Serviço Social

6.1 A perspectiva da Reatualização do Conservadorismo do Serviço Social (Década de 1970)

Outra vertente renovadora do Serviço Social que se impõe é a que se pode aqui chamar de reatualização do conservadorismo. Esse nome se dá porque essa perspectiva não apresenta algo de muito novo como forma de atualização. O que ela promove é um novo olhar sobre aspectos já conhecidos da organização do Serviço Social no Brasil.

Esta discussão surge no contexto dos Seminários de Sumaré (1978) e do Alto da Boa Vista (1984), procurando destacar novas teorizações sobre um resgate do trabalho do assistente social. Netto (2010) afirma que acontece um deslocamento do pensamento antes positivista e neopositivista para uma abordagem fenomenológica, “[...] ao ‘pensamento causal’ quer substituir-se ‘um pensamento não causal, o fenomenológico, cujo quadro de referência não é a explicação, mas a compreensão’” (CARVALHO apud NETTO, 2010, p. 205).

Citada pela primeira vez em uma tese de livre-docência como “a nova proposta” (Anna Augusta de Almeida, 1978), remonta a teóricos que discutem essa perspectiva e se negam a apoiar-se em teorias positivistas ou marxistas, buscando por isso uma roupagem fenomenológica para a compreensão do Serviço Social em sua vertente renovadora.

A tomada da fenomenologia como suporte para pensar a prática e a teorização do Serviço Social torna-se um fato novo e que realmente oferece esta “reatualização” de aspectos “conservadores” da profi ssão. O processo de retomada de alguns aspectos da ética cristã e do pensamento católico voltam à tona no trabalho de assistente social, demonstrando uma volta a alguns aspectos que foram revisitados, em uma ótica fenomenológica.

Antes desse momento, a fenomenologia era desconhecida no meio profissional do Serviço Social. Foi notado um trabalho peculiar dos teóricos desta perspectiva, que, além de um desenvolvimento tardio no Brasil, apresenta também três

características que a diferenciam:

• A ausência de autores essenciais nas discussões fenomenológicas.

• A falta de referências às problemáticas trabalhadas usualmente pelos trabalhos caracteristicamente fenomenológicos.

• Um processo de simplifi cação do estudo com base fenomenológica, principalmente ao deixar de lado o trabalho com determinadas categorias essenciais na visão de Husserl (principal autor da fenomenologia).