Violência de Gênero e Interseccionalidades na Mídia: Mulher Negra
Por: G.Apolinario • 13/6/2018 • Abstract • 928 Palavras (4 Páginas) • 240 Visualizações
Roda de Conversa “Compartilhando experiências: educação e relações étnico-raciais”
Violência de Gênero e Interseccionalidades na Mídia: Mulher Negra
Gleyce Apolinario dos Santos
Apresentação
A experiência origina-se de um convite para compor uma mesa sobre Mídia e Violência de Gênero promovida pelo NEPP-DH (Núcleo de Estudos e Políticas Públicas em Direitos Humanos) da UFRJ, ocorrida no dia 23 de agosto de 2017, no campus da Praia Vermelha. A mesa fazia parte do IV Curso de Extensão Mídia, Violência e Direitos Humanos, e foi aberto à comunidade, preferencialmente moradores de favelas e regiões periféricas. Minha contribuição dentro desse espaço foi contemplar especialmente a questão da violência contra a mulher negra e da representatividade da mesma na mídia, com o tema “Violência de Gênero e Interseccionalidades na Mídia: Mulher Negra”.
Objetivos
Acesso a informação. Abertura de diálogo sobre as questões étnico-raciais que ainda permeiam a nossa Nação e a afeta em todos os setores da sociedade, nesse caso, especificamente Mulheres Negras. Suscitar provocações sobre a origem, os desdobramentos que a levam aos piores indicadores sócio-econômicos e do porquê do currículo de ensino atual ainda não contemplar África e Diáspora. Mobilizar esta interlocução, estimular o pensamento crítico, e fazer a devida conscientização sobre o tema. Permitir ao sujeito branco reflexão sobre o tema.
Metodologia
Foram trabalhadas questões como eurocentrismo, pirâmide social, supremacia racial, racismo, comunicação e ideologia. Após essa breve abordagem, foi utilizada uma apresentação em power point, mostrando dados da Clacso, Geledés, IBGE, Criola Gemaa e Ipea sobre situação de pobreza, escolaridade, espaços de poder, os índices de morte por agressão, o luto de mães negras por seus filhos, os índices de mortalidade materna das afro-brasileiras, os índices de homicídio de mulheres negras lgbt e sua falta de visibilidade na mídia. Para entender essas questões,foi utilizado o referencial teórico desenvolvido pela Filósofa, Ativista e Professora Angela Davis retirada de sua obra Mulheres, Raça e Classe, e ganhou o nome Interseccionalidade.
Desenvolvimento
As mulheres afro-brasileiras são 55,6 milhões, são matriarcas de 41,1% das famílias negras ganham 58,2% da renda das mulheres brancas, de acordo com o Retrato de Desigualdades. A cada três presas, duas são negras totalizando 37, 8 mil detentas – um aumento de 545%, entre 2000 e 2015, de acordo o Infopen Mulher. E entre 2003 a 2013, cresceu em 54% o assassinato de mulheres negras, contrapondo uma redução em 10% de assassinatos de mulheres brancas. As negras são apenas 0,4% das executivas – apenas duas num total de 548 executivos e executivas. De acordo com o IBGE, 54% da população brasileira é negra. No entanto apenas 10% dos personagens em novelas de maior alcance (Rede Globo) são interpretados por atores negros. Entre 1994 e 2014, apenas 4% das protagonistas foram interpretadas por mulheres não-brancas , sendo que apenas três atrizes se revezaram para interpretar essas personagens. Quando não protagonistas, os personagens interpretados por negros são quase sempre retratados em situações de inferioridade social, intelectual e cultural: empregadas domésticas, escravos, ex-escravos, prostitutas. A primeira protagonista negra de Malhação era faxineira. O currículo atual não leva em conta o saber de África e Diáspora e se mantém com um discurso histórico que, em conjunto com a Mídia, modela a consciência da sociedade, perpetuando preconceitos, racismos, narrativas vazias e um esvaziamento do saber crítico sobre gênero, suas intersecções com classe, raça e sexualidades, que atingem a mulher negras em todas as avenidas em que as opressões se cruzam.
Resultados Esperados/Conclusões
O público ficou surpreso com os dados apresentados sobre a situação da mulher negra e demonstraram assimilação dos conceitos apresentados. Em algumas das fotos expositivas sobre mulheres negras sendo retratadas somente como empregadas domésticas ou escravas na mídia, alguns se manifestaram em relação a observar essa repetição nas telenovelas. E no momento de perguntas, a platéia foi ativa com questionamentos e falas complementares. Ao final, alguns dos ouvintes, demonstraram de forma afetuosa, através de abraços e agradecimentos por abordar o tema e se sentirem contemplados.
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