Trabalho Violência Contra As Mulheres No Paraná: Uma Análise Sob A Perspectiva Das Relações De Gênero.
Por: larinea7 • 3/3/2023 • Trabalho acadêmico • 3.551 Palavras (15 Páginas) • 72 Visualizações
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Violência contra as mulheres no Paraná: uma análise sob a perspectiva das relações de gênero.
VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NOS MUNICÍPIOS QUE COMPÕE A AMCESPAR: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS DADOS DA SEGURANÇA PÚBLICA REFENTE AO ANO DE 2022.
Alexandra Lourenço (a)1 Larinéa Cordeiro de Ramos2
Palavras-chave: violência contra a mulher, desigualdade de gênero, patriarcado, feminilidade, masculinidade.
Objetivos e fontes:
A questão da violência contra a mulher, analisada pela perspectiva de gênero, é um fenômeno importante a ser trabalhado, podendo essa, assumir diversas formas, como: física, psicológica, moral, sexual, patrimonial, etc. Tendo por objetivo desenvolver uma análise do fato “violência contra as mulheres” no Paraná, focando nos municípios que compõe a amcespar, fazendo uma discussão sobre a construção de masculinidades e feminilidades e sua possível relação com a violência contra as mulheres, a pesquisa terá como um dos embasamentos a autora francesa Simone de Beauvoir, com sua principal obra “O segundo sexo”, obra a qual, de forma biológica, histórica e psicológica faz uma análise sobre a mulher na sociedade, trazendo uma importante discussão sobre questões de gênero. Também será feita uma análise bibliográfica focando no histórico da violência, buscando entender as motivações para tais ocorridos.
Introdução:
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1 Titulação, Instituição, e-mail.
2 Titulação, Instituição, e-mail.
A violência contra as mulheres pode ser observada de diferentes formas em nossa sociedade, sendo: violência física, violência psicológica, violência sexual, violência patrimonial e violência moral. Onde, de acordo com a constituição federal:
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
- - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
- - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018)
- - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
- - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
- - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
De acordo com o atlas da violência de 2021, no ano de 2019, 3.737 mulheres foram assassinadas no Brasil, dando uma média de 10 à 11 mulheres por dia. De acordo com o gráfico abaixo, do Atlas de violência, em 2019 o Paraná ocupava a 20º colocação:
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Faz se então necessária uma análise histórica, para entendimento dos motivos pelos quais existem tais violências. Considerando que, muitas vezes a questão da violência na sociedade é “justificada” pela imposição da masculinidade e feminilidade, como escreve Simone Bourdieu “não se nasce mulher, torna-se mulher”(livro: o segundo sexo), afirmando que o ser humano não nasce com uma identidade definida, mas se molda conforme vai formando-se, trazendo a mulher uma imagem mais delicada e frágil e ao homem certa agressividade e autoritarismo, ocasionando dominação pelo corpo da mulher. Bourdieu (2003 p. 26) fala que, “a violência é fruto da exposição prolongada e precoce as estruturas de dominação”, reforçando assim, o que já dito anteriormente.
A questão analisada é difícil de ser superada, pois já esta enraizada na sociedade, onde são conhecidas frases populares como “em briga de marido e mulher não se mete a
colher”, colocando assim, esses casos como um problema de esfera privada e não publica. A feminista Carol Hanish, em uma famosa frase, que diz “o pessoal também é político”, vem justamente de encontro para quebrar esse paradigma, mostrando em sua fala que o problema doméstico, quando é frequente e amplo, torna-se um problema social e não individual.
Muitas das vezes, é difícil para a mulher libertar-se de tal violência, considerando que, por já estar implantado socialmente que o homem seria o provedor do lar, a mulher torna-se dependente financeiramente de seu parceiro, reforçando ainda mais essa ideia de posse para com o feminino. Umas das formas de justificar o homem como provedor do lar, usada por sociedades mais conservadoras e religiosas, é um dos livros mais antigos e importantes do catolicismo, a bíblia sagrada, que analisando como fonte histórica nos trás ideias como “..., e o homem a cabeça da mulher...” (1 corintios 11:3) e “cuida dos teus negócios lá fora, apronta a lavoura no campo e, depois, edifica a tua casa” (provérbios 24:27), interpretada muitas vezes de forma errônea, trazendo o “passado ao presente”.
O patriarcalismo na sociedade também pode ser visto como consequência da violência de gênero, onde de acordo com a autora Sylvia Walby, em seu livro “theorizing Patriarchy”, o sistema exclui a mulher da vida pública subjugando sua existência apenas para questões do lar, onde são controladas pela figura masculina. Muitas das vezes, mulheres vítimas da violência tem um elo familiar com seu agressor, o qual pode ser o marido, pai irmão, tio, fazendo com que essa violência seja mascarada pela questão emocional, que também pode gerar dependência.
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