SOUZA, Marina De Mello E. África E Brasil Africano. 2ª Ed. São Paulo: Ática, 2007.

Sidinei de Araujo Lemes

África e Brasil Africano é uma obra que faz um panorama da história da África e sua relação com o Brasil. Escrita em 2007 por Marina de Mello e Souza, professora de História da África na Universidade de São Paulo e especialista na área de cultura africa-na e afro-brasileira. A referida obra é dividida pela autora em seis capítulos, sendo eles: primeiro: A África e seus habitantes. O segundo: Sociedades africanas; Comércio de es-cravos e escravidão como terceiro capítulo. O quarto capítulo: Os africanos e seus des-cendentes no Brasil; o penúltimo intitulado como: O negro e a sociedade brasileira con-temporânea e encerra a obra com: A África depois do tráfico dos escravos.

Primeiramente devemos salientar que a autora usa uma linguagem de fácil enten-dimento por toda a sua obra, o que facilita também a leitura: fazendo, com que a obra não fique restrita apenas ao meio acadêmico, mas possa ser apreciada por estudantes do Ensino Médio e por todos aqueles que se interessem de alguma forma pelo o continente africano. Outro fator que se destaca na obra de Marina de Mello e Souza é a divisão factual dos capítulos o que estrutura e torna sua obra de fácil leitura e compreensão. Destaca-se também na obra as diversas figuras e mapas que são utilizados como com-plemento do conteúdo proposto no capítulo, cuja função didática ajuda na sua assimila-ção e compreensão.

A autora inicia a sua obra perpassando pela história da África, sempre se preocu-pando em enfatizar a diversidade entre os povos existentes no continente, demonstrando que a África era um espaço onde cada etnia possuía sua organização social, cultural, econômica e política. Destaca, ainda, os aspectos geográficos enfatizando a importância dos rios para a formação destas sociedades. (SOUZA, 2007, p.11-30)

A obra salienta como era dividida a sociedade africana da mais simples socieda-de à mais complexa, descrevendo as características de alguns reinos presentes no conti-nente africano. Descreve, ainda, a importância que tinham os chefes nas sociedades den-tro da família, aldeias, confederações de aldeias ou até de reinos. (SOUZA, 2007, p.31-46)

Segundo a autora, outro fator que demonstra ser preponderantemente referente às sociedades africanas é a sua ligação com o sobrenatural, tendo no continente os mais diversos tipos de ritos religiosos. Mais adiante nos é apresentado a relação da escravidão no continente africano a partir do contato com outros povos. Em especial, o europeu, como esses criaram um elo de relação com os chefes nativos e estruturaram um comercio escravista através das águas do Atlântico. (SOUZA, 2007, p.47-76)

A autora descreve como era a relação com os chefes, como os escravos eram cap-turados, comercializados no continente e por fim como eram transportados e integrados na nova sociedade para onde foi levado. Marina de Mello e Souza assim define a escra-vidão:

(...) [uma] situação na qual a pessoa não pode transitar livremente nem pode escolher o que vai fazer, tendo, pelo contrário, de fazer o que manda seu se-nhor; situação na qual a pessoa pode ser castigada fisicamente e vendida caso seu senhor assim ache necessário; situação na qual o escravo não é vis-to como membro completo da sociedade em que vive, mas como ser inferior e sem direitos (...)” (SOUZA, 2007. p.47 grifos nossos)

Na sequência do livro, será exposto de forma rigorosa quais foram as principais regiões fornecedoras de mão de obra escrava para o Brasil e por fim como eles se aco-modaram neste Novo Mundo.

No capítulo final a autora salienta o relacionamento do cativo com seus senhores e também com seus companheiros de cativeiro. A necessidade de aprender uma nova língua, novos costumes, demonstrando também as várias formas de resistências promo-vidas