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Tróia (filme)

Por:   •  29/3/2016  •  Artigo  •  3.895 Palavras (16 Páginas)  •  867 Visualizações

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O MITO-ENTRETENIMENTO: breve discussão sobre as distorções entre o filme "Tróia" (2004) e as obras épicas "Ilíada" e "Odisséia" de Homero

                                         

Jordham Moraes Barbosa[1]

RESUMO:

 O presente artigo objetiva expor e analisar distorções entre o filme "Tróia" (Troy, 2004) de Wolfgang Petersen e as obras clássicas "Ilíada" e “Odisséia” de Homero, que foi tomada como base para o roteiro do longa-metragem citado. A trama do filme modifica e exclui pontos acerca do conflito mitológico ocorrido em Ílion - também conhecida como Tróia. Supostamente localizada onde hoje é a Turquia - metodologicamente, o artigo constituiu-se da análise do filme a partir da revisão bibliográfica de Thomas Bulfinch (2002), Franchini (2007) e Paulo Sérgio Vasconcellos (1998), dentre outros, que discutem as obras homéricas.

Palavras chave: Mitologia. Tróia. Ilíada. Distorção

ABSTRACT
            This article aims to expose and analyze distortions between the movie "Troy" (Troy, 2004) Wolfgang Petersen's classic works and the "Iliad" and "Odyssey" of Homer, which was taken as the basis for the screenplay for the feature film named. The plot of the film modifies and deletes points about the mythological conflict occurred in Ilion - also known as Troy supposedly located in what is now Turkey - methodologically, contituiu the article is an analysis of the film from the literature review of Thomas Bulfinch (2002 ), Franchini (2007) and Paulo Sérgio Vasconcellos (1998), among others, argue that the Homeric works.
Key words: Mythology. Troy. Iliad. Distortion

1.INTRODUÇÃO

Este artigo visa apresentar e analisar algumas das diferenças entre a obra cinematográfica "Tróia" (Troy, 2004) de Wolfgang Petersen e a obra épica "Ilíada" de Homero, que é tomada como base para o roteiro do filme. A adaptação Hollywoodiana conta que por volta de 1193 a.C. Menelau, rei de Esparta (Grécia), oferece um banquete para celebrar uma possível aliança com seu inimigo, Tróia. Convida o príncipe Heitor, de Tróia, para firmarem o acordo. Helena, rainha de Esparta e uma mulher muito bonita, apaixona-se por Paris, o irmão mais novo de Heitor. Páris e Helena fogem para Tróia, deixando o rei Menelau furioso. O mesmo procura seu irmão Agamêmnon, líder de vários exércitos de gregos, para pedir auxílio na busca por Helena. Com a desculpa que seria pela honra de sua família, Agamêmnon convoca todos os exércitos da Grécia para trazer Helena de volta. Na verdade, ele busca poder e supremacia, aproveita a ocasião para acumular forças para atacar um de seus últimos inimigos, Tróia. Por sua vez, esta contava com incríveis muralhas nunca antes ultrapassadas por inimigos. O combate estava armado. Aquiles, rebelde guerreiro talentoso e muito forte, junta-se a Agamêmnon para atacar alcançar a maior das glórias. Lutar naquela que seria aclamada como a maior guerra de todas. Entretanto, o filme propositalmente "esquece" e "distorce" algumas informações célebres da mitologia grega. Qual a explicação para tal feito? Uma resposta aceitável seria a necessidade de adaptar uma história "longa" para 163 minutos do longa metragem. Os capítulos a seguir indicarão algumas dessas diferenças.

2. ANTES DA GUERRA

O filme pouco fala da história dos personagens antes do conflito clássico. Com isso nega ao público informações importantes para o entendimento da trama. As origens do romance entre París e Helena são muito anteriores ao encontro em Esparta. O romance foi decidido após uma disputa entre deusas.

