórico contemporâneo é o resultado da evolução do Theatrum Memoriae que, por sua vez é o resultado da evolução dos teatros renascentistas.
Entretanto, essa teoria desconsidera a diferença entre os antecedentes do museu histórico na América e na Europa e, de acordo com o autor, a visão europeia que é a base do museu histórico de 1700 deriva mais especificamente da ideologia iluminista, principalmente na questão de espetacularização da história e da estetização do social.
O autor questiona a partir dessa base de raciocínio qual seria a participação dos museus históricos na construção do conhecimento, mas evita associar o museu unicamente ao universo do conhecimento, visto que sua função se dissipa por mais inúmeras áreas do comportamento humano. Ainda assim, ele admite que, sem o fator conhecimento, a função do museu histórico se limita à doutrinação, desviando-se das suas responsabilidades sociais e política.
Na França, em 1968, uma revolução estudantil abordou a ideia de que os museus legitimam os valores da burguesia e, por isso, deveriam ser substituídos por fóruns, espaços de criação, debate e interação. Essa mudança seria irracional considerando que a cidadania e a consciência política e social dependem do conhecimento histórico.
O que é chamado de cultura material, que seria o acumulo de artefatos, não justifica a crítica, visto que os artefatos presentes em museus o estão por conta do peso de seus significados, e o museu é a única ferramenta social que permite a analise e o entendimento desses artefatos, o que garante a democratização desse conhecimento ao permitir o acesso à esse conteúdo e faz com que a mudança (qualquer que seja) possua uma base histórica e um conhecimento prévio, deixando de ser um risco, tornando-se inteligível.
O autor apresenta o contraponto de Julian Spabling que promove a ideia de que museus não devem ter acervo, pois não devem ser limitados à função de “storage”. Mas seu ponto de vista também busca desenvolver museus de acordo com o interesse do público, desenvolvendo conteúdos e exposições que agradem ao público, o que para o autor não é justificável visto que o interesse do público não é natural, e não é socialmente inocente e imparcial.
Esse tipo de percepção na fundação de um museu é social e politicamente condenável, afirma o autor, gerando meios para a alienação e eliminando a perspectiva crítica essencial dentro dos museus, ademais, reduz as coleções a objetos com significados embutidos e simplistas ou a objetos cujos significados se flexibilizam para agradar a quem os consome, eximindo os museus de suas responsabilidades no campo da cultura material.
É necessário que um museu seja capaz de abranger as apreensões sensoriais, empíricas e corporais, que contribua com meios de conhecimento e análise de sociedades especificas, fortalecendo a formação da consciência crítica. A função do museu como centro cultural e de eventos para o autor não é abominável desde que não se sobreponha às funções originais do museu, mas que sejam funções adicionais, integrando diversos modos de ação possíveis para o museu de forma consubstancial.
No século XVIII eram estabelecidas de acordo com as categorias dos objetos a serem estudados, portanto, nessa época existe um grande leque de variações dos museus, variando entre museus de arte, de arqueologia, de folclore, de ciência, e assim por diante. O autor, no entanto, julga que não se pode determinar a natureza dos conhecimentos com base na natureza das fontes, desconsiderando a natureza empírica das fontes.
Nos Estados Unidos a mudança dessa situação foi influenciada pelo iluminismo europeu envolvido com os ideais republicanos e com o profissionalismo da ciência. Os EUA assumem um compromisso com a educação popular e com a pesquisa acadêmica, influenciando a fundação de museus de História Natural que contemplam o estudo da atuação de sociedades históricas e arquivos. No Brasil, os museus oitocentistas também levam o nome de museu de História Natural onde se inserem a Antropologia e a História. É em 1820 que o museu histórico deixa de estar inserido em outro, para tornar-se uma categoria distinta.
Para a dialética instaurada a partir desse momento, é imprescindível que a problemática a ser trabalhada seja a guia da potencial documentação almejada e não o contrário. Mas é compreensível que haja uma categorização documental para que se delimite os territórios a serem estudados em problemáticas que possam vir a ser formuladas.
A documentação histórica carrega a questão do que se trata o objeto histórico, podendo ser explicado como um objeto comum que, por estar presente em acontecimentos históricos assume uma carga sentimental intrínseca, perde seu significado, usos e funções originais para se tornar portador de um significado que responde às necessidades do presente. Os objetos históricos, entretanto, assumem uma ordem ideológica e não mais cognitivas. Não deixam de ser usados na produção de conhecimento e, inclusive, são funcionais para o entendimento das dinâmicas da sociedade que os produziram e da sociedade que os escolheram para reproduzir sua função histórica.
Assim, o autor explica que, em seu ponto de vista, o museu histórico deveria utilizar não só de objetos históricos, mas também de qualquer objeto que lhe permita o estudo de uma problemática anteriormente selecionada. É necessária também para esse estudo a utilização de fontes não materiais, também chamadas de documentos históricos.
Incluindo também os documentos que o são desde o princípio, que são designados para serem documentos, o documento histórico abrange para além disso as informações não evidentes contidas, como a utilização de caneta para inscrição do documento, ou suas condições de fabricação, por exemplo.
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