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A Consciência Fonológica

Por:   •  24/4/2022  •  Resenha  •  1.014 Palavras (5 Páginas)  •  205 Visualizações

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MORAIS, A. G. Consciência Fonológica na Educação Infantil e no Ciclo de Alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica, 2019, p. 24 - 60.

(Resumo do Capítulo 1)                                                         Anne Suelen de Melo Luna

No capítulo intitulado “O que é a Consciência Fonológica? Qual seu papel no aprendizado da escrita alfabética?”, o autor Artur Gomes de Morais discute o conceito de consciência fonológica, doravante CF, no âmbito didático-pedagógico. Para tal, o autor analisa concepções de diversos estudiosos que buscam explicações para a importância desse conceito na construção da notação e escrita alfabética.

A fim de traçar um breve histórico do advento do conceito da CF, tanto no Brasil quanto no exterior, e incluí-la nas demais habilidades metalinguísticas, Morais detalha ocasiões em que uma criança demonstra fazer, espontaneamente, reflexões sobre o uso da língua.

Para, de fato, iniciar os estudos acerca do tema, foram apresentadas cenas de uma criança que reflete, esporadicamente, dos dois anos e cinco meses aos cinco anos e meio, sobre as palavras e suas partes orais. O autor transcreve vários diálogos da criança em situações corriqueiras do seu dia a dia, quando estava na companhia da mãe, e, por vezes, do avô. Vale destacar que, segundo Morais (2019), “a escola que a criança frequentava desde a idade de 1 ano e 4 meses não fazia tarefas de “treino de consciência fonológica” nem ensinava “famílias silábicas”, “vogais” ou “consoantes” na educação infantil.”

A respeito dessa análise, Morais faz algumas considerações:

Em primeiro lugar, que certas crianças têm uma curiosidade natural sobre as palavras da língua. [...]

Uma segunda lição que essas cenas nos trazem é que nossas crianças podem refletir cedo sobre as partes orais das palavras brincando com sílabas, com rimas e pensando sobre qual relação aqueles pedaços orais têm com as letras que usamos para escrever. [...]

A terceira lição ou evidência que esses dados sugerem é que, mesmo tendo desenvolvido tais habilidades, a criança em foco, até os 5 anos de idade, continuava sem compreender como as letras substituíam as partes orais das palavras que ela conseguia analisar. [...] Noutras palavras[...], a consciência fonológica não parece constituir condição suficiente (ou um remédio miraculoso) para uma criança dominar nosso sistema alfabético. (MORAIS, 2019, p. 28)

Contudo, o autor esclarece que construir algumas habilidades de CF é uma circunstância essencial para uma criança que não possui deficiência auditiva avançar, significativamente, em seu aprendizado da escrita alfabética. Porém, faz-se necessário, segundo Morais (2019), recuperar um pouco da história do conceito de CF, situá-la no conjunto das habilidades metalinguísticas e avançar em certas questões de definição.

Para isso, muitos trabalhos foram desenvolvidos, tanto pelo próprio Artur quanto por outros nomes, do Brasil e de outros países, que se dedicaram e ainda se dedicam a essa linha de pesquisa. Com o passar dos anos, os trabalhos sobre CF foram se multiplicando e se aprimorando, de modo que novas teorias e definições foram surgindo e se relacionando com o conceito inicial. Um exemplo disso foram os posicionamentos que entraram em disputa no início dos anos 1980:

  1. a CF seria um fator causal da alfabetização e, portanto, precisaria se desenvolver para que a acriança se apropriasse do sistema alfabético (cf. BRADLEY; BRYANT, 1983);
  2. a CF seria uma consequência da alfabetização, já que a instrução formal em leitura e escrita é que faria as habilidades metafonológicas aparecerem (MORAIS et al., 1979);
  3. a CF seria um fator facilitador da alfabetização, de modo que crianças que a tivessem desenvolvido avançariam mais rapidamente na aprendizagem do sistema alfabético, mas as demais poderiam desenvolvê-la a partir do ensino de alfabetização (YAVAS, 1989). (MORAIS, 2019, p. 37)

Depois de citar essas três posições explicativas acerca do conceito de CF, Morais assinala “possíveis ou reais problemas”, que surgem quando elas são aplicadas. A primeira barreira seria “uma relação causal da CF para a alfabetização”, ou seja, o acidente de atribuir grande ênfase à CF e recorrer a exercícios de treinamentos para as crianças, a fim de que elas possam construir o aprendizado alfabético.

Outro provável empecilho seria “a consciência fonológica como mera consequência da alfabetização”, acarretando duas implicações: negligenciar a construção das habilidades de CF, deixando os alunos viverem sozinhos a evolução em relação ao aprendizado do sistema alfabético e, mais uma vez, o enaltecimento da prática do treino das habilidades de CF, tratando a escrita como um simples código.

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