Minerva era a deusa da sabedoria mas, certa vez, cometeu uma tolice: disputou um concurso de beleza com Juno e Vênus. O fato se passou da seguinte maneira: todos os deuses foram convidados para o casamento de Peleu e Tétis, com exceção de Eris, ou Discórdia. Furiosa com sua exclusão, a deusa atirou entre os convivas um pomo de ouro com a inscrição "A mais bela". Juno, Vênus e Minerva reclamaram a maçã ao mesmo tempo. Júpiter, não querendo decidir assunto tão delicado, mandou as deusas ao Monte Ida, onde o belo pastor Paris apascentava seus rebanhos, e a ele foi confiada a decisão. As deusas compareceram então diante dele. Juno prometeu-lhe poder e riqueza, Minerva, glória e fama na guerra e Vênus, a mais bela das mulheres para esposa, cada uma delas procurando influenciar a decisão a seu favor. Paris decidiu favoravelmente a Vênus e entregou-lhe o pomo de ouro, tornando, assim, suas inimigas as outras duas deusas. (Bulfinch, 2002:255)

París, príncipe de Tróia ainda não reconhecido por seus pais que o abandonaram, foi destinado a se apaixonar pela mais bela de todas as mulheres: Helena.

O rei de Tróia era Príamo, e Paris, o pastor que seduzira Helena, seu filho. Paris fora criado na obscuridade, porque havia certos augúrios funestos a seu respeito, desde a infância, segundo os quais ele seria a causa da ruína do estado. Essas profecias pareciam afinal prestes a se realizar, pois o armamento grego ora em preparativo era o maior de que se tinha notícia até então. Agamênon, rei de Miscenas e irmão do injuriado Menelau, foi escolhido para comandante-chefe. Aquiles era o mais ilustre guerreiro. Depois dele vinham: Ajax, de estatura gigantesca e grande coragem, mas pouco inteligente; Diomedes, superado apenas por Aquiles em suas qualidades de herói; Ulisses, famoso por sua sagacidade, e Nestor, o mais velho dos chefes gregos e procurado por todos como conselheiro. (Bulfinch, 2002:257-258)

Por que París carregava a sina de ser o responsável pela ruína do seu país?

Um dia, Hécuba, a esposa do rei de Tróia, teve um sonho pavoroso; ela, que estava grávida e em breve daria à luz, acordou de repente no meio da noite. Logo contou a seu marido Príamo o pesadelo: sonhara que o filho esperado finalmente parecia querer sair de seu ventre, mas, ao invés de uma criança, paria uma tocha. O mais inquietante era que o fogo acabava por se espalhar pela cidade inteira, consumindo tudo. O rei tentou em vão acalmá-la e minimizar aqueles terríveis presságios; por fim, para não restar dúvidas, dirigiu-se a um de seus filhos, que sabia como ninguém a arte de interpretar os sonhos. A resposta que os pais receberam foi uma horrível notícia e um conselho tétrico:

— Vai nascer uma criança que causará a ruína de Tróia! Matem-na assim que nascer!

Pode-se imaginar como o prognóstico destruiu a tranqüilidade de Príamo e de Hécuba. A criança finalmente nasceu, Páris, um belo menino, robusto e de traços encantadores. (VASCONCELLOS, 1998:39)

Quem era Aquiles, apresentado como destemido e maior dos guerreiros gregos?

Tendo sido conquistado à participação na empresa, Ulisses tratou de prestar ajuda para convencer outros chefes relutantes, especialmente Aquiles. Este herói era filho de Tétis, em cujo casamento o pomo da discórdia fora atirado entre as deusas. Tétis era ela própria uma das imortais, uma ninfa do mar, e sabia que seu filho estava destinado a morrer diante de Tróia se participasse da expedição, pelo que tratou de evitar que ele fosse. Mandou-o, então, para a corte do rei Licomedes e convenceu-o a esconder-se entre as filhas do rei, disfarçado de mulher. Sabendo que ele ali se encontrava, Ulisses, disfarçado de mercador, foi ao palácio, oferecendo à venda ornamentos femininos, entre os quais colocou algumas armas. Enquanto as filhas do rei se deleitavam com os outros artigos apresentados pelo mercador, Aquiles manejava as armas e se traiu, assim, aos olhos atilados de Ulisses, que não teve grande dificuldade em persuadi-lo a desrespeitar os prudentes conselhos maternos e juntar-se a seus patrícios na guerra. (Bulfinch, 2002:256-257)

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